(…) “O grupo cresceu muito e de uma forma desmesurada,
Balsemão estava muito à vontade, muito seguro de si, pensando que a sua posição
era inabalável. Porque tinha o suporte financeiro do BPI, e isso permitia uma
gestão menos cuidada e rigorosa. O investimento na aquisição de revistas, por
exemplo, à esquerda e à direita, foi feita para manter a ideia de dinâmica e
prestígio do grupo, mesmo quando se sabia que essas revistas não eram
rentáveis. Além disso, sem avaliar o impacto da tecnologia e do digital na comunicação
social. O grupo chegou tarde a essa realidade, Balsemão atrasou-se, com
consequências desastrosas.”
Balsemão deixa aos seus herdeiros uma
grande dor de cabeça
Ontem
Entrevista por: António Costa
Quem é Francisco Pinto Balsemão? É alguém que conseguiu ir
além da sua circunstância, afirma Joaquim Vieira, autor da biografia que está
agora nas bancas. Mas tem hoje "um grupo com pés de barro".
Joaquim Vieira é jornalista e foi diretor-adjunto do Expresso
durante quatro anos, de onde saiu por causa de uma notícia “que terá chocado
com os interesses do patrão”. O “patrão” era Francisco Pinto Balsemão e, por
causa deste episódio, o jornalista ponderou se deveria escrever uma biografia
“do patrão dos media que foi primeiro-ministro”. Escreveu mesmo, “sem a
concordância nem a discordância” de Balsemão. Em entrevista ao ECO, viaja pelo
livro que demorou mais de dois anos a fazer e que é publicado no 80º
aniversário de Balsemão.
Por que escreveu uma biografia de Francisco Pinto Balsemão?
Foi um convite da editora [a Planeta], não era um projeto
meu inicial, nunca me passou pela cabeça escrever uma biografia de Francisco
Pinto Balsemão, tanto mais que tinha sido funcionário dele durante 15 anos.
Após ter refletido um pouco, considerei que valia a pena escrever a biografia,
pela figura, e que seria capaz de escrevê-la com o distanciamento e a
equidistância necessárias e ultrapassar o facto de ter saído em conflito com o
Expresso.
Uma biografia que demorou mais de dois anos a concluir…
Demorou, porque tenho outros projetos pelo meio, senão teria
sido mais rápido, e a editora teria preferido (risos). Mas sai numa boa
ocasião, porque há o processo de reestruturação do ‘império Balsemão’, como se
diz, e porque faz agora [dia 1 de setembro] 80 anos.
Porque é que tantas pessoas recusaram falar sobre Francisco
Pinto Balsemão?
Algumas falam em ‘off-the-record’, mas sobretudo em relação
à sua vida privada, familiar, porque Balsemão teve, nesse âmbito, uma vida
complicada e, portanto, as pessoas não querem ser confrontadas com essas
questões. É um assunto incómodo, concretamente no seio da família, e eu percebo
que seja difícil lidar com esses temas. Quando se recusa a paternidade a um
filho, quando se leva o caso a tribunal, até ao Supremo [Tribunal de Justiça],
sendo sempre sucessivamente condenado e, quando se vê esse filho quando tem 16
ou 17 anos, é uma questão que não é fácil de enfrentar por parte dos
familiares. Compreendo que nem o próprio filho, nem a mãe, nem a primeira
mulher, nem a segunda mulher, nem os irmãos, ninguém tenha tido disponibilidade
para falar.
Mas na política também recebeu muitos ‘nãos’. Por exemplo,
Marcelo Rebelo de Sousa, que é uma das figuras sempre presentes nesta
biografia, também não falou. Porquê? Por causa do poder e da influência de
Balsemão?
