quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Moody's alerta para risco de irrealismo no preço das casas em Lisboa e Porto / Moody’s vê “subida de preços fora do normal” nas casas em Lisboa e no Porto



Enquanto, temporáriament,o princípio "Greed is good" triumfa, com o apoio activo de Medina, Costa e Salgado, numa irresponsável espiral especulativa ... entretanto...o "estoiro" e a implosão definitiva preparam-se ...
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Moody's alerta para risco de irrealismo no preço das casas em Lisboa e Porto
A agência de rating prevê que os preços das casas continuem a subir em Portugal. Mas diz que em algumas zonas os aumentos não foram normais.

Rui Barroso
13 Dezembro 2018 — 00:09

A Moody's prevê que os preços das casas vão aumentar mais em Portugal. Mas refere já subidas fora do normal em algumas das zonas mais nobres de Lisboa e Porto. Nessas áreas começam a aparecer alguns riscos, segundo os analistas da agência de rating.

"Nestas áreas o mercado de habitação está a acelerar a um ritmo não usual, particularmente se existir uma desconexão entre os níveis de rendimento e a inflação nos preços das casas", refere a Moody's num relatório a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso. Ainda assim, tem como cenário base uma evolução saudável na inflação no preço das casas.

A agência avisa que o equilíbrio do mercado arrisca ficar comprometido se "os compradores tiverem expectativas irrealistas sobre até que ponto os preços irão continuar a subir nestas zonas nobres". Isto depois de notar que "em alguns locais, os preços já aceleraram de forma acentuada, principalmente em zonas nobres de Lisboa e, em menor medida, em algumas áreas do Porto".

Desde o início de 2016 até junho deste ano, o valor mediano dos negócios feitos no concelho de Lisboa aumentou mais de 46%. Uma casa de 100 metros quadrados é vendida a 275 mil euros. No concelho do Porto o aumento foi de 34%, com um imóvel com a mesma área a ser vendido a 146 mil euros, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística. Em Portugal, em média, o aumento foi de 16,75%. Uma casa da mesma dimensão foi vendida a quase 97 mil euros na média do país.

A Moody's explica a subida dos preços no país com a melhoria das condições económicas, o crescimento do turismo e o investimento estrangeiro. "As condições do mercado de trabalho estão a melhorar, o que está a levar a um aumento da procura doméstica. A taxa de desemprego menor implica que uma maior proporção de consumidores esteja numa posição mais favorável para cumprir com o serviço de dívida e comprar, vender e remodelar as suas propriedades", salienta a agência.

Além desse fator, os analistas desta entidade realçam que "o maior nível de investimento estrangeiro está também a contribuir para a inflação no preço das casas em Portugal". A Moody"s destaca neste ponto os incentivos fiscais a não-residentes e os vistos gold. E realça também o efeito do crescimento do turismo no valor do imobiliário.

Num estudo recente, a agência tinha estimado que Portugal iria liderar a subida dos preços das casas na Europa, com aumentos de entre 7% a 8% até 2020.

Banca beneficia com aumento dos preços
A Moody's considera que a valorização nos preços do imobiliário está a ajudar os bancos a reduzirem o preso do crédito malparado. "O crescimento económico, a maior recuperação nos empréstimos, amortizações e a venda de carteiras de crédito não produtivo [NPL na sigla em inglês] significam que a quantidade de NPL do sistema bancário português tenha descido substancialmente no primeiro semestre de 2018", refere a agência no relatório. Segundo dados do Banco de Portugal, "desde o máximo histórico, observado em junho de 2016, o sistema bancário português realizou um ajustamento relevante, reduzindo cerca de 18 mil milhões de euros de NPL, dos quais aproximadamente 12 mil milhões de euros referentes a sociedades não financeiras".

A Moody's antecipa que "esta descida do volume de NPL continue nos próximos meses, apesar do stock permanecer elevado comparando com outros sistemas bancários da Europa". No final de junho, o rácio de malparado de Portugal era de 12,4%, mais do triplo da média da União Europeia, que era de 4%.

 Moody’s vê “subida de preços fora do normal” nas casas em Lisboa e no Porto
Rita Neto

A agência de notação financeira acredita que o preços das casas vão continuar a aumentar, pelo menos nos próximos 12 a 18 meses.
Omercado imobiliário está ao rubro. E assim deverá continuar. A Moody’s acredita que os aumentos sucessivos de preços que se têm vindo a registar deverão continuar nos próximos 12 a 18 meses. Mas alerta para o risco que é a subida a um “ritmo fora do normal” dos preços dos imóveis tanto em Lisboa como no Porto.

“Prevemos uma inflação contínua nos preços da habitação nos próximos 12 a 18 meses”, especialmente nas zonas mais prime da capital, começa por dizer a agência de rating, no relatório sobre o mercado imobiliário em Portugal. Para a Moody’s, essas subidas sucessivas devem-se ao ambiente macroeconómico mais forte e ao elevado investimento internacional em imóveis nacionais.

“Em algumas zonas do país, os preços têm acelerado rapidamente, especialmente em algumas partes de Lisboa e, com menos rapidez, em algumas partes do Porto”, diz António Tena, vice-presidente e analista da Moody’s. E alerta: “o mercado imobiliário nessas áreas está a acelerar a um ritmo fora do normal”.

Esta subida que a Moody’s considera “fora do normal” é assim retratada tendo em conta que os níveis de rendimento das famílias portuguesas que “parecem não acompanhar o crescimento dos preços das casas nessas zonas”, alerta a agência de notação financeira norte-americana.

“As condições do mercado de trabalho estão a melhorar, o que está a sustentar a procura interna e a contribuir para preços de habitação mais elevados. A menor taxa de desemprego significa que existem mais consumidores em condição de pagar as hipotecas e, desta forma, comprar, vender e reabilitar os imóveis“, continua a Moody’s. No entanto, o ritmo de subida de preços e o dos rendimentos das famílias está desfasado.

Para além do mercado de trabalho, o turismo e os sucessivos investimentos internacionais também contribuem para esta dinâmica do mercado imobiliário, sobretudo devido aos regimes fiscais, para o residente não habitual e os vistos gold.

“O equilíbrio do mercado imobiliário interno irá desequilibrar-se se os compradores tiverem expectativas irrealistas sobre o quão mais os preços irão aumentar”, alerta a Moody’s.

Apesar destes sinais de alarme, a agência afasta a ideia de que há uma bolha no mercado, tal como o Banco de Portugal o fez ainda recentemente no Relatório de Estabilidade Financeira. “Não existe nenhuma indicação de que a taxa de construção esteja a ser hiperativa [esteja a crescer demasiado face à procura], o que, se fosse esse o caso a nível nacional, poderia indicar uma potencial bolha nos ativos imobiliários”.

Diz, antes, que o aumento dos preços é positivo para os bancos, nomeadamente para o financiamento destes no mercado de obrigações hipotecárias e de títulos garantidos por hipotecas residenciais (RMBS em inglês). À imagem do que acontece com o malparado, com a subida do valor dos imóveis ficam limitadas as perdas nos empréstimos em caso de incumprimento dos devedores, porque o valor das propriedades que são depois vendidas chega para cobrir uma grande parte do dinheiro perdido.

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