As habilidades
retóricas e manipulativas de Marcelo eram baseadas no facto de ele
usufruir da liberdade garantida por um púlpito mediático onde as
suas “farpas” eram espectáculo.
Ao mesmo tempo,
Marcelo tinha que digerir a sua frustação de ser um “outsider”
do meio Político Institucionalizado.
Tinha que gerir
vantagens e desvantagens da sua posição privilegiada.
A exposição
mediática era erosiva, e já se sentia o cansaço do público.
A exposição dos
aparelhos políticos era também mais do que erosiva, e Marcelo como
observador e comentador dos mesmos aparelhos, sabia-o melhor do que
ninguém.
Restava assim, como
única alternativa de possibilidade de participação activa na vida
Política, o cargo da Presidência.
Acima de tudo,
porque ele oferecia, através da “gravitas” e distância que
caracterizam o cargo, uma proteção natural às anteriormente
referidas erosões.
É assim, agora, que
Marcelo se quer perfilar. Como “monarca” conciliador “au-dessus
de la mêlée” e factor de estabilidade através da serenidade
emanante do cargo.
Ele vai encontrar
grande prazer nos maquievélicos e sinuosos contorcionismos de
António Costa.
Nascerá assim um
consenso estimulante e secretamente agradável entre dois
habilidosos.
Neste sentido, estão
bem um para o outro.
Mas tudo isto, são
situações a prazo, pontuais e efémeras, se as colocarmos nas
profundas mudanças que se estão a processar na Europa, a uma
velocidade impressionante e preocupante.
Assim, mais
importante que estas eleições é o encontro que toma lugar, hoje,
25 de Janeiro de 2016, em Amsterdào onde os líderes Europeus vào
tentar desesperadamente salvar o que resta de Schengen/ União
Europeia, na avalanche dos acontecimentos provocados pelo colossal e
determinante erro de avaliação de Merkel, na questão dos
refugiados.
Como a antiga Nação
Portuguesa se tranformou num Protectorado dependente de Tudo e de
Todos, estes acontecimentos a nível desta pequena “Região
Atlântica/ Europeia”, que nos vão entretendo, serão muito
brevemente equocionados numa nova realidade determinada pelo
exterior. É na Europa que as realidades, os contextos e os factos
que vão ser determinantes, estão a ser criados e “feitos” a uma
velocidade estonteante.
Portanto, Marcelo
Presidente, usufrua por agora destes momentos palacianos, a Europa
está a mudar e brevemente as janelas de Belém e de São Bento
vào-se irremediávelemente abrir-se para novas realidades e desafios
incontornáveis.
OVOODOCORVO
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