“Alternativa”
de Assis é para “o próximo Congresso” do PS
Nuno Sá Lourenço
02/11/2015 - PÚBLICO
João
Proença, Álvaro Beleza, Mota Andrade e Brilhante Dias entre os que
vão participar no encontro anunciado pelo eurodeputado.
O próximo Congresso
socialista – anunciado pelo actual líder para depois das
presidenciais – vai ser de confrontação. Quem o confirma são os
dirigentes socialistas que vão participar no encontro anunciado pelo
eurodeputado Francisco Assis, que é visto como o primeiro passo para
uma candidatura à liderança no PS.
João Proença,
ex-secretário-geral da UGT e ex-membro da direcção de António
José Seguro, confirmou a sua presença no encontro que deverá
realizar-se até ao próximo fim-de-semana e explica o objectivo. “É
fundamental preparar um alternativa para o próximo Congresso”,
disse ao PÚBLICO antes de acrescentar que via o eurodeputado como o
“melhor colocado” para desafiar António Costa.
A intenção do
encontro, explicou Proença, é mostrar “ao eleitorado” que
existe, no seio do PS, quem veja “com grande preocupação” a
opção de negociar um acordo à esquerda e quem esteja disponível –
como frisou Mota Andrade – para fazer uma “reflexão sobre toda a
situação política que temos no país”. O líder distrital de
Bragança confirmou também a sua presença na reunião, admitindo
que a razão que o leva a participar são as “implicações” que
terá o acordo à esquerda. “Cada um tem de assumir as suas
responsabilidades. A actual direcção em relação ao acordo, os
restantes em relação às dúvidas que têm sobre este”,
acrescentou o líder da federação distrital de Bragança.
Ricardo Gonçalves,
que foi um dos mais próximos apoiantes da anterior direcção,
classificou o encontro como uma “evolução lógica” das tomadas
de posição de Francisco Assis. O ex-deputado frisou que a intenção
“não é fazer um comício”, mas antes “manifestar o desacordo”
em relação “ao rumo que se está a tomar no PS” e começar a
“espalhar o movimento” pelo país. Gonçalves acrescenta que nas
próximas semanas a corrente deverá trabalhar para angariar apoios
“em todos os distrito” depois da manifestação de “pessoas
representativas” em relação à opção de António Costa. “E se
não se encontrar uma posição mais consensual [no interior do PS]
até às presidenciais teremos que apresentar uma candidatura ao
partido”, avisa.
Esse consenso não
parece, contudo, estar entre as expectativas dos participantes. Mota
Andrade mostrou-se muito crítico sobre a falta de explicações da
direcção. “Eu pergunto, até ao momento, quem é que já pensou
sobre este assunto”, disse antes de acusar Costa de não ter
promovido um debate interno no PS sobre se o acordo à esquerda era o
caminho a seguir.
João Proença vai
mais longe. Assevera que a possível aliança com o BE e PCP é
apenas “um dos motivos” para a iniciativa. Acusa Costa de nunca
ter pretendido realmente um acordo com a coligação e de ter tido
sempre em mente um acordo à esquerda. Um risco, explicou, por estar
convencido que o BE e PCP “vão provocar divisões significativas
na conduação das políticas governativas” do possível Executivo
liderado pelo PS.
Mas Proença
acrescenta outras razões para o confronto interno. Desde que foi
eleito ,“António Costa cimentou a divisão interna”, avalia o
ex-líder da UGT, lembrando a elaboração de “listas sectárias”
nas candidaturas ao Parlamento.
E assim, um conjunto
de dierigentes e de bases partidárias devrão concentrar-se no
centro do país. A maior parte da liderança de Seguro estará
presente. Além de Proença, deverão comparecer os também membros
do anterior secretariado como Álvaro Beleza e Eurico Brilhante Dias.
Mas não só. Também se pretende a comparência de “pessoas que
conhecem bem a máquina do partido”, reconhece Mota Andrade. Dois
ex-líderes distritais do Algrave e Viseu – Miguel Freitas e José
Junqueiro – também deverão marcar presença.
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