Sobre este assunto visitar no OVOODOCORVO:
(...) "Mais palavras
para quê ... ?
Olhemos antes
para a escolha do Comité Municipal de Amsterdam, que em conjunto com as
associações cívicas e institucionais de defesa do Património (e da Imagem
Histórica da cidade), decidiu desenvolver este protótipo.
Reparem que o
modelo da Lanterna de coroa da segunda metade do Sec. XIX é reproduzido em três
variantes, mas aplica uma técnica (high-tech) de iluminação contemporânea com
reflector, que conjuga de forma muito eficaz e subtil, a reconstituição da
imagem histórica com a eficácia da Iluminação, mas de forma muito sofisticada e
correcta para a zona dos canais e todo o Centro Histórico."
Iluminação
Pública … Faça-se Luz ! por António Sérgio Rosa de Carvalho.16/05/2011
ou ainda aqui no OVOODOCORVO:
(...) “A questão
da escala e da coerência das proporções é importante tal como a imagem em baixo
da cour Napoleon no Louvre, ilustra ... portanto ou a mesma escala nas laterais
... ou "palitos" ...
Mas há ainda
outra solução que exclui "palitos" ( que iluminam também as áreas das
esplanadas ) ... ou seja a solução alternativa de por exemplo da Praça Piazza
San Carlo em Turim ( ver em baixo ) , de lanternas a pontuar as aberturas das
arcadas.
Grave é a
situaçào do muro do Cais das Colunas. Além da alteração de cotas deste muro com
as conversadeiras / bancos e pedestais / ele é parte integrante do TODO do
Projecto original da Praça onde o Cais está incluindo como MONUMENTO NACIONAL /
faltam os candeiros ...
Aqui os velhos
candeeiros originais estão adequados à escala e proporção dos pedestais ...”
http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2013/10/sensibilidade-e-bom-senso-no-terreiro.html
Candeeiros
clássicos de Lisboa substituídos por novos? Há quem não goste disso
REPORTAGEM
Samuel Alemão
Texto
16 Março, 2018
Têm sido visíveis
as mudanças na iluminação pública da capital. Se a troca das velhas lâmpadas
pelas muito mais eficientes e económicas LED obedece a uma estratégia quase
consensual – embora alvo de críticas -, a substituição de candeeiros antigos
por modelos contemporâneos divide opiniões. Em vários bairros, como Madre Deus
ou Alvalade, ou em “zonas estruturantes”, como Campo Grande ou Terreiro do
Paço, têm sido retirados postes clássicos, com décadas de uso, para dar lugar a
candeeiros de desenho mais arrojado ou simplesmente “incaracterísticos”.
“Alguns não são dignos de áreas urbanas consolidadas”, critica o ex-vereador
António Prôa (PSD), lamentando a “falta de sensibilidade” da Câmara de Lisboa.
“Os candeeiros não são só para iluminar, também fazem parte da identidade da
cidade”, diz. Na Madre Deus, o assunto tem dado que falar. O presidente da
Junta de Freguesia do Beato reconhece que nem todos gostaram da mudança. Mas
diz que os tradicionais candeeiros serão recolocados na mata ao lado do bairro.
As alterações
iniciaram-se em Setembro, ainda durante a campanha eleitoral para as últimas
eleições autárquicas. “Reparámos que estavam a colocar candeeiros novos, ao
lado dos antigos. Pouco tempo depois, começaram a retirar estes. Fomos apanhados
de surpresa, mas percebemos logo do que se tratava”. Rui Lopes Mota, eleito do
PCP na Assembleia de Freguesia do Beato, recorda o momento em que algo mudou
nas pacatas ruas do Bairro da Madre Deus, uma ilha de inusual harmonia numa
zona da cidade pautada por desordenamento urbanístico. Tanto que os moradores
começaram a comentar o sucedido, e não pelos melhores motivos. “Fomos
contactados por pessoas do bairro a dizer que que deveríamos tomar uma
posição”, recorda o autarca, justificando a razão pela qual o seu partido
mencionou a questão na tomada de posse do novo executivo. Pouco tempo depois,
também os eleitos do CDS-PP na freguesia mostravam a sua preocupação.
Mas o processo de
substituição não será, afinal, um exclusivo do Beato. Na realidade, tem acontecido
em várias zonas da cidade, nos últimos anos. Não só em operações com incidência
sobre determinados bairros – como o da Madre Deus ou o dos Sargentos (Ajuda),
mas também nos chamados “eixos estruturantes” da capital, ou seja, nas suas
zonas principais, onde os candeeiros têm uma maior envergadura. Por regra, as
acções de permuta dos candeeiros tradicionais por novos, com um desenho
contemporâneo, são levadas a cabo pelo Departamento de Iluminação Pública (DIP)
da Câmara Municipal de Lisboa (CML) com a justificação da necessidade de se
proceder à modernização do sistema. A autarquia tem, aliás, levado a cabo um
longo processo de substituição de sistemática das tradicionais lâmpadas pelas
de tecnologia LED, de maior eficácia na iluminação e no consumo. Prevê-se que,
até 2021, metade dos candeeiros de Lisboa tenham lâmpadas destas. Este ano,
serão colocadas em 5500 candeeiros.
