Uma “distribuição de trocos” ou uma “gorgeta de restaurante”
são como alguns classificaram as “concessões” de Macron … as afirmações “Voltar
ao passado [com a subida dos impostos aos mais ricos] seria uma fraqueza. Mas o
parlamento e o governo deverão ir mais além para combater a evasão fiscal” foram
contrapostas por acusações de não ter falado sobre as exigências de reforma no
sistema político representativo e ao confirmar que o imposto de solidariedade
sobre as fortunas não vai regressar gerou críticas pois, foi o fim deste
imposto, introduzido em 1982 por François Mitterrand, que valeu a Macron a
alcunha de "Presidente dos ricos".
OVOODOCORVO
Macron responde à crise nas ruas com aumento do salário mínimo
em 100 euros
Leonor Mateus Ferreira
19:14
Presidente francês anunciou medidas de apoio a trabalhadores
e reformados, numa altura de fortes protestos contra o Governo. Estado vai
financiar subida do atual salário mínimo de 1.498,47 euros.
O presidente de França anunciou esta segunda-feira medidas de
apoio aos trabalhadores e reformados, como resposta aos protestos dos “coletes
amarelos”, contra o Governo no país e o aumento de impostos, nas últimas
semanas. A principal decisão de Emmanuel Macron é o aumento do salário mínimo
em 100 euros, a partir do próximo ano, financiado pelo Estado e sem custos
adicionais para as empresas. Atualmente, o salário mínimo no país situa-se nos
1.498,47 euros mensais, de acordo com o Eurostat.
Além da subida no salário mínimo, as horas extras vão passar
a estar isentar de tributações. Macron pediu ainda às empresas que atribuam um
prémio de final de ano aos trabalhadores sem encargos de impostos. Para os
reformados, anunciou que quem receba menos de dois euros por mês irá ficar
isento do pagamento do imposto Contribuição Social Generalizada (CSG).
Macron afirmou que “o investimento na Nação é inédito”, mas
quer ser mais rápido neste assunto. “Peço ao Governo para fazer o necessário
para as pessoas viverem melhor”, afirmou. “Reagiremos às exigências económica e
social com uma resposta forte”.
Os benefícios não são só para os cidadãos em França com
rendimentos mais baixos. Macron lembrou que os manifestantes reclamam o aumento
dos impostos sobre os mais ricos, mas o presidente considera que esta medida
iria levar a uma fuga das empresas para outros países. Afirmou que é necessário
que as empresas e cidadãos mais afortunados ajudem a nação, nomeadamente
através da criação de emprego. “Voltar ao passado [com a subida dos impostos
aos mais ricos] seria uma fraqueza. Mas o parlamento e o governo deverão ir
mais além para combater a evasão fiscal”, referiu.
Este sábado, perto de 2.000 pessoas foram identificadas em
França nos protestos dos “coletes amarelos” que levaram às ruas cerca de
136.000 manifestantes. As interpelações deram origem a mais de 1.700 detenções,
segundo o balanço definitivo do quarto grande dia de manifestações daquele
movimento, que começou há algumas semanas em protesto contra o aumento do preço
dos combustíveis.
A violência foi menor do que no fim de semana passado graças
a um dispositivo de segurança que contou com 8.000 agentes e veículos
blindados. Ainda assim, Paris voltou a assistir a cenas de carros queimados,
montras partidas, lojas saqueadas e barricadas nas ruas.
“Nenhuma ira justifica que se ataque um polícia ou que se
estraguem montras”, disse Macron, esta segunda-feira. “A nossa liberdade apenas
existe se pudermos exprimir opiniões sem ninguém ter medo. Dei ao Governo
instruções rigorosas. No entanto, no início desse episódio há ira e indignação
que muitos franceses podem partilha-la. Não quero que seja reduzida a estes
comportamentos inaceitáveis”.
O presidente assumiu a responsabilidade de não ter
conseguido, deste que chegou à presidente de França, acalmar essas indignações.
“É possível que tenha dado a impressão que não era a minha prioridade”, disse,
acrescentando que acredita nas capacidades de o país sair desta crise social.
Devido aos protestos, deputados da esquerda francesa — do
Partido Socialista, do França Insubmissa e do Partido Comunista — tinham
apresentado uma moção de censura contra Macron, que iria avançar esta
segunda-feira, mas acabou por ser adiada à espera das reuniões do presidente
com os sindicatos e das posteriores declarações. Sem se referir especificamente
a este assunto, Macron acrescentou: “A violência não será beneficiada. Todos
vimos os oportunistas que tentaram aproveitar-se da ira”.
(Notícia atualizada às 19h45)
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