BIODIVERSIDADE
Nova espécie
encontrada na Fossa das Marianas já tinha plástico
A nova espécie
foi baptizada de Eurythenes plasticus, devido ao plástico que tinha ingerido.
PÚBLICO 5 de
Março de 2020, 8:01
A 6900 de
profundidade, em plena Fossa das Marianas, foi descoberta uma nova espécie de
anfípode, pertencente à ordem dos crustáceos. Mesmo nesta parte do oceano
Pacífico, o lugar mais profundo do planeta, esta espécie já foi encontrada com
plástico. Por isso, foi baptizada com o nome científico de Eurythenes
plasticus. O anúncio é feito esta quinta-feira na revista científica
Zootaxa.
Já vai sendo bem
conhecida a longa viagem que os plásticos fazem até chegarem aos organismos
marinhos. Num comunicado da World Wide Fund for Nature (WWF) – que apoiou esta
investigação –, destaca-se que “como a maior parte do lixo plástico não pode
ser reciclado, acaba por ser queimado ou despejado em aterros”. Acaba assim por
chegar aos rios e oceanos. Aqui, vai espalhar-se pelas águas e decompor-se em
microplásticos e nanoplásticos. Com estas dimensões minúsculas, torna-se fácil
que o plástico seja ingerido pelos organismos marinhos.
No Eurythenes
plasticus foi encontrado polietileno tereftalato (PET), uma substância
existente numa grande quantidade de itens domésticos de uso comum, como
garrafas de água e roupa. “Decidimos nomeá-lo Eurythenes plasticus, pois
queríamos destacar o facto de precisarmos de tomar medidas imediatas para
impedir o dilúvio de resíduos plásticos nos nossos oceanos”, diz no comunicado
Alan Jamieson, chefe da missão de investigação e da Universidade de Newcastle,
no Reino Unido.
Mesmo assim,
Catarina Grilo (directora de Conservação e Políticas da ANP/WWF – Associação
Natureza Portugal/World Wide Fund for Nature) ressalva que nem todos os
espécimes da Eurythenes plasticus foram encontrados com plástico. “Ainda há
esperança de que muitos mais espécimes de E. plasticus sejam isentos de
plástico e que o seu nome sirva apenas de lembrança da extensão da poluição
marinha por plásticos no mundo”, refere também no comunicado.
Já Heike Vesper,
director do programa marinho da WWF da Alemanha, diz que esta espécie nos
mostra as consequências tão abrangentes da nossa utilização excessiva e fraca
gestão dos plásticos. “Existem espécies que vivem nos lugares mais profundos e
remotos da Terra que já ingeriram plástico antes mesmo de serem conhecidas pela
humanidade”, alerta. Uma delas tornou-se agora uma das caras da crise da
poluição do plástico.
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