quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

'Window is narrowing': scientists urge action at UN climate talks / Degelo do permafrost vai afectar quatro milhões de pessoas em 2050 /Climate change: Arctic reindeer numbers crash by half


'Window is narrowing': scientists urge action at UN climate talks
Gilet jaunes protests cast shadow as concerns raised over backlash against rapid change

Jonathan Watts in Katowice
Tue 11 Dec 2018 14.08 GMT Last modified on Tue 11 Dec 2018 17.31 GMT

Scientists have laid down the gauntlet for political leaders as the UN climate summit in Katowice, Poland, wrestles with the challenge of cutting emissions without sparking social tensions like those seen recently in France.

The UN climate talks – known as COP24 and the most important since the Paris agreement was signed in 2015 – aim to set a new rulebook for governments to reduce greenhouse gases and to raise ambitions, after warnings of dire consequences if global warming rises more than 1.5C above pre-industrial levels.

The climate crisis is already here and the risks are growing, said Hoesung Lee, chair of the UN Intergovernmental Panel on Climate Change, who led a study by thousands of scientists on ways to avoid 1.5C of warming via accelerated transition from fossil fuels.

 “The IPCC made a tremendous collective effort to bring you the best scientific knowledge on the subject. We tell you limiting warming to 1.5C is possible but the window is narrowing,” Lee told a plenary on Tuesday. “The scientific community has delivered, now it is up to governments to take action.”

There has been fierce debate about what to do with the study. All but four of the world’s governments want to formally welcome the 1.5C report to spur a more ambitious shift towards renewable energy. However, four oil producing nations – the US, Russia, Saudi Arabia and Kuwait – said the study should merely be “noted”.

This issue has overshadowed the past few days of the talks in Poland. Saudi Arabia has claimed there are “gaps and uncertainties” in the study. The US held a long-planned event promoting coal, gas, oil and nuclear power.

In a thinly veiled criticism of such tactics, Laurent Fabius, a former prime minister of France and president of the 2015 Paris climate talks, told the plenary that political leaders would play a negative role if they were “not only somnambulists but spoilers”.

He noted that global emissions rose by 2% this year, when they need to decline if warming is to be kept to a less dangerous level.

“Let us be clear, the real world is not on track. We need to do more and to do it faster,” Fabius said. “The IPCC 1.5C report shows the tremendous importance of every half degree and the disastrous consequences of missing that boundary.”

But many delegates said more attention should be focused on the social challenges of rapid change, as workers in old industries, such as coal, lose their jobs and the price of fossil fuels is pushed higher to stimulate the transition to alternative energies.

Without greater consideration of how the costs and benefits could be equally shared there could be a violent backlash, as France has experienced with the gilets jaunes protests that were initially about a planned rise in an eco-tax on petrol.

Jonathan Pershing, a former US climate envoy, said technology and the markets would drive change, and it was already cheaper to build a new renewable power plant than a new coal or gas plant.

“But you have to think about how to manage it. What happens to people who no longer have jobs from the old economy in the new economy? How do you think about new opportunities and the training you give young people? If you close down old facilities, how do you do it in a manner that keeps the communities alive and helps maintain the traditions and cultural structures?” Pershing said. “We don’t do it very often so we don’t have much experience. No report tells us how to manage the political difficulties. We need to manage the transitions. They’re hard.”

This was echoed by Andrew Steer, president of the World Resources Institute, who said it was important for governments to separate raising tax revenue from addressing climate change.

“The yellow vest implications are huge and show the danger if we take wrong moves,” he said. “We haven’t paid enough attention on the short-term impacts [of putting a price on carbon]. The environment movement needs to look at itself in the mirror.”


Degelo do permafrost vai afectar quatro milhões de pessoas em 2050
Mesmo que o Acordo de Paris se cumpra, será impossível evitar os danos causados pelo descongelamento do solo gelado no hemisfério Norte. Um estudo na revista Nature Communications revela que 70% das infra-estruturas estão em risco

ANDREA CUNHA FREITAS 12 de Dezembro de 2018, 7:57

Há muita coisa construída pelo homem em cima do solo gelado das regiões boreais, o permafrost. Há desde caminhos-de-ferro a residências, passando por fábricas e redes de abastecimento de energia. E depois há o aquecimento global que desafia esta firme plataforma. Se o chão derreter, tudo pode colapsar. Um estudo divulgado esta semana na revista Nature Communications quantifica pela primeira vez a dimensão dos possíveis estragos. Em 2050 três quartos da população situada na zona do permafrost do hemisfério norte e 70% das infra-estruturas serão afectadas pelo descongelamento do solo.

