domingo, 23 de dezembro de 2018

Gilets Jaunes e Coletes Amarelos …



Gilets jaunes, acte 6 : moins de manifestants, mais des scènes de violence

La mobilisation des Gilets jaunes s’est nettement essoufflée samedi 22 décembre, mais elle a été marquée à Paris ou à Nantes par des attaques très violentes contre les forces de l’ordre.

Un policier qui braque son arme sur des Gilets jaunes qui tentent de le lyncher lui et deux de ses collègues. Cette scène d’une violence inouïe restera malheureusement comme l’image choc de cet acte 6 des manifestations des Gilets jaunes. En fin d’après-midi, vers 17h30, pour une raison incompréhensible, des dizaines de manifestants se sont précipitées sur trois motards de la police nationale qui bloquaient une des artères qui mène aux Champs-Élysées (VIIIe arrondissement de Paris) où environ 2 000 Gilets jaunes déambulaient.

Jets de pierres et de trottinettes, coups de poing, les trois fonctionnaires sont attaqués frontalement et ne parviennent à se dégager qu’en abandonnant une de leurs trois motos, poursuivis par des dizaines de manifestants surexcités, qualifiés par Laurent Nuñez, secrétaire d’État auprès du ministre de l’Intérieur, de « séditieux, de factieux ».

Cette scène d’une violence extrême est venue clôturer une journée de mobilisation qui s’était pourtant globalement déroulée dans le calme. Au total, les forces de l’ordre ont procédé à l’interpellation de 220 personnes, dont 81 ont été placées en gardes à vue.

Parmi elles figure Éric Drouet, 33 ans, un des porte-voix des Gilets jaunes. Par ailleurs, cette nouvelle journée d’action a été une nouvelle fois endeuillée avec la mort d’une dixième personne depuis le début du mouvement. Dans la nuit de vendredi à samedi, à l’entrée de l’autoroute de Perpignan sud (Pyrénées-Orientales) un automobiliste a percuté un poids lourd bloqué par des manifestants.

Des journalistes agressées à la frontière espagnole
À trois jours de Noël, ce sixième week-end de manifestation consécutifs a cependant enregistré un nouveau recul de la mobilisation. Tout du moins sur le terrain. Selon les chiffres communiqués par le ministère de l’Intérieur – non confirmés et non démentis par les manifestants — 38 600 personnes étaient mobilisées sur toute la France ce samedi contre 66 000 la semaine dernière et 282 000 lors de l’acte 1, le 17 novembre.

Résultats, les ronds points occupés étaient un peu moins nombreux ou plus clairsemés. Sur les autoroutes, en ce premier jour de départ en vacances, les automobilistes ont circulé un peu plus facilement. Pour cet acte 6, les blocages se sont concentrés à la périphérie du territoire. Il faut dire que toute la semaine, sur les réseaux sociaux, des appels avaient été lancés pour bloquer les liaisons avec les pays limitrophes.

Parmi les axes perturbés, les autoroutes A2 et A22 vers la Belgique, les liaisons vers l’Italie et l’Allemagne mais surtout l’autoroute A9 à hauteur du péage Boulou, à la frontière espagnole. Un rassemblement où des journalistes ont une nouvelle fois été agressés par des Gilets jaunes. « Avec ma collègue, on a été prises à partie, pourchassées, frappées par une foule de manifestants qui nous a complètement encerclées », a raconté à l’Agence France presse (AFP) cette journaliste de France 2, tout en précisant que c’est l’intervention d’un Gilet jaune qui leur a permis de fuir.

Des Gilets jaunes appellent à poursuivre en 2019
Quant aux manifestations, toujours très nombreuses sur l’ensemble du territoire, elles ont rassemblé 2 000 personnes à Bordeaux et plusieurs centaines à Lille, à Nantes, à Rennes ou encore à Marseille, sans que cette liste ne soit exhaustive. À Nantes, où 800 personnes ont manifesté selon la préfecture de Loire-Atlantique, la manifestation a dégénéré avec des tirs de mortiers sur les forces de l’ordre.

Symbole de la décrue de cette marée jaune, née de la hausse des prix des carburants, à Paris, le mouvement n’a mobilisé que 2 000 personnes à Paris, selon la Préfecture de police. Des manifestants qui ont déambulé dans le calme, souvent par petits groupes, de Montmartre (XVIIIe arrondissement), aux Champs-Élysées, avant de dégénérer, lors de la dispersion en fin de journée.

