terça-feira, 18 de dezembro de 2018



“Coletes amarelos” querem trancar portagens da Ponte 25 de Abril
17.12.2018 08:29 por Leonor Riso 2240

Manifestação organizada através das redes sociais já tem hora marcada e deverá ocorrer no dia 21 de Dezembro.

Para o dia 21 de Dezembro, está marcada uma manifestação em Portugal dos "coletes amarelos", o protesto que nasceu em França. Está a ser organizada através do Facebook e Whatsapp, e tem hora marcada: 7 da manhã. Entre os locais que os manifestantes prometem afectar, encontra-se a Ponte 25 de Abril: querem trancar as portagens.

De acordo com o jornal i, nas redes sociais também se manifesta a intenção de parar o trânsito no Marquês de Pombal. No Porto, querem impedir a circulação no Nó de Francos. Em Loures, querem parar as portagens da A8. Estão ainda marcados encontros no Rossio, em Viseu, e no Fórum Algarve, em Faro.

Mais de 45 mil pessoas estão interessadas no grupo de Facebook "Vamos parar Portugal como forma de protesto" e 14 mil confirmaram a presença.

A PSP suspendeu folgas para reforçar a prevenção no dia 21 de Dezembro. Serão mobilizados 20 mil efectivos em todo o país.


Governo em “alerta vermelho” com manifestações de sexta-feira
Executivo e polícias acreditam que protesto que imita em Portugal o movimento "coletes amarelos" de França terá grande adesão e temem que manifestações possam ser infiltradas por movimentos extremistas e por criminosos comuns, que provoquem violência, destruição e roubos.

ANA SÁ LOPES e LUCIANO ALVAREZ 18 de Dezembro de 2018, 7:45

O Governo está “muito preocupado” e em “estado de alerta” com a manifestação marcada para a próxima sexta-feira, sob o lema “Vamos Parar Portugal”. A organização do evento está a convocar os cidadãos através das redes sociais para virem para a rua em vários pontos do país, que faz revindicações de vária ordem e que tenta imitar o movimento dos "coletes amarelos" de França.

Um membro do Governo admitiu ao PÚBLICO a sua preocupação com a possibilidade de os protestos virem a ter uma adesão significativa, nomeadamente na sequência da revolta dos "coletes amarelos" em França e com a reacção de Macron. Ou seja, o facto de o Presidente francês ter cedido a algumas das revindicações feitas pelos manifestantes, nomeadamente o aumento de 100 euros no salário mínimo, pode eventualmente levar os portugueses a acharem que vale a pena protestarem porque há exemplos de governos a cederem sob a pressão da rua.

O Governo também teme que a manifestação - que se diz independente dos partidos (até agora não teve a adesão de nenhum deles) e da qual as centrais sindicais também já se demarcaram - seja infiltrada por movimentos extremistas e até por criminosos comuns e que estes, tal como aconteceu em França, provoquem desacatos, destruição de propriedade e até pilhagens.

O facto de os manifestantes estarem a ser convocados para alguns locais considerados sensíveis em termos de segurança, como é o caso das portagens da Ponte 25 de Abril, é outro dos factores de apreensão.

As preocupações dos governantes estão espelhadas nas informações que as forças policiais têm revelado nos últimos dias sobre as medidas de segurança adoptadas para o dia das manifestações, que a PSP acredita serem “de grande dimensão”. Todas as folgas e créditos horários dos agentes foram suspensos no dia 21, de forma a conseguir ter espalhado por todo país um efectivo de cerca de 20 mil agentes, segundo estimou o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues. Também na GNR haverá um contingente de prevenção.

“Vamos ter manifestações de grande dimensão em todo o país e mandam as regras do bom senso ter pessoal operacional”, disse à Lusa o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, intendente Alexandre Coimbra, na passada sexta-feira.

Já nesta segunda-feira, a direcção nacional da PSP emitiu um comunicado em que diz estar a preparar um "dispositivo adequado" para dia 21 e no qual apela ao respeito pela lei. A direcção da força policial lembra que os promotores das manifestações “têm de comunicar aos presidentes das câmaras municipais, por escrito e com a antecedência mínima de dois dias úteis, a intenção de realizar a manifestação”. A PSP apela ainda “a todos os cidadãos que decidam exercer o seu direito de manifestação, que o façam de forma pacífica e em respeito pela lei”.

Segundo a Lusa, a PSP já se reuniu com os promotores das iniciativas previstas para Braga e Porto, estando agendado para terça-feira uma reunião com os organizadores do protesto de Lisboa.

Os apelos às manifestações começaram a ser feitos nas redes sociais, especialmente no Facebook, há cerca de três semanas, por cidadãos anónimos que apenas assumiam ser da zona Oeste do país.

