quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Construção de prédio pode obstruir parte da vista do Miradouro da Senhora do Monte




Estas imagens relembram-nos que o Miradouro da Senhora do Monte não está só e apenas ameaçado por projectos Imobiliários ... OVOODOCORVO


Construção de prédio pode obstruir parte da vista do Miradouro da Senhora do Monte
Samuel Alemão
Texto
11 Setembro, 2018

A construção de um edifício de habitação poderá vir a colocar em risco a integridade da actual vista panorâmica a partir do Miradouro da Senhora do Monte. O receio é manifestado por um grupo de moradores da zona da Graça, através de uma petição, lançada nos últimos dias, e dirigida à Câmara de Municipal de Lisboa (CML), que se encontra a apreciar o processo de licenciamento, bem como à Assembleia Municipal e à Junta de Freguesia de São Vicente. O texto que sustenta a recolha de assinaturas, a qual tem estado a ser realizada de forma presencial na zona e deverá em breve ser alargada à vertente online, alerta não só para a muito provável diminuição do campo visual obtido a partir do popular miradouro, mas também para o facto de a construção decorrer numa “zona de risco sísmico, associada a deslizamentos de terras”.

Os moradores, sabe O Corvo, já terão mesmo contratado um advogado para agir judicialmente contra a câmara municipal. Antevê-se, pois, mais uma polémica com um miradouro lisboeta, a somar à relacionada com a colocação de uma vedação e à imposição de horários de funcionamento no de Santa Catarina – actualmente encerrado para obras de requalificação. E, tal como nesse caso, também aqui se recorre a uma petição para travar os planos da autarquia. “Se este projeto vir a luz do dia, um património paisagístico e até cultural, que é de todos, será completamente desfeito! Não deixemos que isto possa acontecer! Juntemo-nos pela defesa de um património paisagístico em risco, local de eleição da nossa freguesia de São Vicente e da cidade de Lisboa!”, apela-se no abaixo-assinado agora lançado.

O edifício a construir no topo da Calçada do Monte, junto ao número 41, e que está a causar apreensão junto de alguns residentes da Graça, tem uma altura prevista total de nove metros e uma altura de fachada de seis metros, correspondentes a dois pisos acima da cota da soleira e a uma área de estacionamento subterrâneo com capacidade para seis automóveis. Estes valores resultam, porém, de uma cedência por parte do promotores do empreendimento, os quais, ao entregaram o Pedido de Informação Prévia (PIP) para este projecto nos serviços de urbanismo da autarquia, em Novembro de 2016, ambicionavam a construção do prédio com uma fachada de sete metros e desenvolvida a partir de uma cota superior. Tais ambições foram, no entanto, travadas pela CML, obrigando a que cada piso tivesse uma altura de três  metros, em vez dos 3,5 metros propostos, o que resultou na redução em um metro no conjunto da fachada, passando de sete para seis. Ao mesmo tempo, foi imposta a edificação a uma cota 2,5 metros abaixo do inicialmente proposto.

Tais correcções, consideradas necessárias para a direcção de urbanismo dar um parecer favorável – a que se juntou o visto “condicionado” por parte da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) – não foram, contudo, suficientes para acalmar os receios de um grupo de residentes daquela zona, para os quais “Miradouro da Senhora do Monte corre perigo”. É o que sustenta o abaixo-assinado agora a correr, segundo o qual, “se este projecto avançar, ficará dentro da Zona Especial de Protecção da Capela de Nossa Senhora do Monte, e erguer-se-á como uma muralha que traz ensombramento da parte superior da Calçada do Monte e do lado esquerdo da Ermida”. O prédio, a construir num terreno de acentuada inclinação e cuja traseira terá quatro pisos sobranceiros ao edificado da Rua Damasceno Monteiro, diz a petição, “irá também obstruir a vista de rio Tejo do lado esquerdo do Castelo e a Igreja e o Convento da Graça”.

No texto recorda-se ainda a importância simbólica deste local: “O Miradouro da Senhora do Monte, local de recolhimento religioso e devoção a Nossa Senhora, com uma procissão anual em Julho, é também visitado por largos milhares de portugueses e estrangeiros ao longo do ano. Tornou-se um ponto de «peregrinação» turística, acima de tudo por ser um local privilegiado para diariamente se vir admirar o pôr-do-sol. Nas festas de Lisboa e de fim do ano, é ponto obrigatório para ver o fogo de artifício”.

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