Santa
Apolónia mantém estação de comboios mas pode vir a ter hotel
LUSA e PÚBLICO
27/01/2016 - 12:05
António
Ramalho dá o exemplo da estação do Rossio como caso bem-sucedido
O presidente da
Infraestruturas de Portugal (IP), António Ramalho, afirmou nesta
quarta-feira que a estação de Santa Apolónia, em Lisboa, manterá
o terminal ferroviário, mas com aproveitamento comercial, admitindo
mesmo a possibilidade de vir a ter um hotel.
“Gostaríamos de
ter a estação de Santa Apolónia valorizada, com terminal
ferroviário, mais aproveitamento comercial, porque do outro lado
estará o Terminal de Cruzeiros”, afirmou António Ramalho, quando
questionado pelo deputado do PCP Bruno Dias sobre os planos para a
estação de comboios de Lisboa.
A pergunta surge
depois de na semana passada os representantes de organizações
sindicais da ex-Refer terem denunciado “o despejo de trabalhadores
de instalações que aos poucos estão a ser objecto de negócios
imobiliários”.
Na comissão de
Economia, Inovação e Obras Públicas, António Ramalho admitiu a
possibilidade de Santa Apolónia vir a ter um hotel, dando o exemplo
bem-sucedido com outros imóveis detidos pela empresa pública, como
a estação do Rossio que gera uma renda anual de um milhão de
euros.
Ainda assim, o
responsável garantiu que os planos para a estação de comboios de
Santa Apolónia mantêm a sua vocação de terminal ferroviário, ao
contrário do que já chegou a ser pensado.
"Estamos a
tentar valorizar as estações", realçou, dando ainda o exemplo
da estação de São Bento, no Porto, "uma das mais bonitas do
mundo", que recebe cerca de 4000 visitantes por ano que não
andam de comboio.
Sem precisar o plano
para a estação de comboios portuense, o responsável adiantou que
"as laterais tinham carros de bombeiros e ferro velho de antigas
composições", considerando que não era "um exemplo a
manter".
Recorde-se que, em
meados do ano passado, o vereador Manuel Salgado, responsável pelo
Urbanismo na Câmara de Lisboa, defendeu o encerramento de Santa
Apolónia argumentando que esta é “uma área com enorme potencial”
para acolher um espaço verde. O autarca referiu ainda que o edifício
da estação de Santa Apolónia está muito desocupado e tem valor
histórico. O PÚBLICO apurou então que a intenção era transformar
grande parte da estação numa unidade hoteleira e afectar ao
comércio os edifícios colaterais. O hotel não seria um hostel como
os das estações do Rossio e do Cais do Sodré, mas uma unidade
hoteleira de algum luxo, articulada com o terminal de cruzeiros de
Santa Apolónia.
Contactada na altura
pelo PÚBLICO, a Infraestruturas de Portugal a empresa não quis
comentar as declarações de Manuel Salgado, tendo-se limitado a
dizer que “está prevista a libertação de 18.000 metros quadrados
de espaços actualmente ocupados por serviços no complexo de Santa
Apolónia que, numa lógica de rentabilização, poderão vir a ser
afectados a actividades comerciais no médio prazo”.
Sobre as sucessivas
mudanças do posto de trabalho dos funcionários da antiga Refer e da
Estradas de Portugal, na sequência da fusão das duas empresas
públicas, António Ramalho desvalorizou a questão, referindo que
apenas 13 pessoas terão de fazer três mudanças e que há
trabalhadores a mudarem-se do Palácio Coimbra para Santa Apolónia,
que distam 100 metros.
Neste âmbito,
acrescentou, que ele próprio teve de se adaptar e mudar de "uma
sala ampla" para um gabinete mais pequeno, na sede da
Infraestruturas de Portugal, junto à praça das portagens, ao lado
da ponte 25 de Abril, em Almada.
Ainda assim, António
Ramalho admitiu que "o clima social não está perfeito",
mas também que "um processo de fusão não é uma situação
simples".
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