O ministro da Cultura admitiu esta sexta-feira, em Viseu, estar à espera de “um milagre” |
João
Soares pediu "ajuda divina" para reforçar orçamento da
Cultura
SANDRA RODRIGUES
08/01/2016 - 18:18
Ministro
esteve em Viseu na apresentação do programa do centenário do Museu
Nacional Grão Vasco e defendeu "entrosamento" entre
agentes públicos e privados.
O ministro da
Cultura admitiu esta sexta-feira, em Viseu, estar à espera de “um
milagre” para poder reforçar a dotação orçamental na Cultura.
Ainda à espera do Orçamento de Estado, João Soares acredita que o
segredo para “fazer muito com pouco dinheiro” está no “talento”
e no “entrosamento” que se pode estabelecer entre as forças
económicas e os agentes culturais. Mas, pelo sim, pelo não, o
ministro aproveitou a presença de entidades religiosas na sessão de
apresentação do programa do centenário do Museu Nacional Grão
Vasco para pedir “ajuda divina”. Em resposta ao pedido do
presidente da Câmara de Viseu para um “reforço na política
cultural”, o ministro disse ser “um milagre" que não está
em condições de fazer, mas prometeu “trabalho”.
De resto, Soares
defendeu as parcerias e os mecenatos na hora do financiamento, mas
não na hora da gestão, que quer ver nas mãos de quadros públicos.
“Acho que aquilo que é de responsabilidade pública deve ser
gerido por quadros públicos”, afirmou, acrescentando depois que a
sua política "vai assentar no entrosamento entre as forças
vivas do país". E deu como exemplo “o trabalho da maior
relevância nacional” que está a ser feito em Viseu no plano
cultural: “Queremos que seja seguido em outros pontos do país."
Cem anos de Grão
Vasco
O Grão Vasco, museu
que passou a ter a designação de nacional em Maio de 2015, assinala
o seu centenário a 16 de Março deste ano. A comemoração
estende-se ao longo do ano, numa “celebração de portas abertas e
com um olhar na internacionalização”, como salientou Agostinho
Ribeiro, director da instituição. São mais de 50 iniciativas
incluindo um colóquio internacional de pintura antiga coordenado por
Dalila Rodrigues, que já dirigiu o museu.
O momento alto está
agendado para a data do aniversário com a inauguração da exposição
História do Museu Nacional Grão Vasco desde os antecedentes da sua
fundação à actualidade e a publicação do catálogo Cem anos, cem
obras de referência.
Numa parceria com o
Museu Nacional de Arte Antiga, e com curadoria de José Alberto
Seabra e Joaquim Caetano, Viseu vai receber uma exposição dedicada
aos primitivos portugueses (mostrando obras de pintores
contemporâneos de Grão Vasco, que terá vivido entre 1475 e 1542),
Depois de Grão Vasco. Pintura Entre o Mondego e o Douro, do
Renascimento à Contra-Reforma. As obras de Júlio Resende e as
faianças artísticas de Bordallo Pinheiro integrarão a celebração
noutros momentos do ano.
“Programámos um
conjunto de exposições temporárias, de grande valia histórica e
científica e largo alcance mediático, que pretendemos de impacto
além-fronteiras. Teremos uma série de colóquios e conferências
cujas temáticas abordam assuntos ligados à arte, ao património, à
arquitectura e ao urbanismo. Temos um vasto e diversificado plano de
edições e de parcerias com outros agentes culturais”, sintetizou
Agostinho Ribeiro.
Para o ministro da
Cultura, o centenário do Museu, que “finalmente” tem título de
Nacional, é a oportunidade de homenagear ao mesmo tempo “um dos
maiores pintores portugueses de sempre” e uma “grande figura de
Viseu e da República”, referindo-se a Almeida Moreira, fundador do
Museu Grão Vasco. “Estamos a prestar homenagem ao homem que em
1916 pôs este de pé este Museu, criado na mesma altura que outros
importantes museus nacionais, nomeadamente o da Arqueologia”,
disse.
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