Presidente da China paga 2 milhões e fecha Ritz em Lisboa
Redação TVI24 21
horas atrás
Dois milhões de euros
é quanto Xi Jinping, opresidente da China, em visita de Estado a
Portugal esta terça-feira, para ter por sua conta o histórico hotel Ritz em
Lisboa, durante dois dias, noticia o jornal "I".
Mas a despesa feita pelo líder daquele país, que se quer
colocar no lugar dos grandes, EUA e Rússia, e já afirmou que o seu país é uma
superpotência, não fica por aqui. Xi Jinping, que só confia em produtos feitos
na China, dispensou a carroçaria portuguesa e traz as três limusines blindadas
em que se costuma deslocar. E como têm dimensões superiores às habituais houve
necessidade de alargar quer a entrada da garagem do hotel Ritz, quer o portão
da saída de emergência do aeroporto Humberto Delgado, por onde o presidente
chinês, entre apertadas medidas segurança entrou hoje pelas 8h00. Em ambos os
casos, diz o jornal, foi o presidente que pagou as obras.
Nesta visita, que está a ser preparada há meses, o
presidente da China vai pernoitar em uma luxuosa suite do Ritz, no 10º piso,
com vista para toda a cidade. É a primeira vez que Ritz faz este tipo de
contrato.
Presidente chinês é “dono disto tudo”. Comentário de chefe
de divisão no MNE é “lamentável”, diz ministro
Paulo Chaves chamou ao presidente chinês "DDT" ,
sigla corrente para “dono disto tudo”. Gabinete do ministro pediu averiguações
para saber se foi cometida alguma infracção.
Liliana Valente
LILIANA VALENTE 4 de Dezembro de 2018, 21:56 actualizado a 4
de Dezembro de 2018, 22:50
O chefe de divisão de informação e imprensa do Ministério
dos Negócios Estrangeiros, o diplomata Paulo Chaves, não escondeu o seu
contentamento com a chegada do Presidente chinês a Portugal. "The dragon
has landed", escreveu num post do seu Facebook privado com fotografias de
Xi Jinping a aterrar em Lisboa. Depois, num comentário a esse post, em que era
perguntado se "já estão todos de cócoras e prontos para beijar a barra do
casaco?", Paulo Chaves referiu-se ao presidente chinês como
"DDT", a sigla utilizada para significar "dono disto tudo".
O comentário de Paulo Chaves no seu Facebook privado correu
entre alguns diplomatas que manifestaram desagrado por verem outro diplomata e
chefe de divisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) a comentar a
chegada do Presidente chinês Xi Jinping daquela forma. Sobretudo porque Chaves
não é um diplomata qualquer, é um dos responsáveis pela missão para a presidência
portuguesa da União Europeia em 2021 e o chefe de informação e imprensa, que
lhe dá o pelouro também das redes sociais. E o incómodo acontece numa altura em
que se debate o papel de Portugal na estratégia chinesa e no equilíbrio
necessário entre os interesses portugueses e da União Europeia.
Esta conduta de Paulo Chaves será alvo de averiguações. O
gabinete de Augusto Santos Silva respondeu ao PÚBLICO que, "logo que soube
deste episódio lamentável" através das perguntas endereçadas, "o
ministro determinou ao organismo competente que averiguasse se foi aqui
cometida alguma infracção".
Para o MNE este tipo de comentário não é "de todo"
adequado, "mesmo que em contexto de conversa privada ou em registo
irónico", até porque os diplomatas estão obrigados a algumas regras de
conduta nos seus comportamentos em público e, no caso de Chaves, acresce o
facto de ser o responsável pela informação e imprensa do ministério.
De acordo com as regras do MNE, quem trabalhe no ministério
tem de seguir regras e princípios, mesmo em contas pessoais, porque, diz o
gabinete de Santos Silva, "tudo o que possa fazer, dizer ou partilhar
nessa rede social será potencialmente visto em função dessa associação",
uma vez que "nenhuma conta numa rede social é verdadeiramente privada, na
medida em que toda a informação é inerentemente partilhada com terceiros".
E por isso, acrescenta o MNE, "a partilha de qualquer tipo de informação,
opinião ou escolha presente ou passada poderá ter consequências futuras
imprevisíveis”.
Aliás, no post de Paulo Chaves há um diplomata que questiona
se houve alguém que "perdeu a noção" pelo facto de estar na fila de
honra para receber o Presidente chinês e tirar fotografias ao mesmo tempo.
Nas respostas enviadas ao PÚBLICO, o gabinete de Santos
Silva recusa que esta visão do diplomata seja de algum modo compatível com a
forma como o Governo português vê o Presidente da China. "Evidentemente
que não" reflecte a posição do Governo, "quem reflecte a opinião do
Governo em matéria de política externa é o próprio ministro dos Negócios
Estrangeiros, ou os respectivos secretários de Estado", como sucedeu com a
entrevista de Santos Silva ao Sol no passado sábado.
Paulo Chaves tem uma longa carreira na diplomacia e ligações
à China. De acordo com o currículo publicado no Diário da República aquando da
sua nomeação, em Outubro de 2018, para o cargo que actualmente ocupa, é dito
que esteve na "base principal da delegação do grupo de ligação conjunto
luso-chinês e da delegação ao grupo terras luso-chinês" entre 1996 e 1999.
Depois disso, esteve nas embaixadas portuguesas de Santiago do Chile, Tóquio e
Nova Deli.
Nota: Título corrigido às 22h50. O diplomata Paulo Chaves é
chefe de divisão de informação e imprensa do MNE e não "porta-voz",
como era inicialmente referido.
tp.ocilbup@etnelav.anailil
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