Alemanha
endurece regras para concessão de asilo
PÚBLICO 28/01/2016
- 21:59
Parceiros
da coligação ultrapassam divisões e aprovam restrições à
instalação de refugiados no país.
Os partidos que
compõem a coligação de Governo na Alemanha fecharam um compromisso
para apertar as regras para a concessão de asilo, uma medida
destinada a travar o fluxo de refugiados que procura instalar-se no
país.
Entre as novas
restrições previstas para os candidatos a asilo político está a
redução do valor do apoio financeiro concedido pelo Estado, ou o
cumprimento de um período mínimo de dois anos antes da apresentação
de pedidos de reunião familiar. Os partidos também apertaram os
prazos para a deportação dos requerentes que vejam os seus
processos indeferidos pelas autoridades germânicas.
O acordo para o
endurecimento das regras relativas ao asilo foi anunciado pelo
ministro da Economia, Sigmar Gabriel, um dos governantes indicados
pelo Partido Social Democrata (SPD), o parceiro de centro-esquerda da
coligação. As questões de imigração, refugiados e fronteiras têm
aberto divisões dentro da coligação, e mesmo dentro do partido
democrata-cristão da chanceler Angela Merkel, cuja abertura ao
acolhimento das populações em fuga da guerra na Síria foi
duramente criticada pelos conservadores da Bavária (CSU, o partido
irmão da CDU) – e resultou numa queda a pique da sua popularidade
nas sondagens.
Com as novas
medidas, o Governo pretende dar uma mensagem de controlo da situação
antes da realização de eleições em três estados, no próximo mês
de Março. Esta é já a segunda vez que o executivo altera a
legislação relativa à imigração, com o objectivo de dissuadir os
milhares de refugiados e migrantes que continuam a chegar à Europa e
tentam alcançar a Alemanha. No ano passado, mais de um milhão de
refugiados entrou no país: desde o início do ano, a anterior média
de 2000 entradas por dia, através da fronteira com a Áustria,
diminuiu para cerca de 700.
A chanceler vai
reunir-se com os líderes regionais dos 16 estados alemães, que
exigiram um aumento das transferências federais para reforçar os
orçamentos do ensino, da saúde ou da segurança, face à pressão
representada pelo acolhimento dos refugiados. Sem mais dinheiro, os
estados recusam-se a aceitar receber mais candidatos a asilo.
Entretanto, a
Alemanha prepara-se para declarar Marrocos, a Tunísia e a Argélia
como países seguros, de forma a tornar os repatriamentos de
migrantes provenientes desses países mais expedito.
Nos últimos dias,
vários países europeus adoptaram medidas no sentido de dificultar a
instalação de refugiados nos seus territórios – além da
Alemanha, também a Suécia e a Finlândia discutiram medidas para
limitar o número de refugiados. As mais polémicas foram aprovadas
na Dinamarca, onde o Estado vai poder confiscar bens aos refugiados
que entrem no país.
A mesma discussão
está a ser feita a nível europeu, com os mesmos países a
defenderem uma reintrodução temporária dos controlos de fronteira
para travar o fluxo de pessoas do Mediterrâneo para o Centro e o
Norte da Europa.
Esta quinta-feira,
na Holanda (país que ocupa a presidência da União Europeia), o
líder da bancada trabalhista no Parlamento, Diederik Samson, sugeriu
que todas as embarcações que tentassem atracar na Grécia com
migrantes a bordo fossem impedidas de o fazer e obrigadas a regressar
à Turquia. Segundo as estimativas da agência para os refugiados das
Nações Unidas, desde o início do ano já desembarcaram na Grécia
cerca de 50 mil pessoas, e 235 pessoas morreram na travessia.
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