O director do instituto, Marco Parma, de 63 anos |
O líder da Liga do Norte, o partido nacionalista da Lombardia, exigiu a demissão do director da escola, alegando que “cancelar as tradições é um favor ao terrorismo”. |
Director
de escola italiana cancela festividades de Natal por respeito a
outras religiões
PÚBLICO 30/11/2015
- PÚBLICO
Responsável
recusa ferir susceptibilidades entre famílias de alunos que não
sejam cristãs e que impeçam crianças de participar no espectáculo.
O director do
Instituto Garofani de Rozzano, na província italiana de Milão,
decidiu cancelar as festividades de Natal em nome do respeito das
várias culturas e credos dos alunos do estabelecimento de ensino. A
decisão provocou a ira dos pais e uma reacção do primeiro-ministro
de Itália, que considerou que o responsável está a cometer um
“erro enorme”.
Na escola, que tem
cerca de mil alunos, entre turmas da primária até ao ensino
secundário, perto de 20% de estudantes são de fés não cristãs,
sendo que a maioria pertence a famílias que seguem o islamismo.
O director do
instituto, Marco Parma, de 63 anos, decidiu que este ano o habitual
concerto de Natal das crianças do primeiro ciclo seria adiado para
21 de Janeiro e passaria a ser um concerto de Inverno, sem temas com
conteúdos religiosos. O responsável rejeitou a proposta de duas
mães de alunos que se ofereceram para ensinar canções de Natal aos
mais pequenos durante os intervalos. No entanto, considerou que as
festas de Natal que cada sala costuma celebrar devem ser realizadas.
A decisão do
responsável foi recebida com críticas e manifestações pela
população de Rozzano, bem como no resto de Itália e mesmo do
Governo. Marco Parma, citado pelos media italianos, argumenta que
este tipo de iniciativas, “num ambiente multiétnico, provoca
problemas”, dando como exemplo a experiência anterior. “No ano
passado tivemos o concerto de Natal e alguns pais insistiram que
houvesse canções de Natal. As crianças muçulmanas não cantaram,
ficaram apenas paradas, absolutamente rígidas. Não é simpático
ver uma criança sem cantar e a ser chamada pelos pais para sair do
palco”, observou.
Parma afirmou que
acredita que o “respeito pelas sensibilidades daqueles que pensam
de forma diferente, têm culturas e religiões diferentes, é um
passo em frente para a integração”.
O director da escola
acabou por apresentar a sua demissão, sublinhando que a sua decisão
contou com o apoio de professores, que discutiram a questão e
consideraram que esta seria a melhor forma de lidar com as diferenças
religiosas.
Marco Parma vai ser
ouvido esta segunda-feira no gabinete regional de educação de
Lombardia, para explicar as razões que o levaram a tomar a sua
decisão. Deverá aí apresentar oficialmente a sua demissão.
O primeiro-ministro
italiano, Matteo Renzi, afirmou, em declarações ao jornal Corriere
della Sera, que o “Natal é muito mais importante que um director a
ser provocador”. “Se ele pensa que está a promover a integração
e a coexistência desta forma, parece-me que ele cometeu um erro
enorme”, defendeu o chefe de Governo. “Os italianos, tanto laicos
como cristão, nunca irão desistir do Natal”, rematou.
O líder da Liga do
Norte, o partido nacionalista da Lombardia, exigiu a demissão do
director da escola, alegando que “cancelar as tradições é um
favor ao terrorismo”.
Este caso acontece
dias depois de vários infantários na Toscânia terem decidido não
montar a tradicional cena da natividade por recearem ofender as
famílias não cristãs.
Christmas
is cancelled: Italians outraged over school decision to ban
festivities
PM
Matteo Renzi has accused headmaster Marco Parma of being
‘provocative’ for rebranding his school’s Christmas concert and
banning religious songs
Italian prime
minister Matteo Renzi has criticised a headmaster who banned
Christmas concerts and carols in his school near Milan in the name of
multiculturalism.
“Christmas is much
more important than a headmaster being provocative,” Renzi told
Sunday’s edition of Corriere della Sera.
“If he thinks he
is promoting integration and co-existence in this way, he appears to
me to have made a very big mistake.”
Marco Parma, 63,
prompted protests from some parents and a media outcry by deciding to
postpone the annual Christmas concert for primary school pupils until
January and rebrand it a “winter concert” which will not feature
any religious songs.
The head of the
Garofani comprehensive school in the small town of Rozzano has also
confirmed saying no to two mothers who wanted to teach Christmas
carols to the children during lunchbreaks.
“In a multi-ethnic
environment, it causes problems,” Parma said, saying his decisions
had been influenced by an unhappy experience last year.
“Last year we had
a Christmas concert and some parents insisted on having carols. The
Muslim children didn’t sing, they just stood there, absolutely
rigid.
“It is not nice
watching a child not singing, or worse, being called down from the
stage by their parents.”
The school, which
has primary and middle school sections, has a roll of around 1,000
pupils with an estimated one in five of non-Christian faiths,
primarily Islam.
It is not clear what
will happen next. Matteo Salvini, leader of the right-wing,
anti-immigration Northern League, has called for Parma to be sacked
immediately.
Parma said he is
prepared to resign rather than back down and insisted he has the
backing of the school’s teachers following much discussion of how
to handle the sensitive issue.
The head denied
press reports that he had banned crucifixes from classrooms.
Catholicism has not
been Italy’s state religion since 1984. But a law dating from
Fascist dictator Benito Mussolini’s reign requiring the presence of
crucifixes in schools has never been revoked.
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