Estas imagens relembram-nos que o Miradouro da Senhora do
Monte não está só e apenas ameaçado por projectos Imobiliários ... OVOODOCORVO
Construção de prédio pode obstruir parte da vista do
Miradouro da Senhora do Monte
Samuel Alemão
Texto
11 Setembro, 2018
A construção de um edifício de habitação poderá vir a
colocar em risco a integridade da actual vista panorâmica a partir do Miradouro
da Senhora do Monte. O receio é manifestado por um grupo de moradores da zona
da Graça, através de uma petição, lançada nos últimos dias, e dirigida à Câmara
de Municipal de Lisboa (CML), que se encontra a apreciar o processo de
licenciamento, bem como à Assembleia Municipal e à Junta de Freguesia de São
Vicente. O texto que sustenta a recolha de assinaturas, a qual tem estado a ser
realizada de forma presencial na zona e deverá em breve ser alargada à vertente
online, alerta não só para a muito provável diminuição do campo visual obtido a
partir do popular miradouro, mas também para o facto de a construção decorrer
numa “zona de risco sísmico, associada a deslizamentos de terras”.
Os moradores, sabe O Corvo, já terão mesmo contratado um advogado
para agir judicialmente contra a câmara municipal. Antevê-se, pois, mais uma
polémica com um miradouro lisboeta, a somar à relacionada com a colocação de
uma vedação e à imposição de horários de funcionamento no de Santa Catarina –
actualmente encerrado para obras de requalificação. E, tal como nesse caso,
também aqui se recorre a uma petição para travar os planos da autarquia. “Se
este projeto vir a luz do dia, um património paisagístico e até cultural, que é
de todos, será completamente desfeito! Não deixemos que isto possa acontecer!
Juntemo-nos pela defesa de um património paisagístico em risco, local de
eleição da nossa freguesia de São Vicente e da cidade de Lisboa!”, apela-se no
abaixo-assinado agora lançado.
O edifício a construir no topo da Calçada do Monte, junto ao
número 41, e que está a causar apreensão junto de alguns residentes da Graça,
tem uma altura prevista total de nove metros e uma altura de fachada de seis
metros, correspondentes a dois pisos acima da cota da soleira e a uma área de
estacionamento subterrâneo com capacidade para seis automóveis. Estes valores
resultam, porém, de uma cedência por parte do promotores do empreendimento, os
quais, ao entregaram o Pedido de Informação Prévia (PIP) para este projecto nos
serviços de urbanismo da autarquia, em Novembro de 2016, ambicionavam a
construção do prédio com uma fachada de sete metros e desenvolvida a partir de
uma cota superior. Tais ambições foram, no entanto, travadas pela CML,
obrigando a que cada piso tivesse uma altura de três metros, em vez dos 3,5 metros propostos, o
que resultou na redução em um metro no conjunto da fachada, passando de sete
para seis. Ao mesmo tempo, foi imposta a edificação a uma cota 2,5 metros
abaixo do inicialmente proposto.
Tais correcções, consideradas necessárias para a direcção de
urbanismo dar um parecer favorável – a que se juntou o visto “condicionado” por
parte da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) – não foram, contudo,
suficientes para acalmar os receios de um grupo de residentes daquela zona,
para os quais “Miradouro da Senhora do Monte corre perigo”. É o que sustenta o
abaixo-assinado agora a correr, segundo o qual, “se este projecto avançar,
ficará dentro da Zona Especial de Protecção da Capela de Nossa Senhora do
Monte, e erguer-se-á como uma muralha que traz ensombramento da parte superior
da Calçada do Monte e do lado esquerdo da Ermida”. O prédio, a construir num
terreno de acentuada inclinação e cuja traseira terá quatro pisos sobranceiros
ao edificado da Rua Damasceno Monteiro, diz a petição, “irá também obstruir a
vista de rio Tejo do lado esquerdo do Castelo e a Igreja e o Convento da
Graça”.
No texto recorda-se ainda a importância simbólica deste
local: “O Miradouro da Senhora do Monte, local de recolhimento religioso e
devoção a Nossa Senhora, com uma procissão anual em Julho, é também visitado
por largos milhares de portugueses e estrangeiros ao longo do ano. Tornou-se um
ponto de «peregrinação» turística, acima de tudo por ser um local privilegiado
para diariamente se vir admirar o pôr-do-sol. Nas festas de Lisboa e de fim do
ano, é ponto obrigatório para ver o fogo de artifício”.
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