Associação de Alfama recorre à Justiça para travar Museu Judaico
Moradores e comerciantes estão contra
a instalação do museu no Largo de São Miguel. Cancelamento de reunião foi a
gota de água.
João Pedro Pincha
JOÃO PEDRO PINCHA 27 de Setembro de 2017, 7:50 Partilhar
notícia
A Associação do Património e População de Alfama (APPA)
apresentou uma providência cautelar para travar a construção do Museu Judaico
no Largo de São Miguel. Há já muitos meses que a associação vem dizendo que
considera que aquele largo de Alfama é um sítio desadequado à instalação do
museu, mas a Câmara Municipal de Lisboa tem-se mostrado inflexível.
Em Abril, perante as críticas de moradores e comerciantes do
bairro, criou-se uma comissão de acompanhamento do museu, que apenas se reuniu
pela primeira vez em Julho. Nesse encontro decidiu-se que a localização era um
ponto inegociável, mas que o projecto – assinado por Graça Bachmann e com
arquitectura contemporânea – podia ser alterado. Decidiu-se inclusivamente que
os lisboetas podiam enviar sugestões de alteração até meio de Agosto. Na
altura, o PÚBLICO tentou perceber como é que se podiam apresentar propostas,
quem é que as podia fazer e como é que elas seriam ponderadas. Nunca houve
resposta da câmara.
Museu Judaico, em Lisboa, "tem sido discutido
intensamente"
Estava marcada uma nova reunião dessa comissão para 11 de
Setembro, mas a dirigente da APPA diz que ela foi cancelada “na véspera”. Essa
foi a gota de água, explica Lurdes Pinheiro – que, além de presidente da
associação, é também candidata da CDU à Junta de Freguesia de Santa Maria
Maior.
“Mandámos moradas de edifícios na Rua Jardim do Tabaco que
estão fechados e serviam perfeitamente”, diz Lurdes Pinheiro. “Na véspera da
reunião, recebi um telefonema do gabinete da vereadora Catarina Vaz Pinto
[pelouro da Cultura] a dizer que afinal não havia reunião, que só ia haver
depois das eleições.”
O PÚBLICO procurou confirmar esta informação junto da
autarquia, mas não obteve resposta. Também tentou perceber quantas propostas de
alteração ao projecto foram recebidas, mas esta questão ficou igualmente por
esclarecer.
Para a APPA, que apresentou a providência cautelar esta
terça-feira de manhã, “a principal reivindicação é que o museu não seja
construído no Largo de São Miguel” e não que o projecto seja revisto (embora
também não goste dele). A associação, apoiada por alguns membros do Fórum
Cidadania Lx e outros activistas de defesa do património, considera que o
espaço reservado para o museu devia antes ser utilizado para construir
habitação. E que há prédios na Rua Jardim do Tabaco, onde já está o Museu do
Fado, onde este museu podia ser instalado.
Inicialmente, a abertura do museu estava prevista para
Setembro deste ano. O prazo está quase a ser ultrapassado e nem um tijolo foi
colocado. Se a providência cautelar tiver sucesso, o processo vai arrastar-se
ainda mais. Resta saber até quando.
tp.ocilbup@ahcnip.oaoj
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