Guterres
"decepcionado" com cimeira do clima pede que ninguém se renda
O
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, está "dececionado
com os resultados" da cimeira sobre o clima (COP25), mas apelou aos países
que continuem a lutar contra a crise climática sem se "renderem".
António Guterres
pede aos países para não se "renderem" depois de não terem chegado a
acordo em todos
Lusa
15 Dezembro 2019
— 14:56
"Acomunidade
internacional perdeu uma oportunidade importante para mostrar uma maior ambição
na mitigação e adaptação para enfrentar a crise climática", lamentou
António Guterres, no final da cimeira da ONU sobre o clima que terminou este
domingo em Madrid, dois dias depois do previsto.
No encontro, os
países conseguiram chegar a acordo quanto à urgência para conter as alterações
climáticas, mas não houve consenso quanto aos pontos essenciais. Por exemplo,
as regras dos mercados internacionais de carbono foi um dos assuntos adiado
para o próximo ano.
"Não devemos
render-nos", apelou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas
(ONU), numa declaração escrita citada pela agência de notícias espanhola EFE.
António Guterres
destacou que "está mais do que decidido" que 2020 será "o ano em
que todos os países se comprometem a fazer o que a ciência" diz: é
necessário ser neutro em carbono até 2050 e a "não ir mais além dos 1,5
graus de aumento da temperatura do planeta".
A 25.ª cimeira do
clima, a maior de toda a história, começou a 2 de dezembro e deveria ter
terminado na sexta-feira, mas apenas hoje (15 de dezembro) os trabalhos foram
encerrados com a aprovação do documento "Chile-Madrid, Hora de Agir".
A regulação dos
mercados de carbono foi um dos temas mais debatidos durante a COP25 e,
inicialmente, estava incluído no documento final, mas decidiu-se debatê-lo em
separado.
O novo acordo
pede um aumento da ambição dos compromissos de luta contra as alterações
climáticas e apresenta várias medidas que têm como objetivo apoiar os países
mais vulneráveis.
São dadas
diretrizes ao Fundo Verde do Clima para destinarem recursos para perdas e danos
dos países mais vulneráveis aos fenómenos climáticos, assim como é pedido aos
países desenvolvidos que apoiem financeiramente os mais frágeis.
Além disso,
cria-se a "Rede Santiago", que permite canalizar assistência técnica
de organizações e especialistas para esses mesmos países mais vulneráveis.
Na COP25 foram
mobilizados 89 milhões de dólares (80 milhões de euros), provenientes de
diversos países para o Fundo de Adaptação e mais de 80 países anunciaram que
apresentarão em 2020 compromissos de luta contra as alterações climáticas mais
ambiciosos do que os atuais.
O número de
multinacionais comprometidas com a neutralidade carbónica (não produzir mais
emissões de gases com efeito de estufa do que aquelas que tem capacidade de
fazer desaparecer) em 2050 passou de 90, na cimeira de Nova Iorque, em setembro
passado, para 117 na cimeira de Madrid.
O número de
grandes cidades comprometidas com a neutralidade passou de uma centena, na
cimeira de Nova Iorque, para 398, na COP25. O número de países comprometidos
com a neutralidade carbónica passou de 66 para 73
OPINIÃO
Alterações
climáticas. Não temos 12 anos para minimizar os efeitos, mas apenas 18 meses
Este Verão a
Europa de Norte sentiu directamente e de forma extrema os efeitos indiscutíveis
do aquecimento global, e no entanto, ao contrário de um momento de
consciencialização e de gravitas, a festa hedonista dos eventos permanentes nas
cidades, das viagens low cost e das viagens do turismo de massas não abrandou.
António Sérgio
Rosa de Carvalho
6 de Agosto de
2019, 22:22
Isto afirmou o
príncipe Carlos, para muitos um desconhecido no seu tenaz e coerente percurso,
desde a adolescência, de defensor do ambiente, durante o seu discurso oficial
de liderança, perante os ministros dos negócios estrangeiros dos países da
Comonwealth.
