Aga Khan encerra
comemorações dos 60 anos à frente dos ismaelitas
O príncipe Aga
Khan está a celebrar os seus 60 anos à frente da comunidade Ismaili
21 DE MARÇO DE
2018
Lina Santos
Cerca de 40 mil
pessoas são esperadas entre 5 e 11 de julho para o encerramento do jubileu de
diamante do príncipe
O encerramento
das comemorações do Jubileu de Diamante do príncipe Aga Khan vai decorrer em
Lisboa, entre 5 e 11 de julho, anunciou hoje o líder dos muçulmanos Shia
Ismaili à comunidade.
Cerca de 40 mil
pessoas são esperadas na capital portuguesa, entre membros da comunidade
oriundos de vários pontos do globo e outros convidados, além do próprio
príncipe Aga Khan. O príncipe, 49.º líder espiritual dos muçulmanos Shia
Ismaili, assumiu funções em 1957, e é o fundador e presidente da Rede Aga Khan
para o Desenvolvimento de que faz parte a Fundação com o seu nome. As
comemorações do chamado Jubileu de Diamante incluem concertos e exposições ainda
em lugar a determinar, explicou porta-voz ao DN na sequência de um comunicado
divulgando a escolha.
Os 60 anos do
príncipe Aga Khan como imam da comunidade Ismaili são o ponto de partida de
vários programas internacionais que, ao longo de 2017, tem incluído mostras de
arte, concertos e a exposição multimédia Rays of Light: Glimpses into the
isamaili Imamat. Esta exposição, a partir 250 fotografias, vídeos e segmentos
de áudio que documentam momentos históricos do Imamat viaja pelo globo desde
2008 e, em ano de relançamento, passará por Lisboa em julho.
Ligado às artes,
o programa Jubilee Artes "oferece a oportunidade de artistas emergentes
Ismaili de todo o Mundo de mostrarem e desenvolverem ainda mais os seus
talentos, não só durante, mas também após o ano do jubileu de diamante",
segundo o comunicado. Pretende, acrescentam, "celebrar o vasto património
artístico e as tradições culturais da comunidade Ismaili". Estas propostas
foram "programadas em linha com a aspiração do atual imam de que o
espectro total da empresa artística seja cultivado, desenvolvido e promovido
nas múltiplas tradições do Ismaili Jamat", lê-se na página oficial do
Jubilee Arts.
Os concertos
incluídos neste programa, "não sendo necessariamente devotos na sua
natureza, são organizados para dar a conhecer uma variedade musical à
audiência, permitindo-lhe apreciar várias formas de música", segundo o
mesmo documento. Artistas convidados a atuar no âmbito do jubileu de diamante
passaram pelo Canadá nos primeiros dias de março e têm espetáculos agendados
para abril na capital do Bangladesh, Dhaka, e para as cidiades australianas de
Auckland, Sydney e Melbourne.
As celebrações
acontecem em Lisboa no ano em que o Imamat Ismaili inaugura em Lisboa a sua
sede, após a recuperação do Palacete Mendonça, um imóvel classificado, no topo
do Parque Eduardo VII, atualmente em obras.
Obras no
palacete de Aga Khan ainda não começaram e já causam preocupação
As sondagens que
têm sido feitas nos jardins e no interior de um imóvel classificado levam Fórum
Cidadania Lx a pedir a intervenção dos deputados.
JOÃO PEDRO PINCHA
17 de outubro de 2017
A Câmara
Municipal de Lisboa e a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) estão a
apreciar um projecto de reabilitação do palacete Henrique Mendonça, desenhado
no início do século passado por Miguel Ventura Terra, onde vai funcionar a sede
mundial da comunidade ismailita. As obras ainda não têm aprovação, mas estão já
a gerar inquietação entre activistas de defesa do património.
O Fórum Cidadania
Lx suspeita que o projecto traga “obras profundamente intrusivas” ao palacete,
vencedor de um Prémio Valmor em 1909 e classificado como “imóvel de interesse
público” desde 1982. Numa carta enviada na quinta-feira aos deputados da
Comissão de Cultura da Assembleia da República, os membros do fórum afirmam que
está prevista a “colocação de elevadores”, a “abertura de vãos” e “a construção
de um parque de estacionamento subterrâneo” por baixo do jardim enorme e
verdejante do palacete.
O fórum diz
ainda, na mesma carta, que já foram feitos “vários buracos no chão da cozinha e
em pelo menos uma das salas do palacete”, na sequência de “sondagens com vista
a apurar-se da resistência estrutural do edifício”. O projecto de reabilitação
ainda não teve luz verde, mas, tendo em conta estes trabalhos, “parece ter já
aprovação garantida”, criticam os membros do Cidadania Lx. Na carta pede-se,
por isso, que os deputados intervenham, pressionando a câmara e a DGPC.
A comunidade
ismailita, liderada mundialmente pelo príncipe Aga Khan, garante que não há
razões para alarme. “Como habitual em projectos desta natureza, realizaram-se
sondagens no interior e exterior do palacete para perceber melhor as
características do solo e as técnicas de construção”, esclarece um assessor de
imprensa da organização. Essas sondagens visam também “aperfeiçoar o projecto
de reabilitação”, que está a cargo do arquitecto Frederico Valsassina.
No início de
Agosto, na sequência de um primeiro alerta do fórum, técnicos da autarquia
deslocaram-se ao palacete para averiguar se estariam a ser feitas obras
ilegais. A fiscalização não detectou sinais disso e o vereador do Urbanismo,
Manuel Salgado, remeteu ao fórum a garantia de que apenas estavam a ser feitas
“sondagens geológicas (recolha de amostras do solo)”.
Foi o facto de as
sondagens terem passado do jardim para o interior do palacete fez disparar
novamente o alarme do fórum, que considera que aqueles trabalhos precisavam de
autorização expressa da câmara e da DGPC, uma vez que se trata de um imóvel
classificado. O PÚBLICO perguntou à autarquia em que fase está a apreciação do
projecto, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
O assessor de
imprensa da comunidade ismailita confirma que vai ser construído “um pequeno parque de estacionamento
subterrâneo”, mas “sempre em escrupuloso cumprimento da legislação” e
“respeitando todas as exigências técnicas”.
O palacete
Henrique Mendonça foi construído na Rua Marquês de Fronteira no início do
século XX. O projecto original é do arquitecto Miguel Ventura Terra,
responsável por inúmeros edifícios em Lisboa, Porto e Viana do Castelo, entre
outros locais. O imóvel, concluído em 1909, foi nos últimos anos ocupado por
serviços da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, que adaptaram
alguns espaços a salas de aulas e de trabalho. Os jardins da propriedade,
também classificados, eram até há poucos anos de acesso livre e tinham
esculturas provenientes da colecção Gulbenkian.
O Estado vendeu o
palacete à comunidade ismailita em Maio do ano passado por 12 milhões de euros.
A intenção do príncipe Aga Khan é instalar ali a sede mundial da organização,
que representa uma corrente discreta e poderosa da religião muçulmana. Em
Portugal, há cerca de oito mil fiéis e a Fundação Aga Khan desenvolve inúmeros
projectos sociais, culturais e educativos.
Sem comentários:
Enviar um comentário