Prédio afectado por explosão em
Alfama vai ter obras urgentes
O perigo de derrocada é tão grande
que a Câmara de Lisboa decidiu avançar já com os trabalhos. Ainda não há uma
explicação concreta para o sucedido e a autarquia quer esclarecimentos das
"autoridades competentes".
João Pedro Pincha
JOÃO PEDRO PINCHA 14 de agosto de 2017, 19:10
Não é certo que a fachada do prédio que explodiu no domingo
à tarde em Alfama se mantenha firme, pelo que a Câmara Municipal de Lisboa
decidiu promover obras imediatas nesse edifício e num outro, contíguo, que
também foi afectado pelo rebentamento. Os prédios têm vários proprietários
privados, mas a urgência dos trabalhos não se coaduna com a morosidade de
accionar todos os seguros e chegar a um acordo.
Foi isso que disse Carlos Castro, vereador da Protecção
Civil, que passou grande parte da manhã de segunda-feira no local a acompanhar
o trabalho dos bombeiros e dos técnicos da autarquia. O número 59A da Rua dos
Remédios “carece de uma intervenção célere”, afirmou, uma vez que a
estabilidade da fachada é periclitante. Já o número 65, separado daquele em que
se deu a explosão apenas por um beco estreito, ficou danificado no telhado. “Há
uma parte da parede que está em cima do edifício”, o que constitui “uma carga
significativa” que põe em causa a habitabilidade do prédio.
Carlos Castrou manifestou a intenção de “começar tão breve
quanto possível a intervenção neste edificado”, para que se possa “devolver a
normalidade à Rua dos Remédios”. O trânsito automóvel está cortado naquela
artéria de Alfama e assim continuará “o tempo que for necessário”, pelo
enquanto decorrerem os trabalhos. "Não iremos abrir a rua sem estar
garantida a segurança das pessoas", disse o vereador. No fim do processo,
a câmara tenciona falar com os proprietários das casas para lhes “apresentar a
factura” das obras.
Continua a não ser totalmente claro o que aconteceu. Os
moradores dos prédios afectados dizem que se sentiu um forte cheiro a gás
durante todo o dia de domingo. Um piquete da EDP encontrava-se no local a
reparar uma avaria na rede eléctrica da rua. Os residentes acreditam que foi a
conjugação entre electricidade e uma possível fuga de gás que originou a
situação.
O último andar do 59A, onde se encontrava uma unidade de
alojamento local para turistas, explodiu pouco antes das 19 horas. Quase de
seguida deu-se uma outra explosão, também forte, no primeiro andar. Houve ainda
um terceiro rebentamento, mas de menor intensidade. As explosões deram
imediatamente origem a um incêndio aparatoso, de grandes labaredas, visíveis
mesmo a partir da zona ribeirinha da cidade. Chamados logo nos primeiros
momentos depois do sucedido, os bombeiros conseguiram dominar as chamas antes
que elas se propagassem aos edifícios vizinhos, evitando assim consequências
mais graves. Durante a noite de domingo e a manhã de segunda-feira ainda se registaram
vários reacendimentos.
Para já, a câmara não avança com explicações. “Tem que ser
apurado o que aconteceu aqui, porque não podem acontecer situações destas”,
disse o vereador Carlos Castro. "Temos de facto essas constatações por
parte dos moradores de que havia cheiros de gás", acrescentou, "mas
temos que apurar o que efectivamente se passou". O vereador afirmou ainda
que é às “autoridades competentes” que competem essas averiguações.
As explosões provocaram ferimentos em cinco pessoas, três
das quais tiveram alta ainda na noite de domingo depois de terem sido
assistidas no Hospital de São José. Uma pessoa permanece internada nesta
unidade hospitalar lisboeta, enquanto a outra vítima foi transferida para
Coimbra.
O prédio do 59A ficou totalmente destruído do primeiro andar
para cima, o que obrigou os moradores e turistas ali instalados em fracções de
alojamento local a procurarem outros sítios para dormir. Segundo Carlos Castro,
ninguém pediu realojamento à câmara, mas a autarquia tem condições para o
fazer, caso seja necessário. Também os moradores do número 65 tiveram de
abandonar as suas casas no domingo à noite. Esta segunda-feira, foram recolher
alguns pertences, ainda sem saberem quando poderão voltar.
Sem comentários:
Enviar um comentário