May enfrenta moção de censura: "Vou contestar esse voto
com tudo o que tenho"
O número de cartas de deputados a declarar a perda de
confiança na líder atingiu o patamar para desencadear a votação, que decorrerá
entre as 18.00 e as 20.00.
Theresa May©
EPA/FILIP SINGER
Susana Salvador
12 Dezembro 2018 — 07:50
Theresa May: "Acordo é um bom negócio para o Reino
Unido"
A primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrentará esta
quarta-feira uma moção de censura à sua liderança do Partido Conservador,
depois de pelo menos 48 deputados do seu partido terem declarado ter perdido a
confiança no seu trabalho. O desafio à liderança surge num momento chave da
discussão sobre o Brexit, após May ter adiado a votação no parlamento britânico
do acordo que negociou com Bruxelas.
Caso May perca a moção de censura, os Tories terão que
eleger um novo líder que assumirá automaticamente a chefia do governo
britânico, sem necessidade de convocar eleições gerais (estas estão previstas
apenas para 2022). Só uma moção de censura no parlamento ou a decisão de May de
antecipar as eleições é que implicaria nova ida às urnas.
"Vou contestar esse voto com tudo o que tenho",
disse May, lembrando que é membro do partido há 40 anos e que sempre serviu o
"interesse nacional". A primeira-ministra diz que, neste momento,
fazer isso é defender o acordo de Brexit que negociou.
"Uma mudança de liderança agora vai pôr o futuro do
nosso país em risco", avisa May, dizendo que isso arrisca dar o controlo
das negociações à oposição no Parlamento, porque o novo líder conservador não
teria tempo para renegociar nada até 21 de janeiro (último prazo para uma
votação no parlamento). "Uma das suas primeiras medidas do novo líder
teria que ser adiar a aplicação do artigo 50 ou revogá-lo completamente",
refere May.
"Estou pronta para acabar o trabalho", concluiu a
primeira-ministra, numa declaração diante do número 10 de Downing Street.
O líder do Comité 1922 (como é conhecido o grupo parlamentar
conservador formado por deputados que não têm cargos no governo), Graham Brady,
anunciou que já tem 48 cartas de deputados conservadores a declarar a perda de
confiança em Theresa May, desencadeando automaticamente o voto de confiança.
A votação secreta decorrerá entre as 18.00 e as 20.00, sendo
os votos contados "imediatamente depois e um anúncio feito o mais rápido
possível", indicou Brady. May falará ao Comité 1922 às 17.00. Num
comunicado, o líder do comité afirmou: "O limiar de 15% do grupo
parlamentar a pedir um voto de confiança na líder do Partido Conservador foi
ultrapassado."
BBC Breakfast
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@BBCBreakfast
BREAKING: Here is the
letter from Sir Graham Brady MP triggering the
Conservative party leadership contest ⬇️
48
8:51 AM - Dec 12, 2018
Nessa votação, caso haja 158 votos contra May entre os 315
deputados do partido no Parlamento implicam a sua saída de líder do Partido
Conservador e consequentemente do número 10 de Downing Street. Mas, caso May
vença, ficará blindada durante um ano, não podendo ser novamente desafiada
durante esse período.
Rebelião ou recuo tático? Desafio à liderança de May pode
blindá-la durante um ano
O desafio à liderança surge depois de a primeira-ministra
ter adiado a votação do acordo de Brexit no parlamento britânico, sabendo à
partida que não tinha o número de apoios necessários para ultrapassar esse
obstáculo. May iniciou na terça-feira um périplo pelas capitais europeias à
procura de mais garantias, mas foi sempre recebida com a rejeição dos líderes
europeus em renegociar o Brexit. Amanhã há Conselho Europeu.
Apoio a May
Vários ministros estão a publicar no Twitter o seu apoio à
primeira-ministra. "Apoio a primeira-ministra a 100% - e exorto todos os
deputados conservadores a fazer o mesmo. Ela está a lutar pelo nosso país e não
há ninguém melhor colocado para garantir que a decisão do povo britânico de
deixar a União Europeia é cumprida", escreveu Michael Gove, ministro do
Ambiente.
Michael Gove
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@michaelgove
I am backing the
Prime Minister 100% - and I urge every Conservative MP to do the same. She is
battling hard for our country and no one is better placed to ensure we deliver
on the British people’s decision to leave the EU.
"A primeira-ministra tem o meu apoio total, desde logo
porque ela sempre fez o que acredita firmemente ser o interesse nacional. O
nosso país precisa que todos lutemos por um bom acordo e que nos preparemos
para o cenário de um não-acordo", escreveu Penny Mordaunt, ministra para o
Desenvolvimento Internacional e secretária de Estado para a Mulher e a
Igualdade.
Penny Mordaunt MP
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@PennyMordaunt
The Prime Minister has
my full support, not least because she has always done what she firmly believes
is in the national interest. Our country needs us all to fight for a good deal
and prepare for a no deal senario. All eyes and hands should be on that task.
Se May perder, desencadeia uma corrida à liderança, estando
impedida de concorrer nessa eleição. O seu sucessor ou sucessora será também
chefe do governo, não havendo necessidade de convocar eleições gerais (estas
estão previstas apenas para 2022).
Se existirem vários candidatos, existe um voto secreto entre
os deputados conservadores. O candidato com menos votos vai saindo a cada votação
(que se repete às terças e quintas) até que só restem dois. Esses vão depois a
votos entre todos os militantes do partido (especialistas indicam que o
processo pode ser rápido, visto que a informação já está toda organizada).
Quando David Cameron decidiu afastar-se da liderança do
partido, após o referendo do Brexit de 2016, houve cinco candidatos. A escolha
final seria entre Theresa May e a ministra Andrea Leadsom, que recuou antes do
voto dos militantes, permitindo que May se tornasse líder sem oposição.
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