Diversion ou pas, à Versailles (Yvelines), qui avait été désigné sur les réseaux sociaux comme le nouveau point de rendez-vous de la mobilisation francilienne, seule une soixantaine de Gilets jaunes avaient fait le déplacement. Au total, depuis le 17 novembre, 2 891 personnes ont été blessées dont 1 048 parmi les forces de l’ordre. Une mobilisation loin d’être terminée. De nombreux Gilets jaunes appellent à poursuivre en 2019.


O festival de irresponsabilidade
O “Vamos parar Portugal” não falhou por falta de propaganda, falhou por falta de pessoas.
(...) "Mas seria uma ilusão ainda maior ignorar que há muita gente zangada, há cada vez mais gente que já não pensa em termos democráticos, mas em termos de “nós” (o povo) e “eles” (os políticos) – a essência do populismo, para simplificar" (...)
José Pacheco Pereira
22 de Dezembro de 2018, 6:30

A manifestação “Vamos parar Portugal” é o primeiro sinal exterior de um populismo larvar que medra pelas redes sociais fora e que era só uma questão de tempo até querer sair delas para a rua. Saiu agora e mostrou a enorme diferença entre os apoios mais ou menos incendiários “dentro” e a escassez de apoios “fora”.

O que se passou com a manifestação dos chamados “coletes amarelos” portugueses é disso um verdadeiro exemplo. Deixemos a parte de leão que têm as malfeitorias dos deputados, dos governantes, dos políticos activos, desde o pequeno truque para ganhar mais uns tostões no fim do mês até à corrupção da pesada. É grave, mas o seu papel não é único, nem tão decisivo como parece.

Há também uma indústria da denúncia da corrupção, verdadeira ou falsa, exagerada quase sempre, que vai desde políticos propriamente ditos que fazem da “luta contra a corrupção” um instrumento de existência e de vantagem eleitoral, muitas vezes com enorme duplicidade entre os “nossos” que são desculpados e os “deles” que são atacados por sistema, até à imprensa e televisão tablóide que é hoje predominante. Os mecanismos de cobertura dos eventos são cada vez menos jornalísticos, “notícias” inverificadas, obsessão pela “culpa”, muitas vezes antes de se saber se ela existe, menosprezo pela descrição dos eventos a favor do comentário conspirativo, tudo isso acentua o discurso populista.

PÚBLICO -Foto
Voltemos ao “Vamos parar Portugal”. Esta manifestação teve excepcionais condições de propaganda para sair de fora do casulo das redes sociais. A ideia de que estas manifestações vivem essencialmente dos apelos nas redes sociais é, para não dizer mais, enganadora. E é claramente um dos mitos actuais, subsidiário do deslumbramento tecnológico, que se repete sem escrutínio desde a “Primavera árabe”, como atestam todos os estudos, mostrando que as redes sociais estão longe de ter o papel que se lhes atribui. Não adianta, é um mito urbano, logo tem pernas para andar.

Esse mito oculta que as manifestações com algum sucesso que nasceram nas redes sociais só ganham dimensão quando passam para as páginas dos jornais e os noticiários da televisão, ou seja, para os media convencionais. Esta é a segunda manifestação em Portugal que tudo deve ao modo como a comunicação social resolveu tratar este tipo de protestos. A primeira foi a manifestação do “Que se lixe a troika”, que beneficiou de uma grande simpatia dos jornalistas (correlativa da antipatia no tratamento das manifestações sindicais), e a segunda foi esta, que suscitou sentimentos contraditórios entre o desejo de que houvesse pancadaria, porque isso dá boa televisão, anima a política e “chateia o Costa”, até à exploração do medo.

Aliás, é interessante ver como foi evoluindo o contínuo media-redes sociais e alguns sectores políticos da direita que não disfarçavam a expectativa da contestação para contrariar a “ditadura” de Costa e da “geringonça”, até à extrema-direita (o PNR teve uma presença importante entre os manifestantes) e a fina alt-right do Observador, que passou do alarmismo para o “fiasco”. Mas faça-se justiça ao Observador, que não esteve sozinho: a cobertura mediática anterior à manifestação foi de muito má qualidade, exagerada, alarmista, desproporcionada e mostrando muito pouco conhecimento sobre o que se passava, sugerindo muitas vezes que da passividade sonâmbula e hipnótica da “geringonça” se iria passar para um país a ferro e fogo.