A mesma lógica de
contestação, mas a uma escala mais localizada, acontece em sítio como o Bairro
da Madre Deus. “O bairro tem características particulares. Não é igual fazer
isto num bairro de prédios ou num de moradias. Os que estão a ser colocados não
têm nada a ver, nem em termos de aspecto, nem de altura”, critica Rui Lopes
Mota, salientando estar de acordo com a troca das antigas lâmpadas pelas LED. O
que está em causa é apenas a retirada dos típicos candeeiros dos anos 1940 e a
colocação de outros de desenho actual. “Os novos subvertem a lógica
arquitectónica, dão cabo do arranjo do bairro. Por algum motivo, achamos que os
candeeiros tradicionais identificam a cidade, têm o nosso cunho. Enquanto que
estes que ali estão a instalar não identificam cidade nenhuma do mundo, pela
simples razão de que são todos iguais”, afirma.
O eleito
comunista na freguesia considera que, “a partir de certa altura, esta troca
passou a ser um facto consumado”. Incomodados com tal cenário, os eleitos da
CDU mencionaram a questão na sessão de tomada de posse do novo executivo
socialista da junta, a 17 de Outubro, criticando obras que “fogem completamente
à lógica de enquadramento paisagístico e arquitectónico, para além de
diminuírem a qualidade do serviço”. Dois meses depois, a 20 de Dezembro, numa
assembleia de freguesia em que prestava informações sobre a actividade do
último trimestre, o executivo informava que tinha reunido com o DIP da Câmara
de Lisboa, para tratar do reforço da iluminação em várias zonas do Beato e “dar
continuidade à empreitada de remodelação da iluminação pública no Bairro da
Madre Deus”, que deverá estar terminada este ano.
Nessa mesma
assembleia, os eleitos do CDS-PP conseguiram fazer aprovar uma recomendação em
que, além de se pedir à Junta do Beato uma “solução adequada” para a iluminação
da Rua Dom José de Bragança, se solicita a “reutilização dos candeeiros antigos
(substituídos), na nossa freguesia”. Os centristas criticam não apenas a opção
pela utilização de LED branco – em relação ao qual, dizem, existirão diversos
estudos que o qualificam como “potencialmente prejudicial à saúde humana,
devido à componente azul muito pronunciada no seu espectro” -, mas também a
retirada dos corpos dos candeeiros antigos.
“Embora a maioria
das pessoas que habitam esta zona da Freguesia não concordem com esta
substituição, quer devido à ‘falta de estética’ dos novos candeeiros, quer,
inclusivamente, no que respeita à própria iluminação, esta tem-se vindo a
realizar, colocando os novos candeeiros praticamente no meio dos passeios, nas
ruas interiores do bairro (onde os passeios são mais estreitos), inviabilizando
desta forma a passagem de cadeiras de rodas, ou de carrinhos de bebé”, lê-se na
recomendação do CDS-PP aprovada na última assembleia de freguesia do ano
passado.
Contactado por O
Corvo, o presidente da Junta de Freguesia do Beato, Silvino Correia (PS),
admite que “tem havido algumas pessoas preocupadas com o destino dos candeeiros
que têm vindo a ser retirados”. Mas garante não existirem razões para
preocupação. “Tivemos o compromisso da parte do DIP de que iriam ser
recuperados e reinstalados na zona da Mata da Madre Deus”, explica o autarca,
assumindo que a opção pela substituição dos clássicos candeeiros por outros de
traço contemporâneo pode não ser consensual.
“A nossa maior preocupação era que se
melhorasse a iluminação, tendo em conta a segurança das pessoas. Reconheço que
o modelo de candeeiro que ali tem vindo a ser instalado não muito a ver com a
traça do bairro. Há pessoas que gostam e outras que não gostam. O que interessa
é que a iluminação do espaço público melhorou”, diz, esclarecendo ser esta uma
matéria que começou ser trabalhada pela junta e pela CML ainda antes de 2013 – ou
seja, num momento anterior à reforma administrativa da cidade e ao processo de
descentralização de competências. Questionado sobre o número de candeeiros
novos colocados no Bairro da Madre Deus, desde então, apontou para “centenas”.
