Solmar
não vai fechar, dizem os proprietários
O
receio de que mais um símbolo da Baixa estivesse condenado
espalhou-se. Donos afirmam que são só férias e pequenas obras
Os
próximos meses dirão se este fecho a ajudará a renascer, ou se
antecipará o que muitos receiam: que também ela seja devorada pelos
apetites e modas que estão a transformar a Baixa num sítio que
apenas faz pensar em Lisboa.
José António
Cerejo / 30-1-2016 / PÚBLICO
O longo rol de
velhas casas comerciais que estão a desaparecer da cidade, fazendo
muitos lisboetas sentir-se estrangeiros na sua terra, não foi esta
semana aumentado com mais um nome de respeito. A Solmar, nas Portas
de Santo Antão, não vai desaparecer, ao contrário dos presságios
de mau agoiro que se propagaram nos últimos dias nas redes sociais.
Essa é, pelo menos, a garantia do director do Garden Hotel, um
estabelecimento detido por um dos proprietários da cervejaria, ali a
dois passos, na Rua do Jardim do Regedor.
Luis Marques, em
nome do gerente da Solmar, António Pedro Paramés, assegurou ontem
ao PÚBLICO que a verdade está no aviso afixado no local: “Encerrado
para férias.” Segundo a mesma fonte, a cervejaria estará fechada
durante um mês e nesse período serão feitas obras de conservação.
“Vai reabrir exactamente como está, mas com melhores condições
para servir devidamente os clientes”.
O PÚBLICO não
conseguiu chegar à fala com António Paramés, um dos herdeiros dos
dois irmãos de origem galega que em 1956 fundaram a casa, no piso
térreo da sede do Ateneu Comercial de Lisboa. A família Paramés
acumulou durante o século passado um importante património na
Baixa, com restaurantes, hotéis e imóveis, e ainda hoje controla
numerosas empresas em diferentes sectores.
A cervejaria, agora
decadente, tornou-se um dos ex-líbris da cidade, sobretudo pela sua
arquitectura e decoração. Os próximos meses dirão se este fecho a
ajudará a renascer, ou se antecipará o que muitos receiam: que
também ela seja devorada pelos apetites e modas que estão a
transformar a Baixa num sítio que apenas faz pensar em Lisboa.
Os temores de que
este cenário se confirme são reforçados pela situação do Ateneu,
uma colectividade com 135 anos, insolvente desde 2012. Embora o
rés-do-chão pertença aos donos da cervejaria, o facto (não
confirmado pelo PÚBLICO) de estes possuírem terrenos nas traseiras
faz com que alguns sorriam quando ouvem falar nas férias da Solmar.
É com preocupação
e tristeza que damos conta do encerramento de um dos restaurantes
mais bonitos de Lisboa, a Cervejaria SOLMAR. Urge chamar à atenção
para a necessidade de preservação deste magnífico local.
Expressando desejos de que reabra, bem conservada e com nova
dinâmica, fundamental à Rua das Portas de Santo Antão. — at
Solmar.
Este grande exemplo
de um Projecto Total de Arquitectura de Interiores ou
"Gesamtkunstwerk", teve agora o reconhecimento e
consagração definitiva da sua importância Patrimonial, ao ser
publicado na Mundialmente famosa e respeitada "World of
Interiors".
Agora que se fala
novamente da classificação deste tipo de Património Único e
Insubstituível, tema pelo qual me bato há muitos anos ... aqui
temos um caso a ser proposto já e de imediato ... não esqueçendo
que a Cervejaria/Restaurante e a Pastelaria são um TODO indivísivel
!!
António Sérgio
Rosa de Carvalho
60 anos de Solmar
“Ocupando o lugar
do "Club Arcadia" - que por sua vez tinha ocupado o lugar
do "Palace Stand" importador da "Chevrolet" - os
irmãos galegos António e Manuel Paramés encomendaram, em 1954, o
projecto da "Solmar" aos arquitectos Bevilaqua, Botelho e
Curado do gabinete do Prof. Jorge Pinto.
O mobiliário foi
fornecido pelo "Móveis Olaio" e desenhado por José
Espinho.”
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