A expressão “um dia o chão desaparece debaixo dos nossos pés” parece adequar-se na perfeição a esta situação. O estudo que agora foi publicado por uma equipa internacional de cientistas anuncia com uma precisão inédita esse mesmo dia numa região do planeta em concreto. É por volta de 2050 e no hemisfério norte. O artigo conclui que a maior parte das infra-estruturas do Árctico estará em risco, mesmo se as metas do Acordo de Paris forem cumpridas. Mas, atenção, que isso não seja argumento para cruzar os braços à imprescindível redução de emissões de CO2 para travar as alterações climáticas. Depois de 2050, o esforço do mundo vai seguramente evitar o pior e fazer a diferença. “Uma diferença clara”, asseguram os cientistas. Fica assim o aviso sobre os riscos e o apelo para o esforço colectivo dirigidos aos líderes reunidos até sexta-feira na Polónia, onde decorre a cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP24).

O degelo do permafrost próximo da superfície devido ao aquecimento global pode danificar infra-estruturas importantes, num cenário que nos levaria a uma série ameaça à utilização dos recursos naturais e ao desenvolvimento sustentável das comunidades do Árctico. Jan Hjort, investigador da Universidade de Oulu, na Finlândia, coordenou o estudo que apresenta uma avaliação de risco das infra-estruturas no território do permafrost do hemisfério norte. Os cálculos tiveram em conta a pressão das alterações climáticas, de acordo com as projecções feitas pelos cientistas. E, por pior que pareça, a previsão dos autores deste artigo é assumidamente conservadora. Ou seja, as coisas podem ainda ser piores do que adivinham.

Risco alto nas ferrovias
O estudo conclui que a maioria da população pan-árctica (aproximadamente quatro milhões de pessoas) e 70% das infra-estruturas de transporte e industriais estão localizadas em áreas de alto risco de degelo do permafrost até meados do século. Os cientistas acrescentam ainda que “45% dos campos de extracção de hidrocarbonetos no Árctico russo estão em regiões onde a instabilidade do solo relacionada ao degelo pode causar sérios danos ao ambiente construído”. Assim, reclamam, é urgente fazer avaliações detalhadas sobre o risco das infra-estruturas assentes em solo gelado num mundo a aquecer.

O objectivo deste trabalho foi “mapear áreas de risco para as infra-estruturas no permafrost do hemisfério norte regiões a uma resolução espacial sem precedentes (cerca de um quilómetro) tendo em conta as mudanças climáticas projectadas”. Focaram-se sobretudo em infra-estruturas fundamentais para as comunidades do Árctico e a actividade económica, incluindo residências, transportes (estradas, caminhos-de-ferro e aeroportos) e unidades industriais. “O risco para as ferrovias parece ser especialmente alto, como, por exemplo, para os 470 quilómetros da ligação Qinghai – Tibete e 280 quilómetros do ponto mais a norte do mundo ferroviário, a ferrovia Obskaia – Bovanenkovo, que ocorrem nas áreas de degelo do permafrost”, exemplificam.

Definidas as áreas de elevado risco, os investigadores contam o que lá existe. Os chamados “hotspots” encontram-se dispersos, desde o sistema do Oleoduto Trans-Alasca até à região de Pechora, na Rússia, e abrangem uma área onde vive cerca de um milhão de pessoas e existem 36 mil edifícios, 13 mil quilómetros de estradas e 100 aeroportos. Depois, se considerarmos apenas o degelo do permafrost, há diferenças geográficas que afectam o risco que recai sobre as infra-estruturas, como o sistema de águas termais e a capacidade de suporte do solo que afectará mais as regiões montanhosas na Ásia Central do que a área residencial e industrial do Norte da América. Além disso, 45% das importantes zonas de produção de petróleo e gás natural que existem na região russa do Árctico encontram-se localizadas em áreas com elevado risco devido a condições adversas no solo e degelo do permafrost próximo da superfície até 2050.

“A principal vantagem da abordagem apresentada neste trabalho é que a quantificação do perigo pode ser realizada com qualquer infra-estrutura disponível ou conjunto de dados da população (também usando projecções de alta qualidade, se disponíveis) e para qualquer cenário de medidas relevantes relacionadas com o aquecimento global”, lê-se também no artigo. Em conclusão, “este é o primeiro estudo a mostrar explicitamente a quantidade de infra-estruturas fundamentais que está potencialmente em risco na área de permafrost do hemisfério norte por causa das mudanças climáticas”.

“A situação é grave, como já vinha a constatar-se, mas agora, pela primeira vez, com dados de modelação, é possível quantificar os impactos generalizados à escala do hemisfério norte”, comenta Gonçalo Vieira, geógrafo físico que coordena o Programa Polar Português, que não participou no estudo. O cientista sublinha ainda que, segundo os próprios autores, “os resultados apresentam uma versão conservadora dos impactos, uma vez que consideram como referência para a fusão do solo gelado uma profundidade maior do que a necessária para que haja danos nas infra-estruturas”. No artigo, os cientistas admitem que os limites de profundidade escolhidos para o estudo – 15 metros – são, de facto, conservadores e que, por isso, os edifícios podem ceder até com o degelo das camadas mais superficiais do permafrost. E Gonçalo Vieira conclui: “O mais relevante é mesmo a amplitude dos impactos esperados, bem como a sua rapidez, pois trata-se de estimativas já para meados do século”. Daqui a apenas cerca de 30 anos, portanto.

