Costa, de jeans, apanhado de surpresa pela recepção angolana
O primeiro-ministro, na chegada a Luanda, foi recebido com
uma cerimónia de alas militares que não esperava.
PÚBLICO 17 de Setembro de 2018, 13:56
O primeiro-ministro não estava à espera que o Estado
angolano lhe fizesse uma tão solene recepção no aeroporto, que incluiu alas
militares. A surpresa apanhou António Costa vestido informalmente, de calças de
ganga, sem gravata e de mocassins, lado a lado com o ministro angolano das
Relações Exteriores, formalmente vestido. A imagem correu as redes sociais e
até o deputado socialista Ascenso Simões, antigo director de campanha de Costa
nas legislativas, criticou a indumentária com que o primeiro-ministro chegou a
Luanda: "De calças de ganga e sem gravata numa chegada oficial com guarda
de honra? Não havia necessidade, senhor primeiro-ministro".
A chegada foi às sete da manhã e a visita oficial só
começaria às 10, no Museu Militar, para uma homenagem a Agostinho Neto. A
informalidade do primeiro-ministro — e também a do ministro do Negócios
Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ambos sem gravata — destoava das alas
militares com que foi recebido. Um diplomata que seguia pela televisão a
chegada de Costa ao Aeroporto 4 de Fevereiro, disse ao PÚBLICO que, ao ver
Costa de jeans e sem gravata a passar
entre os militares, ia tendo um susto.
Mas se o primeiro dia de Costa em Angola começou pela
informalidade inesperada, seguiram-se outros momentos de informalidade a
simbolizarem um novo começo nas relações entre Lisboa e Luanda: o ministro das
Relações Exteriores convidou o primeiro-ministro para um almoço num restaurante
junto ao mar, ao qual também compareceram oito membros do Governo de Angola —
ministros das Finanças, Agricultura, Construção Civil, ministro do Ensino
Superior, da Justiça e o governador do Banco de Angola. Muitos estavam sem
gravata.
Gravatas e calças de ganga à parte, os tempos mudaram nas
relações entre os dois países. Depois de ter cumprido a primeira escala da
visita oficial, Costa fez questão de dizer que o passado ficou lá atrás:
"O passado ficou no museu e o que agora nos compete a todos nós que
estamos vivos é construir o futuro e nesse futuro temos de estar focados nas
relações entre Portugal e Angola".
Para já, ficou assinado o acordo que põe fim à dupla
tributação entre os dois países, o aumento do número de voos entre Lisboa e
Luanda e o aumento da linha de crédito para os empresários. Mas Costa
aproveitou para falar da próxima visita do Presidente angolano João Lourenço a
Portugal em Novembro: "Esta visita conjuga-se com a visita do Presidente
João Lourenço a Portugal. Vamos assinar o acordo estratégico de cooperação para
os próximos anos e vamos dar um sinal de confiança para o aprofundamento das
nossas relações". Interrogado sobre o que pensava das mudanças políticas
em Angola, Costa usou uma só palavra: "auspiciosas".
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