Lisboa é a
segunda pior capital europeia na exposição ao ruído do tráfego aéreo
A associação
ambientalista Zero disse este domingo que Lisboa é a segunda pior capital
europeia, a seguir ao Luxemburgo, em termos de exposição ao ruído do tráfego
aéreo, depois de analisar um recente relatório da Agência Europeia do Ambiente
(AEA).
Lusa
08 Março 2020 —
15:08
De acordo com a
análise da Zero, hoje divulgada, o relatório "Ruído Ambiental na Europa.
2020", publicado pela AEA na quinta-feira, concluiu que Lisboa é a segunda
pior capital europeia, a seguir ao Luxemburgo, em termos de exposição ao ruído
do tráfego aéreo, no que respeita ao indicador Lden (média de 24 horas
ponderada por períodos diurno, entardecer e noturno), com 15% da população do
município exposta a níveis superiores a 55 decibéis (dB), e ao indicador Ln
(ruído noturno entre as 23:00 e as 07:00), com 10% da população exposta a
níveis superiores a 50 dB.
"As
conclusões são verdadeiramente impressionantes e dramáticas. Portugal,
comparativamente com os outros países da União Europeia e Reino Unido,
apresenta uma situação muito desfavorável em termos de níveis de ruído
identificados no quadro da legislação europeia no que respeita ao tráfego
aéreo", defende aquela associação ambientalista, em comunicado.
Esta situação,
diz, "sobressai em relação ao ruído dos tráfegos rodoviário e
ferroviário".
Os dados indicam
também que Portugal tem cerca de 7% da população das aglomerações (onde, de
acordo com a legislação europeia se incluem os municípios de Lisboa e Porto e
alguns dos arredores destas duas cidades), exposta a valores superiores a 50
dB, associados exclusivamente ao tráfego aéreo.
Portugal aparece
também como o país da União Europeia com maior percentagem de crianças entre os
7 e os 17 anos afetadas por problemas de leitura nas áreas afetadas por tráfego
aéreo (6,8%) e, em termos absolutos, é o quinto pior país, com cerca de 7.500
crianças afetadas, destaca a Zero.
"Os dados
apresentados tornam inequívoca a necessidade de urgentemente garantir a
exclusão absoluta de voos noturnos, tal como previsto na Lei do Ruído, e sem
quaisquer exceções após o final das obras em curso", defende a associação,
que considera "necessário discutir de forma estratégica" o futuro do
aeroporto Humberto Delgado a médio prazo e inviabilizar o "contrato de
permanência desta infraestrutura até ao ano de 2062".
Em janeiro, num
debate sobre o aeroporto da capital, o presidente da associação ambientalista
Zero, Francisco Ferreira, já tinha alertado para o facto de a Lei do Ruído
estar a ser ignorada em Lisboa e de a poluição sonora ultrapassar "em
muito" os níveis permitidos devido aos aviões.
Numa audição
parlamentar na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, no
dia 19 de fevereiro, o ministro das Infraestruturas rejeitou que a expansão do
aeroporto de Lisboa seja para aumentar os movimentos por hora, assegurando que
a ideia é pôr a infraestrutura a funcionar com fluidez, permitindo a eliminação
de voos no período noturno.
"Caminharmos
para zero voos no período noturno" é o objetivo, afirmou o ministro Pedro
Nuno Santos, referindo que esta é "uma exigência justa" do presidente
da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina.
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