Durante a recente
visita oficial de Trump ao Reino Unido, estava programada uma visita a Clarence
House, residência do Príncipe e de Camilla, Duquesa de Cornwall. Esta visita
deveria durar 15 minutos, mas prolongou-se por 75 minutos, pois o príncipe
aproveitou a oportunidade para tentar sensibilizar e convencer Trump, esse
negacionista militante, da gravidade e urgência daquilo que constitui o maior
desafio que a Humanidade e a Civilização, enfrentou até agora. As alterações
climáticas.
O famoso
relatório do IPCC, sr15, do ano passado afirma categoricamente que para manter
o aumento da temperatura no limite do 1,5 graus, é imperativo reduzir as
emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030 e que a total neutralidade
carbónica, com zero emissões seja atingida em 2050. Trump e a Arábia Saudita,
juntamente com o Kuwait e a Rússia, têm boicotado abertamente as conclusões do
Acordo de Paris.
Os Governos nada
têm feito no seguimento de Paris (2015) e como as coisas estão agora vamos em
direcção a um aumento de 3 graus o que corresponde a um cataclismo futuro de
proporções bíblicas. Tendo em conta o tempo de planeamento das nações entre
períodos de 5 ou 10 anos o limite extremo para verdadeiras decisões é realmente
2020.
A próxima data
fundamental é a de 23 de Setembro. Nesta data António Guterres espera os
representantes das nações do mundo para uma Cimeira decisiva sobre os desafios
do Clima. Seguem-se as cimeiras COP25 no Chile e a COP26 no Reino Unido nos
finais de 2020.
Mas este momento
decisivo nos finais de 2020, apesar da intenção anunciada oficialmente pelo
Reino Unido de zero emissões a 2050, vai ser profundamente complicado pelo
tumulto caótico do “Brexit” que ameaça desintegrar o próprio Reino Unido,
através de uma independência da Escócia, do País de Gales e da transformação da
Irlanda num país único, pela união das duas Irlandas.
Apenas um outro
exemplo, ilustrativo da frustração que o príncipe Carlos sentirá, tal como
todos nós, perante a actual destruição da Amazónia por Bolsonaro. Em 2007,
Carlos lança o The Prince's Rainforests Project dirigido à protecção total da
Amazónia, da sua biodiversidade e das suas populações índias. Este último
santuário natural e ecológico, agora mais do que nunca, pertence ao mundo.
Na Amazónia, após
uma redução de 80% na taxa de desflorestação entre 2006 e 2012, neste momento,
sobre Bolsonaro, o desmatamento está a tomar lugar a um ritmo de três campos de
futebol por minuto. Ou seja um aumento de 62% em comparação com o mesmo período
no ano passado. Bolsonaro acaba de despedir o director do Instituto responsável
pelos relatórios por satélite, que confirmaram o ritmo de desflorestação. A
Amazónia está a atingir o ponto limite de destruição e de não retorno.
A União Europeia
tem a intenção de assinar um Acordo Comercial com a Mercosul, isto, enquanto as
populações indígenas são mortas por garimpeiros e o mundo agrário Brasileiro
tem a intenção de transformar a Amazónia numa imensa área de produção de carne,
de soja e óleo de palma, com as conhecidas e inaceitáveis consequências
ambientais.
Estamos portanto
no momento decisivo para a civilização e a humanidade nunca enfrentou tamanho
desafio tal como príncipe Carlos afirmou no seu discurso de abertura do Acordo
de Paris.
Este Verão a
Europa de Norte sentiu directamente e de forma extrema os efeitos indiscutíveis
do aquecimento global, e no entanto, ao contrário de um momento de
consciencialização e de gravitas, a festa hedonista dos eventos permanentes nas
cidades, das viagens low cost e das viagens do turismo de massas não abrandou,
numa última dança sobre o vulcão, ao som da orquestra do Titanic.
Historiador de Arquitectura
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