Em alguns casos, sim. É uma pessoa com muita influência e
poder e muita gente não quer desafiá-lo ou dizer alguma coisa que seja
desagradável. Mas não me parece que seja esse o caso de Marcelo Rebelo de
Sousa. Sabemos que, a esse nível, é completamente imprevisível e nunca sabemos
o que pode fazer. Ele [Marcelo] tinha outro projeto na altura [em 2015], que
era a candidatura à Presidência da República. Descansei-o, porque lhe disse que
a biografia só seria publicada depois das presidenciais, mas mesmo assim creio
que lhe passou pela cabeça que poderia interferir na candidatura e disse-me que
preferia não ser protagonista… ele é protagonista, quer queira, quer não. Mas
usou a desculpa de que tinha encerrado o passado.
Quem é Francisco Pinto Balsemão?
Francisco Pinto Balsemão é alguém que conseguiu ir além da
sua circunstância e, nessa medida, é uma figura da história da sociedade
portuguesa no século XX. Foi contra aquilo que era previsível que fizesse.
Nascido no meio em que nasceu, com o conforto material e os rendimentos e a
garantia de uma certa vida assegurada com todo o luxo, Balsemão quis arriscar,
interveio fora da sua circunstância, tanto no plano dos media — a principal
marca que deixa –, como também do ponto de vista político. Não precisava de
desafiar o regime antes do 25 de abril, entrando em conflito com Marcello
Caetano, tanto mais que vinha de um meio conservador. Foi deputado da ala
liberal em 1969 e fundou o Expresso em 1973, são dois marcos na vida de
Balsemão. É alguém que arrisca e, nessa medida, é alguém que pode ser objeto de
grande admiração.
Balsemão saiu do jornalismo para entrar na política. Ficou
claro, para si, o que o moveu?
Esse é um grande mistério, porque é que evolui de uma
posição conservadora para uma posição liberal. O próprio deu uma justificação,
que não é muito convincente. Falava de Humberto Delgado, das pessoas que viu e
que contactou, mas o facto de ter sido, na prática, o diretor do Diário
Popular, que era um jornal da família, lhe abriu muito os horizontes. Deu-lhe
outra perspetiva sobre a natureza do regime, porque ele tinha de lutar todos os
dias contra a censura. Foi, creio, fundamental para fundar um espírito liberal
e uma visão diferente da política. Deveria estar farto do salazarismo e viu em
Marcelo Caetano alguém que poderia renovar o regime e por isso aceitou
participar nesse movimento. Depois, apanhou a desilusão, que todos apanharam,
de que tudo continuava na mesma, mas ele não se resignou.
Mas a política não foi o momento mais feliz da vida de
Francisco Pinto Balsemão.
Não foi. Balsemão, com a sua própria natureza e
personalidade, não tem as características que fazem um bom político. O político
tem de fazer ruturas, tem de fazer opções, tem deixar gente para trás, tem de
avançar contra tudo e contra todos, como fazia Sá Carneiro. Balsemão é o
contrário de tudo isso, quer dar-se bem com toda a gente, contemporiza com
tudo, e deixa que lhe ‘comam as papas na cabeça’. Uma pessoa com essas
características dificilmente seria um bom político. Como político, Balsemão
sempre foi ultrapassado à esquerda e à direita. Estava no meio, sem se definir,
mas apesar de tudo, tem um papel fundamental na revisão constitucional de 1982,
e isso não é suficientemente reconhecido. Podemos dizer que a revisão era
inevitável e seria sempre feita, mas era preciso uma capacidade negocial com
Mário Soares, e Freitas do Amaral também tem um papel decisivo. Ainda assim,
fica com essa marca, mas os dois governos de Balsemão não foram particularmente
brilhantes. Também acho que a saída do Governo foi, para ele, um alívio. Nunca
pensou que poderia ser um primeiro-ministro, foi a morte de Sá Carneiro que o
levou a São Bento, saiu e foi fazer o que gosta, regressou à comunicação
social, ao Expresso, e depois foi fazer a Sic.
E como era o gestor de comunicação social que encontrou no
Expresso?
Era muito tolerante, muito ‘mãos-largas’, havia dinheiro e o
Expresso estava num grande crescimento, não intervinha nos conteúdos…
…e garantia independência editorial? No seu caso, saiu por
causa de uma notícia?
É verdade, há momentos-chave em que isso deixa de existir
mas, na maior parte do tempo não existia qualquer tipo de interferência editorial.