Ao longo do tempo algumas pessoas têm-se assumido como promotores de algumas das acções de protesto e começaram a ser convocadas manifestações em Lisboa, Porto, Faro, Beja e Viseu. Porém, nos últimos dias, na página do Facebook do movimento, tem-se multiplicado o número de pessoas a fazer convocações de manifestantes para outras cidades, vilas do país e até estradas.

No apelo inicial ao protesto, os promotores pedem manifestações sem violência, “de forma humana e civilizada” e com “respeito, sem xenofobia e racismo”. “Somos um dos países que recebe menos e paga mais imposto etc, etc e ficamos caladinhos como sempre. Temos países a receber o dobro de nós, assim que existe algo que não agrade, reclamam, exigem, protestam até serem ouvidos. E nós portugueses? Chega, vamos dizer basta ao aumento de combustíveis, portagens e tudo o resto que está mal”, diz a convocatória inicial.

“Percebam uma coisa, isto não é nenhuma manifestação. Isso já se fazem 200 por ano e nada. Isto é um bloqueio! Protesto! Revolta do povo unido até o povo ser ouvido! Não somos nenhum partido político, nem algo do género. Apenas somos o povo português, que quer um país mais justo”, acrescenta.


 Gilets jaunes: grassroots heroes or tools of the Kremlin?
Russian media have seized on the yellow vest protests – but they don’t seem to have played a role in their genesis

Andrew Roth in Moscow and Angelique Chrisafis in Paris
Mon 17 Dec 2018 22.39 GMT Last modified on Mon 17 Dec 2018 22.52 GMT

Russian state television has spent much of the last two weeks playing up the chaos of France’s protests, continuing a trend of coverage that emerged long before troll factories and the modern era of “fake news”.

Seven years ago, the Kremlin-backed TV station Russia Today went all in on coverage of a leftist street protest in the west. Did Occupy Wall Street fit the Kremlin’s interests of showing a western nation in (relative) chaos? Yes. But at that time, few would have suggested that Occupy was anything but a genuine protest movement.

By contrast, at that time it was autocratic governments, like Russia and the monarchies of the Middle East, which suggested that foreign coverage of the Arab spring and the White Ribbon protests of 2011-12 were part of a vast plot from abroad.

Thanks to recent events, specifically the 2016 US election, protests in the west are now treated with wariness, and France is already investigating whether it too has been a victim of Russian disinformation.

Projects that track Kremlin influence abroad, such as the Alliance for Securing Democracy dashboard, listed “#giletsjaunes” as one of the trending terms used by accounts “linked to Russian influence operations”.

The thinktank doesn’t name the accounts it monitors, which makes checking the reports impossible. But in this case it would be hard not to notice Russian media laser-focused on the protests and Russian online trolls doing what they love: trolling.

What similar studies do not measure is the efficacy of Russian messaging. Can fake Facebook groups or flashy RT programming prompt mass protest movements or significantly change voting behaviour abroad?

It is possible that time will come, but there is scant evidence to prove that it has done so already. For the moment, on-the-ground reporting shows that participants in the gilets jaunes (yellow vests) have organic, significant causes for protest that are tied neither closely to Russia or to what they read online.

The gilets jaunes movement is a grassroots citizens’ movement that has no leader or organised structure. The protests began in November against a proposed fuel tax that would have pushed up the price of petrol, affecting many people in rural and suburban areas who depend on cars, having little access to public transport.

On the barricades on roundabouts and at tollbooths in rural and suburban France, gilets jaunes demonstrators said they had joined the protests out of frustration with their struggle to make ends meet.

Although most had organised their protests via local Facebook groups or social media, many said they were protesting because of real difficulties in their lives rather than because of what they had been reading or watching online.

However, the French government has been attentive to foreign leaders trying to jump on the back of the gilets jaunes protests or use them for their own domestic audiences. And Russia has not been the only focus. Donald Trump falsely tweeted on December 8 that French protesters were chanting: “We want Trump!”

The French foreign minister, Jean Yves le Drian, said on French radio: “I tell Donald Trump – and the French president tells him too – we don’t take part in American debates. Let us live our life as a nation.”

Asked whether Russian tweets may have contributed to protests, he said: “I’ve heard those rumours. An investigation is under way by our secretary general of national defence. We’ll wait for the results.”

Russian television has given significant airtime to suggestions that Moscow is behind the protests, but used it to say the accusations just discredit the west. At the same time, it has also highlighted events that seem to suggest a connection between Russia and what is happening in France.

The Russia-24 state television station aired footage that supposedly showed protesters playing the Russian folk song Kalinka on a piano, which was later shown to be fake.

Sixty Minutes, a hawkish political talkshow, interviewed a French protester who unveiled the flag of a Russian-backed separatist state in east Ukraine during the marches. The hosts urged him to take out the flag again. “This is just a joke,” he said. “But I would like the Kremlin to send me a million dollars.”

But none of that reflects the genuine interests of most French protesters, or indicates that Russian media has done more than jump on a bandwagon.

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