Ampliação
de restaurantes na frente ribeirinha de Belém foi embargada
INÊS BOAVENTURA
27/01/2016 - PÚBLICO
Segundo
a Câmara de Lisboa, num dos edifícios e numa caixa de elevador foi
ultrapassada a altura máxima prevista
A
polémica obra de ampliação dos antigos restaurantes BBC e Piazza
di Mare, na frente ribeirinha de Belém, foi embargada pela Câmara
de Lisboa “por incumprimento do que está no projecto”.
O
anúncio foi feito esta quarta-feira pelo vereador do Urbanismo,
Manuel Salgado, que respondia a perguntas feitas pelo PCP sobre o
assunto, durante uma reunião pública do município.
Na
passada semana, o PÚBLICO noticiou as aparentes discrepâncias entre
o projecto aprovado e a obra que está em curso no terreno, dando
conta de que a sua dimensão tem surpreendido quem por lá passa. Na
altura, a autarquia transmitiu que o requerente “foi convidado a
apresentar as alterações introduzidas para serem apreciadas, sob
pena de embargo da obra”.
Esta
quarta-feira, Manuel Salgado afirmou que o Plano Director Municipal
estabelece para o local em causa “uma altura máxima”, que é de
“dez metros”. Segundo explicou, uma vistoria feita pela câmara
permitiu concluir que “um dos edifícios está com 10,4 metros e
noutro a caixa do elevador subiu 1,1 metros” acima do permitido.
Além disso, acrescentou, “foi acrescentada parte de um piso em
cave”.
Face
a isso, anunciou o vereador do Urbanismo, “a obra foi embargada por
incumprimento do que está no projecto”.
Também
suscitada pelo vereador Carlos Moura, do PCP, foi a questão das
árvores existentes junto àqueles dois edifícios. Como o PÚBLICO
noticiou, reportando-se a informações transmitidas pelo assessor de
imprensa do vereador da Estrutura Verde, a autarquia já autorizou o
abate de dez exemplares “com problemas fitossanitários”. De
acordo com a mesma fonte, outras seis árvores serão podadas e
tratadas, ficando onde estão apenas aquelas que “não interferirem
com a obra”.
Carlos
Moura deu conta da sua estranheza com a informação agora tornada
pública de que haveria no local árvores com problemas
fitossanitários, considerando curioso que eles não tivessem sido
identificados aquando da discussão do projecto de arquitectura.
“Repentinamente as árvores passaram a padecer de doença súbita”,
comentou.
Na
resposta, Manuel Salgado disse que também ele desconhecia a situação
das árvores, acrescentando que procurou obter explicações dobre o
assunto junto do director municipal responsável pela área. “Há
efectivamente árvores doentes”, disse o vereador, sem indicar um
número.
Além
disso, o vereador do Urbanismo informou que “três árvores ficaram
danificadas nas raízes durante a montagem do estaleiro”. “Dei
ordem para que fosse imputada uma coima”, garantiu.
Segundo
o autarca, há outras “três ou quatro árvores” que “têm que
ser plantadas noutro local porque colidem com um passadiço de
madeira que foi aprovado”. “Acho estranho”, confessou,
admitindo que não se apercebeu disso quando estudou o projecto que a
câmara aprovou.
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