Parque das
Nações reduz espaço dedicado ao estacionamento e aumenta área de lazer
Samuel Alemão
Texto
28 Março, 2018
20 anos da EXPO98
À primeira vista,
poderá parecer estranho, tendo em conta a zona em questão. Afinal, e à primeira
vista, tenderá a maioria dos lisboetas a pensar, se existe uma freguesia da
cidade com espaço livre ela será, sem dúvida, a do Parque das Nações. Mas o
território onde há duas décadas se realizou a EXPO’98 deverá ganhar, a médio
prazo, novas zonas de estadia e de lazer, nascidas da conversão do uso do
espaço hoje ocupado por parques de estacionamento. A mudança será possível após
a aprovação das alterações aos planos de pormenor (PP) referentes aquela área
onde, em 1998, teve lugar a exposição internacional dedicada aos oceanos, as
quais deverão entrar agora num período de discussão pública. A intenção é que
aquela área da capital adopte critérios idênticos aos das restantes freguesias
no rácio de lugares de estacionamento disponíveis.
O processo de
alteração dos dois planos de pormenor – Zona Central, Plataforma Panorâmica da
Zona de Intervenção da EXPO’98 (PP1) e Zona do recinto da EXPO’98 (PP2) -,
agora em discussão, foi já desencadeado em Outubro de 2014, após um par de
deliberações nesse sentido da Câmara Municipal de Lisboa (CML). E fundamenta-se
na necessidade de “adoptar os parâmetros de dimensionamento do estacionamento
estabelecidos no Plano Director Municipal (PDM) em vigor”, revisto em 2012, e
também de reflectir os resultados da monitorização da sua execução, justificam
as duas propostas individuais de abertura de discussão pública, levadas a
reunião de executivo nesta quarta-feira (28 de Março). No fundo, trata-se de
adequar ambos os instrumentos de gestão do território – PP1 e PP2 – aqueles que
são os parâmetros definidos pelo actual PDM. E eles apontam para um excesso de
quase oito mil lugares de estacionamento na área.
Isso mesmo. O
melhor é explicar por partes. Do PDM de Lisboa revisto há seis anos, constavam
as seguintes prioridades estratégicas: mais famílias a residirem em Lisboa;
mais empresas e mais empregos; mais reabilitação e melhor aproveitamento do
edificado; melhor espaço público e mais áreas pedonais; integrar a frente de
rio na cidade; menos carros a circular, mais transportes públicos e suaves;
mais verde e mais eficiência energética. Dentro desses princípios, foi definido
que se deveria reduzir o espaço dado ao parqueamento automóvel. E os números
referentes aos lugares públicos disponíveis nas áreas em causa mostram que há
uma clara redundância na oferta. Na zona PP1, há 11.179 lugares, quando o PDM
define como limite 3.559 lugares (um excesso de 7.620), enquanto na zona PP2,
contam-se 2.378 lugares, quando o PDM aponta para 2.155 (um excesso de 223).
Mais zonas de
lazer e estadia, é o que promete a revisão dos Planos de Pormenor
Por isso,
defendem os documentos com os termos de referência que justificam as alterações
que agora se propõem, dever-se-á diminuir o número de lugares disponíveis.
“Essa redução do estacionamento, tanto à superfície como em silo, permite
libertar de forma imediata amplas zonas actualmente destinadas a esse fim, para
áreas de estadia e lazer, não impermeabilizando o solo, contribuindo para a
coerência e coesão do espaço público, não comprometendo no entanto a sua
reconversão, em causa de necessidade futura”, justifica-se nos referidos
documentos, que recordam o facto da última versão do PDM prever “a criação de
novas áreas de emprego na cidade de Lisboa, no sentido de promover a mistura de
usos e, consequentemente, diminuir a necessidade de soluções de transporte,
nomeadamente em veículo individual”.
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