REFUGIADOS
Grécia vai enviar
para os países de origem os refugiados que a Turquia pôs na sua fronteira
O ministro do
Interior turco, Suleyman Soylu, anunciou que Ancara está a preparar um caso
para apresentar ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos para denunciar o
tratamento dado pela Grécia aos refugiados.
Reuters 5 de
Março de 2020, 12:00
A Grécia já repeliu
da fronteira cerca de 35 mil refugiados sem documentos que tentavam entrar no
seu território, desde que a Turquia abriu as suas fronteiras, na quinta-feira
passada, diz o Governo de Atenas, que se prepara para enviar para os seus
países de origem os que tiverem conseguido entrar desde 1 de Março.
O ministro da
Imigração grego, Notis Mitarachi, disse que quem entrou ilegalmente no país a
partir de dia 1 será transferido para a cidade de Serres, no Norte, e daí será
deportado para o seu país.
A partir dessa
data não serão aceites mais pedidos de asilo e os migrantes que tenham entrado
na Grécia antes de 1 de Janeiro de 2019 e que actualmente estejam nas ilhas
gregas – sobrelotadas, e a viver numa situação de enorme tensão – serão
transferidos para o continente nos próximos dias, acrescentou Mitarachi.
Segundo a
Reuters, a situação está calma esta quinta-feira na fronteira de Kastanies,
entre a Grécia e a Turquia. Os refugiados, vindos do Afeganistão e do
Paquistão, bem como da Síria e outros países da região, mantêm-se nas suas
tendas, em campos improvisados, no lado turco da fronteira.
Ancara acusou as
forças gregas de terem morto a tiro quatro refugiados – o que Atenas nega,
acusando, por sua vez, a Turquia, de estar a ajudar os migrantes a cruzar a
fronteira. Ambos os lados têm usado abundantemente gás lacrimogéneo contra as
pessoas que tentam fazê-lo.
O ministro do
Interior turco, Suleyman Soylu, visitou a província de Edirne, que fica na
fronteira com a Grécia, já esta quinta-feira, e anunciou que será enviado um
destacamento de mil polícias da força de intervenção, para travar o rechaçar
dos refugiados de volta para território turco.
Soylu anunciou
ainda que a Turquia está a preparar um caso para apresentar ao Tribunal Europeu
de Direitos Humanos para denunciar o tratamento dado pela Grécia aos
refugiados. Acusou as autoridades gregas de serem responsáveis por ferimentos
em 164 refugiados e por terem forçado de volta para a Turquia cerca de 5000
pessoas.
A Grécia diz que
os seus guardas fronteiriços impediram 7000 entradas ilegais naquela fronteira
só nas últimas 24 horas, o que eleva a 34.778 o número de detenções ali feitas.
Terão conseguido passar 244 pessoas, dizem fontes governamentais gregas.
A Comissão
Europeia recusou-se a censurar o comportamento das autoridades gregas e a sua
política de dissuasão dos migrantes que procuram aceder ao território europeu.
E também se recusa a denunciar o acordo que foi assinado com o Governo da
Turquia, em Março de 2016, para travar o acesso de refugiados ao território
europeu.
“Compreendemos a
situação difícil em que a Turquia se encontra mas consideramos que os últimos
desenvolvimentos junto à fronteira europeia estão a exacerbar os problemas.
Acções unilaterais não são positivas, não beneficiam ninguém, pioram a situação
e dificultam a sua solução”, disse o alto representante da União Europeia para
a política externa, Josep Borrell, de regresso de um encontro em Ancara com o
Presidente da Turquia, Recep Rayyip Erdogan.
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