O jornalista
luso-germânico António Cascais e o seu cameraman durante as
filmagens em Portugal
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Documentário
da TV alemã arrasa atuação de empresas germânicas em Portugal
Intitulado
Saldos em Portugal, um documentário que vai estrear, em dezembro, no
canal público alemão WDR questiona a história de sucesso do
programa de ajustamento da troika. Esse, diz-se, terá beneficiado
mais as multinacionais alemãs do que a generalidade da população
portuguesa.
VISÃO
FRANCISCO GALOPE
ECONOMIA 13.11.2015
às 17h15
O canal público
alemão de televisão Westdeutscher Rundfunk (WDR) transmitirá, na
noite de 7 de dezembro, um documentário intitulado Saldos em
Portugal. Da autoria do jornalista português António Cascais, que
reside há 45 anos na Alemanha, o filme contraria a ideia difundida
na opinião pública germânica de que a intervenção da troika em
Portugal foi um sucesso – um caso apresentado como a prova final de
que, apesar do desastre grego, afinal, a austeridade prescrita pela
chanceler Angela Merkel e pelo ministro das Finanças Wolfgang
Schäuble funcionou.
Durante a
intervenção da troika, um período em que o vice-primeiro-ministro
português, Paulo Portas, afirmava que o País estava a viver sob
“protetorado”, o Instituto da Economia Alemã (IDW, um think tank
próximo das estruturas patronais germânicas), considerou que um
programa de ajustamento bem sucedido em Portugal, teria uma
«incalculável força simbólica para a estratégia de ajuda da zona
euro».
No, seu
documentário, António Cascais olha para o país onde nasceu pouco
antes de emigrar com os pais para a Alemanha, com os olhos de um
alemão. Não contesta que o resgate de Portugal nesta crise
financeira tenha sido uma história de sucesso. «Contudo, não o foi
para os trabalhadores, reformados, crianças e jovens portugueses, ao
invés das empresas e multinacionais estrangeiras, entre elas as
alemãs», cometa o jornalista.
Este é mais um
trabalho seu envolvendo as relações luso-germânicas. E promete
agitar as águas, tal como o seu filme de 2014 para o qual investigou
os contornos opacos do negócio à volta de dois submarinos vendidos
por um consórcio alemão ao Estado português, para o filme
Corrupção – A Alma do Negócio? E cuja versão portuguesa pode
ser vista no final deste texto.
No seu mais recente
trabalho, Cascais mostra Portugal como o «bom aluno» que fez os
trabalhos de casa – o ir além da troika no seu programa de
privatizações, a redução radical da despesa do Estado, a
flexibilização da legislação laboral, os cortes nas pensões,
salários e na saúde e aumento dos impostos.
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