Projecto para Martim Moniz "não é o ideal", mas “é
bem melhor do que o que lá está hoje”
Câmara de Lisboa foi novamente muito criticada pelo projecto
para o Miradouro de Santa Catarina e pelos contentores que o concessionário
quer pôr no Martim Moniz
João Pedro Pincha
JOÃO PEDRO PINCHA 19 de Dezembro de 2018, 20:26
O presidente da câmara de Lisboa diz que o projecto
apresentado para o Martim Moniz “não é o melhor” e “não é o ideal”, mas “é bem
melhor do que aquilo que lá está hoje”. Fernando Medina fez questão de dizer
que este “não é um projecto da câmara”, mas do concessionário, e que aguarda as
alterações anunciadas.
Na reunião pública da autarquia, uma munícipe, em
representação do movimento Libertem o Adamastor!, entregou uma petição com mais
de quatro mil assinaturas contra a colocação de uma vedação no Miradouro de
Santa Catarina. Depois de criticar longamente a câmara por essa intenção, Irina
Gomes ainda se referiu brevemente ao Martim Moniz, originando animado debate
entre os vereadores.
"Não estamos a desenhar o Martim Moniz do zero. Aprecio
bem que tenha havido propostas de alteração e vamos ver quando estas propostas
chegarão. Acho que a solução proposta é bem melhor do que o que lá está hoje.
Não é a melhor, admito”, disse Fernando Medina.
Como o PÚBLICO já noticiou, a nova concessionária da praça,
uma empresa chamada Moonbrigade SA, quer criar um recinto comercial composto
por contentores. Depois das intensíssimas críticas da população de Santa Maria
Maior, da junta de freguesia, do Fórum Cidadania Lx e de quase todos os
partidos, a Moonbrigade anunciou recentemente ligeiras alterações ao projecto:
abdicou de uma vedação e acrescentou mais arbustos e floreiras.
Esta quarta-feira, Fernando Medina lembrou que “desde há
larguíssimas décadas” se vêm fazendo projectos para o Martim Moniz e até disse
que muitos deles “eram maus”. “A câmara decidiu seguir o mesmo lastro”, atirou
João Ferreira, do PCP. Tanto comunistas como sociais-democratas defendem, em
vez dos contentores, o lançamento de um processo de participação pública,
recolhendo ideias e depois tomando uma decisão.
Para todos os vereadores da oposição, Martim Moniz e
Miradouro de Santa Catarina (conhecido igualmente como Adamastor) são dois
sítios da cidade em que a maioria socialista está a cometer o mesmo erro: não
ouvir as pessoas e impor soluções. Ana Jara, do PCP, até acusou Fernando Medina
de “dificuldade em conviver com a participação democrática na cidade” e de não
compreender “que está perante uma cidade que se tem organizado em movimentos”
para se fazer ouvir.
“Eu não aceito qualquer lição sobre democracia e processos
participativos. E não aceito lições de moral sobre direito ao espaço público”,
respondeu Medina. “Ainda não lhe ouvi meia ideia sobre o Adamastor”, acusou o
autarca.
O vereador do Bloco, Manuel Grilo, aproveitou a ocasião para
anunciar que em Janeiro vai apresentar uma proposta alternativa à vedação –
que, como o PÚBLICO noticiou, consta do projecto do atelier de arquitectura
Proap contratado pela câmara. A ideia bloquista passa por colocar bancos e
mesas “independentes do quiosque, independentes do consumo”, fazer “um plano
anual de dinamização do espaço”, com “feiras, concertos, performances de dança
e teatro” e ainda “promover o policiamento de proximidade no local”.
“Estarei muito
disponível para trocar as minhas ideias por outras. Ainda não ouvi uma melhor”,
afirmou Medina mais do que uma vez. “De há largos anos a esta parte que, em
todas as reuniões que fazemos com a população destes bairros, os problemas de
segurança, de degradação do espaço público são relatados de forma
ininterrupta”, disse o autarca.
“Nós temos ali um problema de segurança. Tem de haver um
plano, uma intervenção. E não é um muro. O muro já se percebeu que não é
solução”, disse João Gonçalves Pereira, do CDS. “Continua a existir violência e
tráfico de droga”, corroborou João Pedro Costa, do PSD. “Não aceito que digam
que a solução para aquele espaço é de polícia”, respondeu o presidente da
câmara
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