sexta-feira, 27 de julho de 2018

New York City Looks to Crack Down on Airbnb Amid Housing Crisis / Os efeitos da Turistificação de Lisboa / Condenados à periferia



New York City Looks to Crack Down on Airbnb Amid Housing Crisis

A crowd protesting Airbnb in front of City Hall last month.CreditRick Loomis for The New York Times

By Zoe Greenberg
July 18, 2018

The New York City Council voted unanimously on Wednesday to significantly restrict Airbnb and other online home rental services, joining a growing movement of cities around the globe in stepping up regulation of the so-called sharing economy.

The bill aims to prevent landlords and tenants from illegally renting out apartments for a few days at a time to tourists, a phenomenon that the city says has aggravated the housing crisis by making short-term rentals more profitable than long-term leases.

Online rental services like Airbnb and HomeAway would be required to provide the addresses and names of hosts to the city’s Office of Special Enforcement every month, and to note whether rentals are for a whole apartment or just a room.

If the bill is signed into law, New York will join cities like San Francisco; New Orleans; Barcelona, Spain; and Vancouver, British Columbia, in regulating companies that profit from facilitating short-term rentals.

New York City is Airbnb’s largest domestic market, but under state law, it is illegal in most buildings for an apartment to be rented out for less than 30 days unless the permanent tenant is residing in the apartment at the same time. The new disclosure requirements would make it much easier for the city to enforce the state law and could lead to many of the 50,000 units rented through Airbnb in the city coming off the market. After similar rules went into effect in San Francisco, listings fell by half.

“The vacancy rate in New York City is very low,” the Council speaker, Corey Johnson, said before the vote. “We’re in an affordable housing crisis. We’re in a homelessness crisis. And Airbnb will not give us this data.”

A City Hall spokeswoman said the new restrictions had the support of Mayor Bill de Blasio, who has made affordable housing one of his priorities, and he is expected to sign the bill into law.

Companies will face fines of up to $1,500 for each listing they fail to disclose, down from the $25,000 originally proposed.

Airbnb opposed the bill, arguing that it would hurt everyday New Yorkers who were renting spare rooms in their apartments to make ends meet. Throughout the debate over the bill, the company accused City Council members of kowtowing to the hotel industry. Last month Airbnb published a list of Council members and how much the hotel industry had contributed to each of their campaigns.

“After taking hundreds of thousands of dollars in campaign contributions from the hotel industry, we’re not surprised the City Council refused to meet with their own constituents who rely on home sharing to pay the bills and then voted to protect the profits of big hotels,” Liz DeBold Fusco, a spokeswoman for Airbnb, said in a statement, adding that the bill would violate the privacy of the sites’ users and subject them to “unchecked, aggressive harassment.”

The question of what would be best for “ordinary New Yorkers” was at the heart of the debate.

A report from the School of Urban Planning at McGill University, commissioned by the hotel workers’ union, found that nearly half of the New York City rental revenue on Airbnb was earned by 10 percent of the hosts in the city, undercutting the company’s argument that regular New Yorkers benefit widely from short-term rentals.

“Occasional hosts might be the numerical majority of hosts, but they account for a surprisingly small proportion of the actual rental activity on Airbnb and earn a surprisingly small proportion of the actual revenue,” the report said.

An April report from the city comptroller’s office found that Airbnb was exacerbating the city’s affordable housing crisis, especially in crowded or gentrifying neighborhoods like Greenpoint, Bedford-Stuyvesant, Chelsea and Midtown. Over all, renters paid an additional $616 million in 2016 because of Airbnb, according to the report.

Airbnb disputed the methodology of both reports, accusing the McGill authors of having an “anti-home-sharing bias.” And on Wednesday, the day of the City Council vote, an Airbnb host sued the city, alleging retaliation for speaking out in support of home-sharing in June. Airbnb is financing the host’s suit.

City officials said the bill focused primarily on large-scale commercial landlords who were gaming the system.

“Yes, sometimes it’s the common New Yorker,” said Councilwoman Carlina Rivera, who introduced the bill. “But many times, especially in my district, these are landlords who are taking rent-regulated units out of the housing stock because they’d rather get a lot more money per night.”


OPINIÃO

Os efeitos da Turistificação de Lisboa

Cada vez mais gente e menos lisboetas. Câmara entrega a gestão da habitação ao aluguer online de alojamento para férias

ANTÓNIO SÉRGIO ROSA DE CARVALHO
23 de Novembro de 2016, 9:45

Fernando Medina  não acompanha a Imprensa internacional. Se o fizesse, ter-se-ia apercebido de uma avalanche de notícias na Imprensa local de Nova Iorque e de  várias cidades Europeias sobre os efeitos perversos conjugados e interactivos da Turistificação desenfreada, da Globalização desmedida e da Gentrificaçào galopante na vida quotidiana dos habitantes locais nestas cidades.

Um clamor profundo, uma agitação permanente de insatisfação e um desejo urgente e imperativo de mudança, de regulamentos, de fiscalização e  de liderança  por parte dos habitantes, ameaça traduzir-se em consequências políticas, e faz acordar os autarcas.

Temos ouvido sobre as situações em Barcelona e Berlim e das condições impostas à AIRBNB que vão desde a proibição total na capital alemã até à imposição de um rigoroso regulamento na cidade da Catalunha.

Numa longa luta do Municipal com a Airbnb [aluguer de alojamento para férias], Nova Iorque quer agora proibir o aluguer de alojamentos através da AIRBNB por um período inferior a 30 dias. Medida destinada a proteger a cidade dos efeitos perversos das estadias curtas / low cost do turismo barato, massificado, predador e desinteressante. Densidade intensa de ocupação do espaço físico sem interesse económico e mais valias financeiras, a não ser, para os estabelecimentos também eles “predadores” do comércio tradicional, ou seja, “comes e bebes” e “quinquilharia” pseudoturística em dezenas de lojas asiáticas e afins. 

