Aos 92 anos, O
Buraquinho do Porto fechou portas
A taberna da
Praça dos Poveiros encerrou após a execução de uma ordem de despejo.
Diana Vilas Boas
16 de Dezembro de 2019, 20:29
A célebre taberna
O Buraquinho, no Porto, cuja história remonta a 1927, foi obrigada a fechar
portas, na quinta-feira, após o tribunal ordenar a execução de uma ordem de
despejo.
Depois de décadas
ligada à família de Artur Sousa, a casa tem sido gerida nestes últimos cinco
anos por Marta Quitério e Sérgio Costa, que renovaram o espaço mas mantiveram a
tradição. Numa cave com 50 metros quadrados era possível comer petiscos portugueses
e beber um copo de vinho. Contudo, nem a distinção pelo “Porto de Tradição”,
concedida pela Câmara do Porto, que tem como objectivo a promoção de lojas
históricas, nem a petição criada online em defesa da taberna foram suficientes
para impedir o seu encerramento.
O desfecho
resulta da falta de entendimento entre o senhorio e os gerentes da taberna:
após os dois primeiros anos de contrato haveria uma renegociação da renda para
um valor que ambas as partes considerassem “justo” para os cinco anos
seguintes. No entanto, após diversas tentativas de renegociação, não foi
alcançado qualquer acordo.
Sem consenso, o
caso foi remetido para tribunal. Esgotados todos os recursos, e tendo o caso
chegado “à última instância possível”, o tribunal mandou encerrar O Buraquinho,
através da colocação de um cadeado por um agente de execução, acompanhado por
um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), na semana passada. A última
resposta do tribunal, relativa ao indeferimento, foi obtida na passada
sexta-feira, segundo revelaram os proprietários ao PÚBLICO.
Desolados com o
desfecho do negócio, Marta Quitério e Sérgio Costa culpam a “especulação
imobiliária” pelos valores elevados pedidos para o arrendamento, lamentando a
falta de ajuda por parte da autarquia do Porto. Quando questionados sobre o
futuro, revelam que foram “apanhados de surpresa”, por isso ainda não sabem
quais serão os seus próximos passos.
Com vontade de
darem continuidade ao negócio num novo local da cidade, confessam que, por
agora, se encontram “condicionados devido a motivos financeiros”, apontando o
dedo ao elevado preço das rendas e ao valor do investimento que teria de ser
realizado para criar um novo Buraquinho. Contudo, não descartam a hipótese no
futuro, estando “à procura de soluções” para concretizaram esse passo. Quanto
ao agora encerrado espaço d’ O Buraquinho, este deverá permanecer “no mesmo
ramo e provavelmente será um restaurante”, adiantou Sérgio Costa.
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