Fundador do Bloco quer "reflexão" no partido sobre
caso Robles
Luís Fazenda admite que polémica actividade imobiliária do
vereador "tem aspectos que carecem de uma análise mais longa e
cuidada" e que "a situação é mais adversa" para abordar os temas
da especulação e gentrificação.
Fundador do Bloco quer "reflexão" no partido sobre
caso Robles
António Larguesa
António Larguesa alarguesa@negocios.pt
30 de julho de 2018 às 09:47
O fundador e dirigente do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda,
sustenta que o partido deve "fazer uma reflexão e tirar conclusões"
sobre o caso de especulação imobiliária que envolve o vereador lisboeta Ricardo
Robles, que se vinha notabilizando precisamente pelo combate a este tipo de
práticas devido aos efeitos no mercado da habitação.
Em declarações ao
jornal i, o ex-líder parlamentar do Bloco admite que este tipo de actividades –
a compra de um imóvel em Alfama por 347 mil euros para, quatro anos depois, ser
colocado à venda recuperado por 5,7 milhões de euros – são "circunstâncias
que, no Bloco de Esquerda, [são condenadas] e que levam à gentrificação".
Rejeitando que o
partido saia "diminuído" deste caso, Fazenda reconhece que "a
situação é mais adversa" para abordar um tema que tem marcado a agenda
política da vereação bloquista. Sublinha que o caso "tem aspectos que
carecem de uma análise mais longa e cuidada" e reforça que "as
avaliações que faremos vão ter em conta as várias opiniões e a forma como este
processo foi entendido".
As avaliações que
faremos vão ter em conta as várias opiniões e a forma como este processo foi
entendido.
LUÍS FAZENDA, FUNDADOR E DIRIGENTE DO BLOCO DE ESQUERDA
A reacção deste dirigente que participou na fundação do
Bloco em 1999 com Francisco Louçã, Fernando Rosas e Miguel Portas, acaba por
trazer um tom diferente ao debate interno sobre o caso do vereador que na
sequência das últimas eleições autárquicas, realizadas em Outubro de 2017,
firmou um acordo com o Executivo camarário liderado pelo socialista Fernando
Medina. E que, logo na primeira reacção em conferência de imprensa, reclamou
que "não há nada de reprovável na [sua] conduta".
"Mentiras",
prazos e alojamento local
Enquanto um
comunicado da comissão política frisou que "a conduta de Ricardo Robles em
nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem
proposto e continuará a propor", a coordenadora do partido, Catarina
Martins, resolveu fazer a defesa do vereador do partido classificando as
notícias sobre este caso de "mentiras", acrescentando que toda esta
polémica surge porque "o que o BE está a fazer está a incomodar interesses
imobiliários".
Ao mesmo jornal, o
presidente da Associação Lisbonense de Proprietários acusou Ricardo Robles de
ter convertido aquele prédio no centro histórico da capital para "promover
o alojamento local". "Só isso é que explica a utilização de um prédio
que está dividido em apartamentos entre 20 a 40 metros quadrados", referiu
Menezes Leitão, argumentando que "ninguém está a pensar em fazer um
contrato de longa duração num apartamento com uma tipologia tão pequena".
Ainda relativamente a este caso, o CM noticia que o vereador
do Bloco de Esquerda falhou o prazo de 60 dias para comunicar à Autoridade
Tributária as obras realizadas no prédio que comprou em Alfama, junto ao Museu
do Fado, para efeitos de actualização do valor patrimonial tributário (VPT), um
elemento crucial ao apuramento do valor do IMI a pagar ao Estado.
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