Mas também é verdade que, quando se entra no Expresso, já existe um clima —
criado por ele, por Marcelo Rebelo de Sousa –, uma atmosfera, que não foi
definida por nenhuma ordem concreta, mas uma cultura e um ambiente, uma cultura
de liberdade mas também social-democrata, do partido, sem nada escrito, como
digo. Regra geral, não havia interferências, a não ser em momentos-chave, ou
porque se incomodou o seu grande amigo André Gonçalves Pereira, ou porque
envolvia os seus próprios negócios. Foi, aliás, isso, que levou à minha saída
do Expresso, embora isso tenha tido muito a ver com a atitude do diretor de
então, José António Saraiva. Se não tivesse tomado aquela atitude,
provavelmente Balsemão não teria feito nada, não teria imposto a minha saída. O
José António Saraiva sentiu-se desautorizado porque, no fecho do jornal,
acrescentei informação a uma notícia que tinha sido combinada com o próprio
Balsemão sobre a entrada de Berardo como acionista do grupo. Acrescentei porque
havia espaço em branco na página que tinha de ser preenchido.
O que é que acrescentou?
Esse foi o problema. Não havia qualquer indicação de que não
pudesse acrescentar alguma coisa, mas, ‘azar dos távoras’, havia na maquete
final do jornal um buraco e foi necessário acrescentar alguma coisa. Pedi ao
arquivo do jornal um dossiê sobre Berardo e, do que havia, a notícia mais
recente era do Independente sobre processos fiscais. Quando o Saraiva leu a
notícia no sábado, escreveu uma carta a Pinto Balsemão a dizer que se sentia
desautorizado e, na sequência disso, disse-me que tinha 24 horas para me
demitir ou seria demitido. Acabei por me demitir.
Mudou a sua opinião sobre Francisco Pinto Balsemão?
Mudou um pouco, porque percebi que não era o patrão tão
liberal nos seus órgãos de comunicação social como gostava de apregoar para os
outros. Havia limites a essa liberdade de imprensa. Mas também percebi que, não
tendo a confiança do diretor, não teria outra alternativa. Já antes do 25 de
abril, há uma notícia que não se publica por causa da pressão do seu amigo
André Gonçalves Pereira, advogado de uma parte interessada. Os limites eram os
seus próprios negócios ou os interesses dos seus amigos íntimos. Não há,
portanto, a liberdade total e absoluta que Balsemão gosta de apregoar.
Como é que foi o processo de sucessão no império Balsemão,
primeiro com um gestor independente da família, Pedro Norton, depois com o
filho, Francisco Pedro?
Foi caótico, com uma indefinição e uma incerteza de como
fazer esse processo. Aí, Balsemão tinha uma certeza, que era a de manter o
grupo na esfera familiar e isso, na minha perspetiva, era fatal. Sempre foi
assim, sempre desenhou operações e engenharia financeira para manter o controlo
do grupo. É uma situação difícil, porque o capital de Balsemão era limitado e
precisava de levantar dinheiro lá fora. Ao escolher alguém fora da família –
Pedro Norton, em quem confiava e que tratava como um filho -, acabou por chocar
com a estratégia de manter o controlo familiar… isto não faz muito sentido, o
que é necessário é escolher os melhores gestores e a família nem sempre tem a
melhor solução.
A escolha de Pedro Norton surpreendeu-o?
Não, conhecia o Pedro Norton e acompanhei a sua carreira, e
penso que era a escolha adequada. Não tinha outra opção. Surpreendeu-me foi a
saída de Pedro Norton para a entrada do filho mais novo, o Francisco Pedro
Balsemão.
Qual é a explicação?
Pedro Norton tinha outra estratégia, queria encontrar um
aliado estratégico na Europa e isso implicava perder o controlo familiar do grupo.
As coisas não estavam a correr bem para o grupo e seria difícil um novo
acionista meter dinheiro sem a capacidade de decisão. É, aliás, o que acontece
hoje por exemplo com António Parente [acionista da Impresa], que nem sequer
está na administração, e está a ver o grupo a perder valor. De facto, Balsemão
sempre geriu o grupo na esfera familiar, nunca abriu a gestão… os membros da
família podem colocar as suas despesas pessoais, são os únicos a fazê-lo. O
grupo está fechado e está…
É um grupo bem gerido, profissionalizado?
Acho que não. A prioridade dada aos filhos também causa
problemas. Os filhos não são necessariamente os melhores para determinadas
responsabilidades, e Pedro Norton talvez fosse o único profissional ao nível de
gestão. Quando houve o choque entre Balsemão e Pedro Norton, numa reunião de
quadros anual, quando Norton disse que havia uma alternativa e Balsemão afirmou
que o grupo era familiar e assim continuaria, o Pedro percebeu que não havia
grandes hipóteses e apresentou a demissão. Ora, para cumprir essa orientação
estratégica, Balsemão não encontra outra alternativa que não a escolha de um
filho. Qual? É o mais novo, fruto do casamento com a sua atual mulher e isso
resulta também do contexto familiar.
Porquê?
Não escolhe os filhos mais velhos, embora ouça dizer que a
sua preferência seria a escolha da filha do primeiro casamento, Mónica
Balsemão, que trabalha no grupo. Como não era filha da atual mulher, existia
uma contingência, não escolhe o filho que nasce fora do casamento, com todos os
problemas que houve no passado, mas que está a trabalhar no grupo, e não
escolhe o filho do primeiro casamento porque estava noutra vida profissional.
Escolhe o filho mais novo, na esperança de que fosse o salvador, e isso é muito
complicado, para dizer o mínimo. Francisco Pedro assume as funções de
presidente do grupo com a mesma idade que Balsemão criou o Expresso, com 36
anos, mas os tempos são diferentes e as histórias não se repetem.
Como era a relação de Francisco Pinto Balsemão com Ricardo Salgado?
Havia uma relação de proximidade por causa do contexto
social em que ambos se moviam. Não investiguei essa dimensão da vida de
Balsemão, não sei que relação existia entre ambos fora desse contexto. Depois,
houve uma situação difícil por causa de notícias do Expresso sobre o BES e há
sempre uma tendência para esta gente ver tudo como uma campanha. Acho
interessante que, desde sempre, tudo o que o Expresso publicava era visto como
uma intenção malévola de Balsemão, sendo certo, e eu posso garantir, que não
tinha que ver com isso. Com o que saía na primeira página, mas era sempre visto
assim, e Ricardo Salgado também fez essa leitura. Cortou a publicidade ao
Expresso e muito justamente, creio eu, o jornal associa o Grupo Espírito Santo
ao caso ‘Mensalão’ no Brasil. É o início de um conflito e é curioso que é
Balsemão que defende mais a posição jornalística do Expresso que o próprio
diretor [José António Saraiva]. Mas como havia outros envolvimentos, o
financiamento do grupo, creio que isso terá trazido algumas complicações. A
partir de uma certa altura, por causa das suas ligações à PT, o próprio Ricardo
Salgado faz com Balsemão um certo joguete, através de Zeinal Bava e das
negociações da operadora com o grupo Impresa por causa dos canais de cabo. Aí, as
relações não eram as melhores e Balsemão estava muito na dependência de
Salgado, era uma realidade.
Na biografia, fica claro que Balsemão tem um grande aliado
na área financeira: Fernando Ulrich, que entrou como jornalista de economia do
Expresso logo em 1973.
O BPI foi fundamental… arrisco até dizer que os problemas
gravíssimos que o grupo Impresa tem neste momento, do ponto de vista
financeiro, devem-se ao facto de Ulrich ter deixado de ser o presidente
executivo do BPI. Estou a especular, mas o BPI assegurou certas condições e
garantias a Balsemão que lhe permitiram assegurar a expansão do grupo neste
início do século XXI, baseando-se muito em dívida. O poder no BPI mudou e essas
condições deixaram de existir.
Há algum facto da vida de Francisco Pinto Balsemão que o
tenha surpreendido?
