E
… a sangria e a debandada do País continuam …
OVOODOCORVO
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Agência
estatal recruta médicos de família para a Dinamarca
ALEXANDRA CAMPOS
22/01/2016 - PÚBLICO
Numa
altura em que ainda faltam 600 médicos de família em Portugal,
cresce a procura no estrangeiro, sublinha o bastonário da Ordem dos
Médicos. Os salários, explica, são "o dobro ou triplo"
dos que se praticam em Portugal.
A emigração de
médicos já não é novidade, mas agora é uma agência estatal da
Dinamarca que está empenhada em contratar médicos de família em
Portugal, oferecendo um curso intensivo de dinamarquês e
acompanhamento com um “tutor” ao longo de14 meses. O anúncio,
que surge publicado no site da Ordem dos Médicos, arranca com um
texto apelativo, que alude a um “desafio excitante”, a um estilo
de vida com um “elevado grau de independência”, boas escolas,
“excelentes” condições para quem tem filhos, acesso fácil ao
litoral e à praia.
As vagas
localizam-se na península da Jutlândia. A prática médica na
Dinamarca é caracterizada por "altos padrões"
profissionais, condições de trabalho "excelentes" e
pessoal de apoio "muito qualificado", como enfermeiros e
secretários, além de que a média aconselhada de utentes é de 1600
por médico, lê-se no anúncio. O horário de trabalho é das 8h00
às 16h00, de segunda a sexta-feira.
Os candidatos têm
de ser especialistas em Medicina Geral e Familiar, de preferência
com um a dois anos de experiência, além de terem de ser previamente
acreditados pela Danish Health and Medicines Authority. Precisam
também de ter motivação para aprender dinamarquês rapidamente.
O que a agência
oferece é um treino de 14 meses com a orientação de um tutor, um
curso intensivo de dinamarquês durante os primeiros três meses,
que, em caso de aprovação num teste, se prolongará por mais três
meses a tempo parcial. No final, os médicos começarão a trabalhar
a tempo inteiro.
“A Dinamarca é um
paraíso para se viver. Entre emigrar para o interior de Portugal e
emigrar para outro país europeu, onde os salários são o dobro ou o
triplo, os médicos preferem sair”, comenta o bastonário da Ordem
dos Médicos (OM), que nota que o número de utentes dos médicos de
família em Portugal é superior, "já são cerca de 1900",
e os médicosde família estão ainda “sobrecarregados com
programas informáticos”.
Também o salário
é, sublinha, muito superior na Dinamarca. Em Portugal, um recém
especialista ganha "2750 euros" ilíquidos enquanto na
Dinamarca, a crer na tabela publicada em 2015 pela Associação
Europeia de Médicos Hospitalares, o mínimo que um médico pode
receber por mês são cerca de 8 mil euros.
Mas, para José
Manuel Silva, este é apenas mais um exemplo que justifica a
debandada a que se tem vindo a assistir nos últimos anos. A saída
de médicos para ir trabalhar noutros países disparou, calculando o
bastonário, que, desde o início da crise, emigraram já cerca de
“mil” profissionais. Em 2014, de acordo com os dados divulgados
no ano passado pela OM, 387 especialistas terão mostrado intenção
de deixar o país, o que não significa, porém, que todos tenham
emigrado de facto.
O certo é que, no
conjunto dos médicos mais jovens, a motivação para emigrar é
enorme: 65% dos que frequentam o internato da especialidade admitem
trabalhar fora de Portugal depois de concluírem a formação, de
acordo com um estudo efectuado através de inquéritos a 15% dos
internos e que foi divulgado no ano passado.
A crescente procura
de profissionais portugueses acontece num momento em que ainda é
muito elevado o défice de médicos de família em Portugal.
“Faltam-nos cerca de 600 médicos de família”, estima José
Manuel Silva, que avisa, porém, que dentro de pouco tempo a situação
se irá alterar radicalmente: “Há cerca de dois mil médicos a
tirar esta especialidade, enquanto são cerca de 400 os que se
reformam por ano". Pelas suas contas, "um terço daqueles
que estão agora a começar a tirar o curso de Medicina ou vão para
o desemprego ou para a emigração”.
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