Vírus gigantes no gelo
O artigo publicado na Nature Communications apenas refere de passagem os outros perigos que o degelo deste imenso solo gelado representam. Mas, sabe-se já que o descongelamento do permafrost pode ter outras consequências dramáticas nos ecossistemas e até na saúde humana.

Sobre os riscos para a saúde, recorde-se, a notícia sobre um vírus gigante com 30 mil anos ressuscitado no permafrost siberiano, publicada em 2014.

Nesse artigo, os autores avançavam uma alarmante possibilidade: “Os nossos resultados consubstanciam a possibilidade de que vírus patogénicos infecciosos possam ser libertados das camadas de permafrost antigo que vierem a ficar expostas devido ao descongelamento [devido às alterações climáticas] e às actividades mineiras ou de extracção de combustíveis fósseis.”

Ao derreter, o permafrost ameaça permitir a fuga de vírus esquecidos e de milhares de milhões de toneladas de gases com efeito estufa que estão “presos” há milhares de anos – o que, por sua vez, poderia acelerar as mudanças climáticas e, com isso, o degelo do permafrost. Ou seja, o degelo do permafrost pode acelerar o degelo do permafrost.

Com Teresa Firmino


Climate change: Arctic reindeer numbers crash by half
By Victoria Gill
Science correspondent, BBC News, Washington DC
8 hours ago
https://www.bbc.com/news/science-environment-46516033

A warmer Arctic has less food and more insects, making it a much worse environment for caribou
The population of wild reindeer, or caribou, in the Arctic has crashed by more than half in the last two decades.

A new report on the impact of climate change in the Arctic revealed that numbers fell from almost 5 million to around 2.1 million animals.

The report was released at the American Geophysical Research Union meeting.

It revealed how weather patterns and vegetation changes are making the Arctic tundra a much less hospitable place for reindeer.

Reindeer and caribou are the same species, but the vast, wild herds in northern Canada and Alaska are referred to as caribou.

It is these herds that are faring the worst, according to scientists monitoring their numbers. Some herds have shrunk by more than 90% - "such drastic declines that recovery isn't in sight", this Arctic Report Card stated.

Why is a warmer Arctic worse for reindeer?
There are multiple reasons.

Prof Howard Epstein, an environmental scientist from the University of Virginia, who was one of the many scientists involved in the research behind the Arctic Report Card, told BBC News that warming in the region showed no signs of abating.

"We see increased drought in some areas due to climate warming, and the warming itself leads to a change of vegetation."

The lichen that the caribou like to eat grows at the ground level. "Warming means other, taller vegetation is growing and the lichen are being out-competed," he told BBC News.

Another very big issue is the number of insects. "Warmer climates just mean more bugs in the Arctic," said Prof Epstein. "It's said that a nice day for people is a lousy day for caribou.

"If it's warm and not very windy, the insects are oppressive and these animals spend so much energy either getting the insects off of them or finding places where they can hide from insects."

Rain is a major problem, too. Increased rainfall in the Arctic, often falling on snowy ground, leads to hard, frozen icy layers covering the grazing tundra - a layer the animals simply cannot push their noses through in order to reach their food.

Can anything be done?
At the global scale, this comes down to reducing carbon emissions and limiting temperature increase.

The Arctic Report Card revealed that the region was entering uncharted territory due to climate change
But scientists say we have opened the door on the "world's freezer" and the growing pile of evidence suggests warming in the Arctic will continue. The aim of this and other research in the region is to understand its impacts and learn how to adapt to a changing climate.

The report, complied by the US National Oceanographic and Atmospheric Administration (Noaa), is now in its 13th year and the administration's Arctic research programme manager, Emily Osborne, said the region was now in "uncharted territory".

"In all the years of publishing the report card, we see the persistence of the warming continuing to mount," she said. "And this is contributing to extreme weather events elsewhere in the world."

Some other key points from the report included:

Plastic pollution: tiny microplastic contamination is on the rise in the Arctic, posing a threat to seabirds and marine life that can ingest debris.
Air temperature: For the past five years (2014-18) temperatures have exceeded all previous records since 1900.
Sea ice thinning: In 2018 Arctic sea ice remained younger, thinner, and covered less area than in the past.
Toxic blooms: Warming Arctic Ocean conditions are coinciding with an expansion of harmful algal blooms in the ocean, which threaten food sources.
Also here at AGU, scientists have revealed that East Antarctica's glaciers have begun to "wake up" and show a response to warming. This is evidence of unprecedented climate-driven change at the top and bottom of the planet.

Sem comentários: