Capitólio já tem quem lhe trate do cartaz, mas está
aberto a todos
Histórica sala do Parque Mayer, em Lisboa, ainda não
data para a reabertura, mas terá música, humor e cinema como pilares da
programação que ficará a cargo da promotora Sons em Trânsito.
Cristiana Faria Moreira
29 de agosto de 2017, 6:50
Obras no edifício começaram em 2009 e foram várias vezes
interrompidos, sendo apenas concluídas em meados do ano passado
Ainda não tem data, não se sabe sequer se será ainda este
ano que o Cineteatro Capitólio vai reabrir com uma programação regular. Certo é
que já há uma empresa que ficará encarregue dessa reabertura, a Sons em
Trânsito. Esta promotora de Aveiro, que se dedica ao agenciamento, produção de
espectáculos e gestão de carreiras artísticas, foi a vencedora do concurso de
exploração da histórica sala de espectáculos do Parque Mayer, em Lisboa.
A empresa, que passa a gerir os destinos da mítica sala
lisboeta, deixa um ponto assente ainda antes de lá entrar: "O Capitólio
não vai ser a sala da Sons em Trânsito. O Capitólio estará aberto a toda a
gente, a todas as entidades culturais que queiram ali programar”. Quem o diz é
Vasco Sacramento, o director-geral da empresa que tem agora nas mãos a missão
de dar nova vida a este espaço nos próximos cinco anos.
Para já, são poucos os detalhes revelados e há ainda muitos
para “afinar”. O arranque, 86 anos depois da estreia, não está ainda definido.
Tudo vai depender da reunião com a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação
Cultural de Lisboa (EGEAC), que detém o espaço, que deverá acontecer no mês de
Setembro, diz ao PÚBLICO Vasco Sacramento. Só nessa altura se saberá quando é
que o Capitólio vai reabrir as portas à cidade, o que, espera o responsável,
aconteça ainda este ano. "Estou convencido de que isso vai
acontecer", diz, não se comprometendo, contudo, com uma data.
É uma “sala histórica, um edifício lindíssimo que está
situado numa área particularmente simbólica para as artes do espectáculo em
Portugal como é o Parque Mayer”, descreve. Mas que esteve duas décadas votada
ao abandono, só reavivada em Novembro do ano passado por ocasião do festival
Mexefest, que ocupa vários espaços da cidade.
A Sons em Trânsito promete agora uma programação que vá ao
encontro de todas as faixas etárias e que se vai basear em três eixos: a
música, o humor e o cinema.
O espaço, que tem capacidade para 400 lugares sentados e
para mais de mil pessoas de pé, vem preencher uma “lacuna” que Vasco Sacramento
diz existir em relação a salas de média dimensão, especialmente para
espectáculos musicais com a plateia em pé.
Tendo como patrono Raul Solnado, que ali pisou o palco em
vários espectáculos de revista e que, por decisão da Câmara de Lisboa, dá nome
à sala desde 2009, faz “todo o sentido” que o humor continue presente. Mas,
ainda que o Capitólio esteja intimamente ligado ao humor, essa não terá sido a
principal vocação daquela sala. Terá sido o cinema a ocupar por longos anos
grande parte da programação do cineteatro. Agora, vai ser possível voltar a
sentar e usufruir do grande ecrã.
A 7 de abril foi aberto um concurso para a exploração
daquele equipamento municipal. O prazo de entrega das propostas terminou a 12
de Maio e, no final de Julho, foi divulgada a lista provisória para a
exploração do Capitólio, que tinha à cabeça a Sons em Trânsito. Na lista
constavam ainda os projectos da Academia de Produtores Culturais, seguida do
consórcio Força da produção e Everything is New, da Limiasur Investimentos
Imobiliários e Turísticos e, por último, da Associação Tenda. A empresa de
Aveiro acabou por ser a escolhida do júri que contou com nomes como Joana Gomes
Cardoso, Cucha Carvalheiro, Herman José, Rui Pedro Tendinha e Nuno Galopim.
O Cineteatro Capitólio abriu pela primeira vez as portas em
1931, apresentando uma inovadora construção com linhas modernistas para o
Portugal da década de 30. O projecto do arquitecto Luís Cristino da Silva
destacou-se imediatamente na paisagem da capital. Em 1983, foi classificado
como Imóvel de Interesse Público, mas, a meio dos anos 90, fechou. Depois das
obras, que duraram entre 2009 e meados do ano passado, a sala reabrirá,
espera-se, num futuro próximo pela mão de uma empresa nascida em 2002, em Aveiro,
e que trouxe a Portugal nomes como Lou Reed, Prince ou Caetano Veloso. E que
quer “trabalhar em conjunto com outros agentes culturais, com grupos de teatro,
dança e música”, para que o Capitólio continue a ser "uma sala da
cidade", diz Vasco Sacramento.
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