A 6 de Outubro, o “Guardian” publicou um conjunto de três artigos sobre a interligação destes temas, tendo um deles sido dedicado à relação de Amsterdão com a AIRBNB.

Embora Amsterdão tenha imposto um regulamento claro à Airbnb, ocupação máxima  de 60 dias por ano e o máximo de quatro pessoas por edifício, os efeitos sociais de descaracterização dos bairros têm sido devastadores. O investimento especulativo junto à forte subida do preço da habitação (também no aluguer a “expats” do mundo empresarial ) está a expulsar progressivamente os habitantes locais,  transformando os bairros em plataformas rotativas e contínuas de “idas e vindas” de forasteiros híper individualizados e indiferentes aos locais, e a transformar os antigos bairros em locais alienados onde ninguém se conhece e onde reina o anonimato.

Amsterdão tem  fiscalizado intensamente a ocupação através da  Airbnb mas é confrontada com a recusa pela própria Airbnb de fornecimento de dados. Num espaço limitado fisicamente como a pitoresca Amsterdão, a invasão turística low-cost / aluguer Airbnb, está a levar a efeitos explosivos no trânsito, no comércio local onde polulam as lojas de vocação turística e de souvenirs e está a provocar uma avalanche de insatisfação traduzida em irritação ou animosidade explícita para com o turismo.

 De tal forma que, muito recentemente, a autarquia fez um discurso explícito inteiramente dedicado a estes temas, onde anunciou uma atitude de exigência e fiscalização ainda mais rigorosa para com a Airbnb, medidas legislativas em conjunto com Haia que tornem possível a escolha do tipo de lojas a instalar em cada rua e uma atitude nítida de selecção do tipo de turismo,  numa definição e escolha dirigida à clara diferenciação entre o turismo desejável e indesejável.

Numa entrevista publicada a 18 de Janeiro no PÚBLICO, o Director Ibérico da Airbnb anunciava orgulhoso: “A evolução em 2015 face ao ano anterior foi de 65%. Portugal está no 11.º lugar mundial em termos de anúncios na Airbnb, num ranking liderado pelos EUA. A Airbnb captou um milhão de pessoas em 2015.”

Orgulhoso, e claro, satisfeito. A Airbnb não está sujeita a qualquer tipo de regulamento, exigência ou fiscalização em Portugal. Mais. A AIRBNB colabora com a Autarquia e o Governo, de forma a que os impostos sejam cobrados ao Alojamento Local. Estes aumentaram.

Mas os efeitos devastadores são ignorados ou mesmo negados por Fernando Medina que se tem mostrado irónico ou furtivo sobre estes problemas fundamentais para o presente e o futuro estratégico da cidade de Lisboa.

Que este se torne o tema fundamental de discussão de todas as forças políticas em direcção às eleições autárquicas, é um imperativo. Não se trata de cor política, mas de um tema Universal de Ecologia Urbana e de equilíbrio salutar no organismo vivo que constitui uma verdadeira cidade.

A Turistificação desenfreada, a Globalização desmedida e a Gentrificaçào galopante estão a matar as cidades.


Condenados à periferia
Paradoxalmente, as cidades repletas serão cada vez mais cidades esvaziadas.

AMÍLCAR CORREIA / EDITORIAL
27 de Julho de 2018, 6:48

O Balcão Nacional de Arrendamento (BNA), criado pela cada vez mais citada “Lei Cristas”, tanto pode ser visto como um balcão de despejos — é assim que os inquilinos e os partidos à esquerda do PS o encaram —, ou como um balcão de notificações — é assim que o vêem os proprietários. Na prática, o BNA é que assegura que os despejos se concretizam mesmo. Compreensivelmente, quando falamos de despejos, estamos a falar, sobretudo, de Lisboa e Porto, e há muito que não é preciso explicar porquê.

As duas principais cidades do país estão confrontadas com um rolo compressor especulativo e gentrificador. A reabilitação urbana, por um lado, não seria possível a esta escala e ritmo apenas com intervenção pública, local ou com as incipientes sociedades de reabilitação urbana. Mas, por outro, também podemos responsabilizar esta insaciável especulação por uma profunda e quase sempre indesejada transformação urbana que substitui moradores permanentes por “moradores temporários”. Os dados deste balcão do arrendamento falam por si.

Desde a sua criação, em Janeiro de 2013, e até Junho de 2018, que mais de 4300 requerimentos de despejos no Porto e em Lisboa ali foram entregues. Embora não seja possível concluir que aquele número coincide, de facto, com o número efectivo de despejos, o mesmo presta-se a diferentes interpretações. A Associação Nacional de Proprietários considera-o residual, se tivermos em conta que existem 800 mil contratos de arrendamento, mas a lei que suspende os despejos de inquilinos em situação vulnerável, que o Parlamento aprovou e o Presidente promulgou, significa mais do que um número. Significa que, mais do que o número de casos de despejos, o que aqui há de mais chocante é o carácter predatório dessa especulação.

Exemplos não faltam quanto à necessidade de suspender os despejos de inquilinos em situação vulnerável, idosos a partir de 65 anos e pessoas com graus de deficiência acentuados, impotentes perante as pressões do imobiliário e do alojamento local. Paradoxalmente, as cidades repletas serão cada vez mais cidades esvaziadas. Se antes, a periferia era o destino, eleito quer pelos investidores do imobiliário devido ao preço dos solos e à proximidade de uma auto-estrada, quer pelos moradores por falta de opção num centro abandonado e degradado, hoje a periferia volta a ser o destino, por não existir outra alternativa.

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