Nota da Direção do JE sobre o caso Robles
A Direção do Jornal Económico repudia as declarações da
líder do Bloco de Esquerda.
Redação
Ontem 14:21
Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, classificou
hoje como “falsa” a notícia publicada na edição desta sexta-feira do Jornal
Económico, sobre os investimentos imobiliários do vereador e dirigente
bloquista Ricardo Robles, assinada pelos jornalistas Filipe Alves, Gustavo
Sampaio e José Varela Rodrigues. A respeito destas declarações, que incluem
algumas insinuações, que repudiamos, a Direção Editorial do Jornal Económico
esclarece o seguinte:
1. Todos os factos noticiados
foram devidamente comprovados ao longo da nossa investigação, com base em
documentos públicos e nas declarações do próprio Ricardo Robles. E os factos da
notícia são estes, entre outros: em 2014, Robles, um dos principais críticos da
especulação imobiliária em Lisboa, comprou a meias com a irmã um prédio da
Segurança Social, por 347 mil euros. Fez obras de reabilitação e de expansão,
negociou com os inquilinos a subida da renda e/ou a sua saída e, no final de
2017, colocou o imóvel à venda na imobiliária Porta da Frente, com o intuito de
o vender, tendo por base uma avaliação de 5,7 milhões de euros. Alguns meses
mais tarde, o imóvel deixou de estar à venda, mas, tal como o próprio Ricardo
Robles admite na notícia, o objetivo é voltar a colocar esse prédio no mercado,
“a breve trecho”.
2. O Bloco de Esquerda alega que os inquilinos não tiveram
de deixar o prédio. É falso, pois tal como o JE noticiou, a maior parte dos
arrendatários – quatro em cinco – preferiram sair, sendo que em pelo menos um
dos casos essa decisão deveu-se ao facto de não querer pagar a renda que
Ricardo Robles lhe exigia. Esses inquilinos eram comerciantes, incluindo um
restaurante que existia há duas décadas e dava emprego a cinco pessoas.
3. Na nossa notícia, Ricardo Robles teve oportunidade de
contar a sua versão dos factos. E conseguiu fazê-lo. Por respeito à verdade e
para reduzir o risco de mal entendidos ou de citações fora do contexto, optamos
por reproduzir essas declarações de Ricardo Robles na íntegra, a tal ponto que as
suas respostas ocupam metade do espaço da notícia. Nas suas declarações, que
foram prestadas por escrito, Ricardo Robles confirma todos os factos descritos
nos pontos anteriores, incluindo a saída da maioria dos arrendatários, o valor
da avaliação e a intenção de voltar a colocar o imóvel à venda.
4. O Bloco de Esquerda contesta o título da notícia,
alegando que Ricardo Robles não ganhou milhões com o negócio. Também isto não
corresponde à verdade: devido a este investimento, Ricardo Robles é hoje proprietário
de um património imobiliário avaliado em vários milhões de euros. Tal como a
notícia refere, trata-se de uma mais-valia potencial, mas não deixa de ser
verdade que Ricardo Robles é hoje mais rico do que era há quatro anos. Deixamos
uma questão para Catarina Martins: quem é mais rica, a pessoa que tem cem mil
euros numa conta bancária, ou a que detém património no valor de 5,7 milhões de
euros?
5. O Jornal Económico não faz jornalismo sensacionalista nem
“justiceiro”. Acreditamos que o jornalismo faz-se respeitando os princípios
éticos da profissão, confirmando todos os factos, procurando ouvir as partes
atendíveis e fazendo o contraditório. O nosso objetivo não é julgar quem quer
que seja na praça pública, mas apenas fornecer aos cidadãos, da forma mais
isenta, rigorosa e completa possível, as informações de que necessitam para
formarem a sua própria opinião. Foi o que procuramos fazer também neste caso.
6. O nosso trabalho está à vista para quem o quiser avaliar.
Ao longo dos últimos dois anos, investigamos casos que envolvem figuras de
todos os quadrantes partidários e ideológicos, bem como do mundo dos negócios e
das empresas. Estamos tranquilos, porque no JE procuramos viver de acordo com
os princípios que apregoamos.
A Direção do Jornal
Económico
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