Ana Gomes diz que
“opacidade” nos vistos gold é “muito útil para proteger cleptocratas,
corruptos, branqueadores e outros criminosos”
André
Cabrita-Mendes 28 Dezembro 2019, 16:05
A antiga
eurodeputada critica o que considera ser a falta de transparência deste regime
ao não se conhecer publicamente quem já teve direito a este regime. Em sete
anos, foram atribuídos oito mil vistos gold, que atraíram 4,9 mil milhões de
euros de investimento.
Ana Gomes veio a
público criticar o regime de vistos gold. A antiga eurodeputada considera que
este regime em Portugal é pouco transparente pois não se conhece publicamente
quem tem direito a Autorizações de Residência para Atividade de Investimento
(ARI), ao contrário do que acontece noutro estado-membro da União Europeia,
Malta.
“Em Malta, ao
menos, publica-se os nomes dos compradores de Passaportes Gold (modalidade de
Golden Visas”, começou por escrever a socialista nas redes sociais.
“Em Portugal, a
opacidade é total nos Vistos Gold: muito útil para proteger cleptocratas,
corruptos, branqueadores e outros criminosos… a pretexto da proteção de dados”,
acrescentou.
O regime de
vistos gold em Portugal está há algum tempo na mira da ex-eurodeputada. Em março deste ano, chegou mesmo a dizer que
este regime é “gravíssimo para a segurança dos portugueses”.
“Esta é uma das
questões que, sem dúvida, não largarei porque acho que isto é gravíssimo para a
segurança coletiva da União Europeia [UE] e gravíssimo para a segurança de
todos os portugueses, para além de se estar a facilitar todos os esquemas de
corrupção, de branqueamento de capitais e até de financiamento do terrorismo
que, do meu ponto de vista, são intoleráveis e incompatíveis com a lei
europeia”, afirmou, citada pela Lusa, já na reta final do seu mandato no
Parlamento Europeu.
O programa ARI
foi lançado em 2012 e no espaço de sete anos foram atribuídos quase 7.500
vistos dourados através da compra de imóveis. Já por requisito da transferência
de capital foram concedidos 445 vistos, segundo dados do Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras, noticiados pela Agência Lusa em outubro.
Por
nacionalidades, os cidadãos da China lideram a lista de atribuição de vistos
(4.396), seguidos do Brasil (829), Turquia (366), África do Sul (314) e Rússia
(283).
O investimento
acumulado entre 2o12 e setembro deste ano atingiu quase 4,9 mil milhões de
euros, com a aquisição de imóveis a atingir os 4,3 mil milhões.
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