‘Residentes da Sé e do Castelo pedem medidas concretas para
que eléctrico 28 não seja apenas um “entretenimento turístico”
Recordando um post de O Voo do Corvo. Blogspot de 2 de Maio no Facebook
Imagens do Dia / OVOODOCORVO
Ah! Turistas a pagar 7.50 euros, ou seja cinco vezes mais do
que os habitantes Locais ( 1.50 euros ) nos vaporetto!
Habitantes Locais a terem prioridade de embarque . O
Presidente da Autarquia de Veneza explica:
Nào se trata de discriminação, trata-se de garantir a
qualidade da vivência em Veneza .
Em Lisboa: Uma ideia para o 28, e tudo indica num futuro
próximo para o 24 !?
OVOODOCORVO
Residentes da Sé e do Castelo pedem medidas concretas para
que eléctrico 28 não seja apenas um “entretenimento turístico”
Samuel Alemão
Texto
31 Julho, 2018
Nada têm contra os turistas, garantem, mas pedem acções
urgentes para que o eléctrico 28 não seja por eles tomado quase em exclusivo.
Tem de haver lugar para todos, residentes e visitantes da cidade, mas em
condições, para que a icónica linha continue a ser vista como um transporte
público e não apenas como um “entretenimento turístico”. Um grupo de residentes
da zonas da Sé, Castelo e Rua da Madalena lançou, por isso, uma petição
apelando tanto à Carris, como à câmara e à assembleia municipal de Lisboa, para
que tomem medidas “para um eléctrico 28 mais digno e mais fiável, servindo
melhor residentes e visitantes”.
Entre elas conta-se o aumento do número das unidades em
circulação, a entrada ao serviço de mini-autocarros que, de forma alternada,
possam complementar a oferta dos eléctricos ou ainda o fim da possibilidade de
se comprar bilhete a bordo, para que se evitem as grandes demoras causadas
pelos utentes de circunstância. Tudo em nome de um serviço mais eficaz. “As
condições em que o 28 está a funcionar são, bastantes vezes, muito pouco
edificantes. Há pessoas que o utilizam, todos os dias, para ir trabalhar ou levar
os filhos à escola e se deparam com um stress diário, porque nunca sabem com o
que contar”, diz a o Corvo uma das promotoras da recolha de assinaturas, Inês
Horta Pinto, para quem são evidentes as carências da oferta de transporte
público naquela zona da capital.
A moradora da Rua da Madalena assegura que “é rara a vez em
que não há atrasos” naquela linha, porque algum carro está a bloquear a
passagem do eléctrico ou, então, nem nele se consegue entrar, devido à
sobrelotação com que chega à paragem. É certo que existe o autocarro 737 – que
assegura a ligação entre o Castelo e a Praça da Figueira – , mas o mesmo
assume-se como uma oferta curta para a demanda dos moradores e trabalhadores
daquela área. Fartos da incapacidade da Carris em dar resposta às suas queixas,
os residentes redigiram um texto no qual expõem os seus problemas com o 28 e,
em Março passado, enviaram-no não só à transportadora mas também à câmara e à
assembleia. A Carris não terá respondido, o mesmo sucedendo com o vereador da
Mobilidade, Miguel Gaspar. A Assembleia Municipal de Lisboa tê-los-á, então,
aconselhado a promover uma petição recolhendo o mínimo de 250 assinaturas, para
levar à discussão em plenário.
Ela aí está. “O elétrico 28 percorre um eixo para o qual não
existem alternativas de transporte público. Não é apenas uma atração turística:
é um meio de transporte fundamental para inúmeras pessoas que residem,
trabalham e/ou frequentam o ensino ao longo desse extenso eixo”, diz o texto do
abaixo-assinado. Nele se assume o que “é um privilégio poder subir e descer as
colinas da cidade neste meio de transporte encantador”, para, logo de seguida,
se salientar o contraste com as reais condições de utilização do mesmo, tanto
por parte dos moradores como dos visitantes. “No entanto, essa experiência
revela-se, na prática, desconfortável, pouco fiável, demorada e insegura,
quebrando o encanto e tornando a dependência desta linha num problema diário”,
critica-se, antes de serem enumerados os motivos para tal quadro.
Entre eles, dizem os
autores da petição, conta-se, antes de mais, “o enorme afluxo de turistas, que
procuram esta linha em detrimento das linhas turísticas, por ser mais barata e
por ser percepcionada e divulgada como mais ‘autêntica’ do que as outras”. E
essa realidade tem reflexos noutros aspectos que, em conjunto, transformam a
experiência de utilização daquela linha em algo penoso. São referidos não
apenas o facto de a grande maioria dos turistas comprarem bilhetes a bordo –
“‘entupindo’ o acesso, dificultando a entrada dos demais passageiros e tornando
cada paragem muito demorada, devido aos pagamentos, perguntas e trocos” -, mas
também as “as filas intermináveis que se formam nas paragens iniciais, fazendo
com que o eléctrico inicie o trajecto já apinhado de passageiros”. Por último,
e com o dedo mais apontado aos residentes, são denunciados os carros parados ou
estacionados sobre os carris ao longo do percurso.
A acumulação desses
factores tem como consequência, queixam-se os moradores , um quadro de
problemas que torna a utilização do 28 uma dor de cabeça: total infiabilidade
de horários e de tempos de espera; “condições de viagem que chegam a ser
degradantes” – com “passageiros apertadíssimos; idosos sem alternativa de
deslocação que viajam em condições de desconforto; crianças pequenas que não
conseguem lugar sentado; alcançar a porta de saída é tarefa olímpica; sair é um
alívio” -; profusão de carteiristas; e ainda “stress notório causado aos
motoristas”.
Por tudo isto, são
reclamadas medidas para “melhorar radicalmente a qualidade do transporte”.
Entre elas conta-se o aumento do número de unidades do 28 em circulação e a
abolição da possibilidade de compra de bilhetes a bordo, passando-se a
oferecer, em compensação, a venda avulsa em algumas das paragens. É também
pedida a adopção de “incentivos que permitam encaminhar os turistas para os
eléctricos de circuito turístico”, com a redução do preço dos títulos para
estes serviços especializados e até a sua integração em pacotes com outras
atracções.
Mas a lista de
pedidos vai mais longe. Não só é solicitada a “implementação de um sistema de
actuação rápida para as situações de carros estacionados que impeçam a passagem
do eléctrico, em parceria com as polícias e a EMEL”, como se propõe a
introdução de mini-autocarros que façam a o mesmo circuito que o 28, sobretudo
nas horas de maior procura por residentes. “Deste modo, os residentes disporão
desta opção, que lhes garante que chegam a tempo ao trabalho/escola, podendo os
turistas, ou quem não esteja com pressa, optar por aguardar a chegada do
eléctrico”, defende o texto da petição.
Para assinar petição:
peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT90166
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