Certo é que, como
já se viu, a reposição de forma mais ou menos sistemática de candeeiros de
iluminação da via pública com décadas de uso por novos, de configuração
contemporânea, começou há já alguns anos. Um pouco por toda a cidade. “Em
muitos locais, os que existiam há muito têm sido substituídos por coisas
absolutamente incaracterísticas. Ao ponto de alguma das intervenções terem
desvalorizado o espaço público. E isso é inaceitável”, critica António Prôa,
deputado municipal do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) e vereador
durante mais de uma década, até Outubro passado. “Estamos a falar de um meio
urbano que tem história. Quando se intervém no espaço público consolidado, como
é o caso da maior parte de Lisboa, há que ter cuidado. E o que estamos a
assistir é a uma enorme falta de sensibilidade”, acusa.
O eleito
social-democrata considera mesmo que não existe um pensamento estratégico ou um
planeamento nesta matéria por parte da Câmara Municipal de Lisboa. Pior que
isso, diz, a autarquia estará a cometer um grave erro ao olhar para estas peças
apenas pela sua função e não pela sua integração como elemento de um contínuo
urbano. “Está-se a olhar para os candeeiros da cidade como se fossem apenas
peças de iluminação, quando não o são. Durante a noite cumprem essa função, é
certo, mas durante o dia são mais que isso, são elementos que fazem parte da
paisagem do todo urbano, o qual tem uma coerência e deve ser respeitado. São
parte da identidade da cidade, não há dúvida”, afirma Prôa, dando exemplos
recentes de trocas de equipamento que considera infelizes em áreas como as
Avenidas Novas ou Alvalade. “Colocaram ali peças que não são dignas de uma área
urbana, mais parecendo de uma zona pouco qualificada”, lastima, referindo-se
aos grandes postes de tom metalizado, também colocados, no ano passado, nas
laterais do Jardim do Campo Grande – onde, durante muito tempo, pontificava um
clássico modelo de grandes dimensões em aço e pintado de verde escuro.
António Prôa
desempenhou funções de vereador com o pelouro do espaço público, entre 2005 e
2007. E acha que, no que se refere a estas questões, “em Lisboa o cuidado tem
de ser outro” e o grau de exigência maior. Afinal, é a identidade da capital
que está em causa, reforça. O oposto, no entanto, do que estará a acontecer,
sugere. “Lisboa tem sido alvo de uma grande operação de reabilitação do espaço
público e acho muito bem, concordo em pleno. Mas, neste campo, isso tem dado
azo a dois tipos de situações erradas”, diz o membro da AML. Se, por um lado,
refere, se verifica a substituição de candeeiros tradicionais por uns
desenhados por arquitectos responsáveis pelos espaços – “onde pontifica um
défice de eficiência em relação a preocupações estéticas, optando-se por
rupturas, por vezes, exageradas” -, noutros casos, nota, “há intervenções em
que se substituem candeeiros clássicos por peças que não têm valor”. Exemplo
disso, aponta, é a retirada sistemática do modelo “Cavan”, feito de marmorite.
“Faz parte da identidade de muitas zonas”, garante.
No final do
mandato como vereador da oposição, a 26 de Julho de 2017, António Prôa
apresentou uma recomendação, aprovada por unanimidade, em que se pede à CML o
estudo da criação de um “percurso cultural ilustrativo da evolução do
mobiliário urbano e o seu espólio como forma de preservar a memória e a
história da evolução do espaço público de Lisboa”. E pedia-se também a criação
de um “núcleo museológico” no âmbito do Museu da Cidade, reunindo o espólio de
“mobiliário e elementos urbanos” da capital portuguesa. Depois de ver aprovada
pela vereação tal recomendação, corporizando uma preocupação que assume ter “há
muitos anos”, Prôa promete, em breve, trazer de volta o assunto ao órgão onde
agora desempenha funções, a Assembleia Municipal de Lisboa. O referido núcleo
museológico, explica, deverá incluir materiais tão diversos como marcos do
correio, sinalética de trânsito, bancos de jardim ou papeleiras. A inclusão de
candeeiros, se bem que compreensível, seria “mau sinal”, diz, porque
significaria que estar-se-ia a reconhecer a sua obsolescência.
O Corvo
questionou, a 15 de Janeiro, a Câmara Municipal de Lisboa (CML), sobre a
política de substituição de candeeiros no espaço público. As perguntas
endereçadas à CML foram as seguintes: “Qual o critério utilizado para a substituição
desses ‘candeeiros clássicos’? É mesmo necessário proceder à substituição de
candeeiros com décadas de utilização? Não seria possível colocar novas
luminárias LED, mantendo as peças existentes, adaptando-as para o efeito?
Quantos desses candeeiros já foram substituídos, e quantos o serão no futuro
próximo? Qual o destino a dar a tais peças “clássicas” de mobiliário urbano?”.
Até ao momento da publicação deste artigo, não foi recebida resposta às
referidas questões.
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