A missão de Alabaça
na Câmara de Lisboa foi identificar imóveis do Estado potencialmente
interessantes para o município
PATRIMÓNIO
Novo
director-geral do Património Cultural foi consultor imobiliário da Câmara de
Lisboa
Bernardo Alabaça
criou uma empresa de consultoria quando saiu do Ministério das Finanças e
desvinculou-se dela este ano. Foi ainda, brevemente, assessor da empresa municipal
SRU.
João Pedro Pincha
João Pedro Pincha
4 de Março de 2020, 7:14
O novo
director-geral do Património Cultural passou um ano a identificar imóveis do
Estado potencialmente interessantes para a Câmara de Lisboa.
Entre Maio de
2018 e Maio de 2019, Bernardo Alabaça prestou consultoria imobiliária ao
município através de uma empresa de que se desvinculou em Janeiro de 2020,
momento em que foi assessorar o conselho de administração da empresa municipal
Lisboa Ocidental SRU, liderado por Manuel Salgado.
Dessa consultoria
imobiliária, contratada por Salgado quando ainda era vereador do Urbanismo,
resultou um “levantamento pormenorizado dos imóveis propriedade do Estado com
potencial de utilização em projectos a desencadear pelo município ou que por
via legal lhe venham a ser transmitidos”, explicou fonte oficial da autarquia
ao PÚBLICO.
O contrato,
celebrado a 7 de Maio de 2018, foi feito com recurso a ajuste directo porque
“importava recorrer a prestador que tivesse especial conhecimento, experiência
e competência em matéria de gestão de bens imóveis públicos”, justificou a
mesma fonte, sublinhando “as especiais referências do senhor Eng.º Bernardo
Alabaça”.
O novo líder da
Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), que tomou posse há uma semana,
tem um passado profissional ligado a várias empresas imobiliárias, mas também a
organismos e empresas estatais. Foi, entre outros, director-geral de
Infra-Estruturas do Ministério da Defesa e subdirector-geral do Tesouro e
Finanças.
Quando saiu do
Ministério das Finanças, em Agosto de 2017, Bernardo Alabaça fundou uma empresa
de consultoria imobiliária, a Valueinsight Lda., que uns meses mais tarde viria
a ser contratada pela Câmara de Lisboa. “O que determinou a escolha da empresa
foi exactamente o facto de o senhor Eng.º Bernardo Alabaça ser seu sócio e ser
quem, pessoalmente, prestaria os serviços de consultoria”, afirmou a fonte
autárquica.
O agora
director-geral saiu da Valueinsight no fim de Janeiro deste ano. No despacho de
nomeação publicado na segunda-feira em Diário da República, diz-se que Bernardo
Alabaça “é, presentemente, assessor do conselho de administração da Lisboa
Ocidental SRU”, mas tanto a autarquia como a DGPC responderam ao PÚBLICO que
esse vínculo terminou na semana passada.
A câmara
municipal acrescentou que, segundo o estatuto do pessoal dirigente da
Administração Pública, Bernardo Alabaça pode regressar à SRU quando terminar o
mandato na DGPC. Foi exactamente isso que aconteceu, aliás, com Paula Silva, a
ex-directora-geral, que regressou à Câmara do Porto, onde trabalhava
anteriormente.
No período de um
mês que passou naquela empresa municipal, o engenheiro “desenvolveu trabalho
relativo ao dossier para a operação de financiamento do Programa da Renda
Acessível, na sua vertente de promoção pública”. Trata-se da maior incumbência
que a SRU tem actualmente em mãos. Por esta empresa passam todos os grandes
projectos de investimento da autarquia, a que se somam a construção e
reabilitação de escolas, creches, centros de saúde e novas praças.
O PÚBLICO
procurou obter mais esclarecimentos de Bernardo Alabaça sobre estes assuntos,
mas a assessoria de imprensa da DGPC não respondeu em tempo útil.
tp.ocilbup@ahcnip.oaoj
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