Talvez no aspeto da vida privada, não esperava esta situação
tão complicada com o filho fora do casamento e a sua atitude de negação,
negação de paternidade. Já tinha ouvido alguma coisa sobre isso, mas ignorava
que Balsemão tivesse mandado a futura mãe à Suíça com todas as despesas pagas
para abortar, ignorava que, não tendo a mãe feito isso, Balsemão tenha dito
para não assumir que o filho era dele, ignorava que, depois, o tenha negado
sempre nas diversas instâncias judiciais e que o caso se tenha arrastado até ao
Supremo, onde foi condenado a assumir a paternidade. Surpreendeu-me que este
caso tenha durado tantos anos, antes e depois do 25 de abril, e que não tenha
transpirado nada e se tenha mantido sempre num círculo restrito. Porquê? Por
causa do poder e da influência de Balsemão. Fiquei surpreendido com estes
dados, não fiquei surpreendido com nada em relação à dimensão política e
empresarial.
Regista, na biografia, uma outra dimensão pessoal de
Balsemão. É um homem vingativo, que não esquece?
É curioso que, sendo muito tolerante, com muito chá e
simpatia, quando acha que alguém o trai… É incrível que Balsemão aceitou muitas
coisas de Marcelo, mas gostava dele. Depois do caso do “lélé da cuca”, as
coisas esfriaram um pouco, mas, depois, até o levou para o governo. É certo que
o levou numa perspetiva negativa, porque entendia que lhe fazia menos danos
estando no governo do que no Expresso. Não é a melhor razão para levar alguém
para o governo. Ele [Balsemão] também é vingativo porque muita gente lhe diz
que não pode transigir, tem de ser implacável. Houve muita gente a dizer-lhe
isso, a dizer-lhe que permitia muitas coisas, até aos jornalistas. E Balsemão a
jogar entre a sua própria natureza e o que lhe diziam. Quando define o
princípio de que quem sai do Expresso já não entra, quando define um index de
pessoas que estão proibidas de colaborar com o Expresso, por exemplo Marcelo
Rebelo de Sousa, é duro porque as pessoas à volta dele lhe dizem que tem de ser
assim. Mas a natureza de Balsemão é liberal, tolerante e isso vai acompanhá-lo
até ao final da sua vida.
Tendo em conta a história recente do grupo Balsemão, o que
se pode esperar para o futuro?
Hoje, é um império com pés de barro. Balsemão deixa aos seus
herdeiros uma grande dor de cabeça. E esta biografia foi escrita sem saber que
o grupo se preparava para alienar todas as publicações, com exceção do Expresso
e da Caras. O grupo cresceu muito e de uma forma desmesurada, Balsemão estava
muito à vontade, muito seguro de si, pensando que a sua posição era inabalável.
Porque tinha o suporte financeiro do BPI, e isso permitia uma gestão menos
cuidada e rigorosa. O investimento na aquisição de revistas, por exemplo, à
esquerda e à direita, foi feita para manter a ideia de dinâmica e prestígio do
grupo, mesmo quando se sabia que essas revistas não eram rentáveis. Além disso,
sem avaliar o impacto da tecnologia e do digital na comunicação social. O grupo
chegou tarde a essa realidade, Balsemão atrasou-se, com consequências
desastrosas.
Balsemão concedeu recentemente uma entrevista em que
afirmou: “Eu morro, mas a família mantém-se”…
Foi o que disse na reunião de quadros do grupo em 2015.
Manteve essa ilusão, mas isso pode ser fatal para o grupo. É verdade que
Balsemão tem um lugar na história de Portugal, e não apenas dos media. Ao
lançar o Expresso e a Sic, Balsemão tem um contributo para a formação de uma
opinião pública, que não existia à data. Esse mérito, ninguém lhe tira, mas a
forma como isto está a acabar, a implosão do grupo, que sentimos e intuímos,
mancha o percurso de vida de Balsemão. Não lhe retira os méritos que teve, mas
deixa uma mancha. Muitos impérios acabam assim.
António Costa
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