Esta atitude foi também a do Presidente da República e do Governo, ambos alimentando um alarmismo exagerado, com gestos que seriam completamente contraproducentes, caso existisse mesmo o perigo de as coisas descambarem. O que eles fizeram com passeios “apaziguadores” com camionistas, que pelos vistos não tiveram nenhuma presença destacada no “Vamos parar Portugal”, ou com avisos de que se estava num “alerta vermelho”, foi a melhor propaganda que se poderia fazer para um movimento que nunca deixou de ser débil. O “Vamos parar Portugal” não falhou por falta de propaganda, falhou por falta de pessoas.

O alarmismo irresponsável das autoridades mostra também que não há “inteligência” sobre estes grupos, ou que, se existe, é de muito má qualidade – ou seja, ou não sabiam de nada do que se ia passar, ou então resolveram fazer uma actuação exemplar com antecedência para dissuadir o que se possa vir a passar um dia futuro. Seja como for, é brincar com o fogo.

Eu ouvi um dos “organizadores” dizer que iriam para a rua um milhão de pessoas, o que nos dá a medida da ilusão. Mas seria uma ilusão ainda maior ignorar que há muita gente zangada, há cada vez mais gente que já não pensa em termos democráticos, mas em termos de “nós” (o povo) e “eles” (os políticos) – a essência do populismo, para simplificar – e que o combustível para a zanga e para as ideias que nascem da zanga é cada vez mais abundante. Como é igualmente abundante a completa irresponsabilidade com que se alimenta essa fogueira escondida, como se viu a pretexto destes protestos que nunca pararam Portugal, mas parecem ter parado a cabeça a muita gente.


Uma farsa com coletes amarelos
Os organizadores ficam mal na fotografia pelo fracasso, a imprensa não sai imune mas quem sai pior desta historieta é o Estado e quem o governa.

MANUEL CARVALHO
22 de Dezembro de 2018, 6:00
https://www.publico.pt/.../farsa-coletes-amarelos-1855633

As tão temidas “manifestações de grande dimensão” anunciadas para todo o país afinal não passaram da exibição de pequenos grupos de protesto que se distinguiam pelo semblante do fracasso e, claro está, pelos coletes amarelos que envergavam. Entre a expectativa que se foi acumulando ao longo da semana e a realidade desta sexta-feira sobra por isso uma óbvia sensação de exagero e de ridículo que transformou Portugal num país de opereta. Ninguém sai imune deste triste episódio, que prometeu parar o país e acabou a parar meia dúzia de carros sob o olhar tolerante da polícia. Há lições que vale a pena reter nesta mistificação.

Os organizadores ficam mal na fotografia pelo fracasso, embora tivessem a seu favor a honestidade de dizer que se resumiam a um grupo de carolas que, entre parar o país e uma partida de sueca, preferiram a primeira opção. Não sai imune a imprensa que em certos momentos falou de infiltrações, de drones, de bloqueios a pontes com o tom de quem expõe uma profecia destinada a ser cumprida. Mas, e fundamentalmente, quem sai pior desta historieta é o Estado e quem o governa. Se a capacidade de previsão das forças de segurança pública é de facto a que se viu, estamos entregues a agentes secretos incompetentes, a chefes de polícias sem ligação à terra e a governantes medrosos e sem discernimento para distinguir uma formiga de um elefante – como Luciano Alvarez, de resto, descreveu.

Podemos conceber que o Governo foi prudente, que jogou por antecipação para garantir a ordem pública. Mas, mesmo que essas atitudes sejam louváveis, não justificam a forma desastrada como tudo aconteceu. Ao suspender folgas da polícia, o Governo deu a entender que tinha informações classificadas que auguravam uma manifestação gigantesca e criou um quadro de apreensão e alarme. Soubemos hoje que era tudo falso – o que impõe a necessidade de perceber a razão de tanto aparato e preocupação. Era bom, por exemplo, que se averiguasse a competência do SIS ou do aparelho de informações da polícia neste caso.

A revelação de um quadro de alarme acabou por criar uma realidade artificial – porque o mal-estar difuso que se sente nas pessoas com baixos rendimentos que a hegemonia dos sindicatos da função pública tem afastado do debate não se expressa apenas porque meia dúzia de activistas criaram uma página na Internet. Se apareceu mais alguém nas ruas para lá dessa meia dúzia, é porque o Governo os estimulou e porque os jornalistas amplificaram esse estímulo. A meio do dia, a farsa acabou como costuma acabar: algures entre um sorriso complacente e doses elevadas de desdém.

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