Oficialmente, o fim da Unanimidade na UE. O princípio do fim do respeito e aceitação da Diversidade ?
Certamente, a confirmação da Desunião ...
Os ressentimentos Norte/ Sul / Oeste / Leste, acentuam-se ... A negação da Diversidade vai acentuar a lenta erosão da ideia original da Unidade .
A UE esfarela-se e fragmenta-se lentamente ...
A História não se
rege pela “Razão” mas pela , muitas vezes irracional e
imprevísivel, soma das “razões” …
OVOODOCORVO
“Muito
depressa vamos verificar que o rei vai nu. Hoje perdeu-se todo o bom
senso”.
Milan Chovanec . Ministro
Checo
UE
aprova plano de distribuição de 120 mil refugiados mas está cada
vez mais dividida
ANA GOMES FERREIRA
22/09/2015 - PÚBLICO
Hungria,
República Checa, Roménia e Eslováquia votaram contra. Finlândia e
a Polónia abstiveram-se.
A União Europeia
aprovou “por larga maioria” o plano para a distribuição de 120
mil refugiados durante dois anos, e de forma voluntária. A decisão
tem que se ratificada pelos chefes de Estado e de Governo, na cimeira
desta quarta-feira em Bruxelas.
A Hungria, a
República Checa, a Roménia e a Eslováquia votaram contra, apesar
de na véspera Bruxelas ter deixado cair a ideia, rejeitada por
vários governos do centro e leste europeus, das quotas obrigatórias,
que atribuía a cada Estado um determinado número de refugiados, de
acordo com a riqueza e tamanho dos países.
Foi o ministro
checo, Milan Chovanec, quem primeiro anunciou, via Twitter, que o seu
país, a Hungria, a Roménia e a Eslováquia tinham votado contra; a
Finlândia e a Polónia abstiveram-se.
Logo depois,
Chovanec deixou na rede social um comentário ao conteúdo e à
praticidade do acordo:
Antes do encontro,
este grupo de países que votou contra insistiu que a decisão fosse
tomada por unanimidade, como são todas as que têm implicações com
a soberania de cada país. Não conseguiram. Logo à entrada, o
ministro espanhol Jorge Fernandez Diaz já tinha avisado que se não
houvesse unanimidade, a decisão seria tomada por maioria.
A distribuição
acordada diz respeito a 66 mil refugiados que já chegaram à Grécia
e a Itália. Os restantes 54 mil — inicialmente atribuídos à
Hungria, mas o Governo de Victor Orbán recusou ser considerado país
de entrada na União Europeia — passam para uma reserva a que os
estados podem recorrer se tiverem um afluxo excepcional de
refugiados.
As 120 mil pessoas a
que o acordo se destina são sobretudo sírias, iraquianas e da
Eritreia, chegadas o mais tardar há um mês à Grécia e a Itália.
Trata-se de uma gota no problema, uma vez que no espaço europeu
entraram centenas de milhares de pessoas e o fluxo não pára. Só na
última semana entraram na Croácia 30 mil pessoas, a maioria sírios.
Por isso, antes
mesmo da votação dos ministros do Interior e da Justiça no
Luxemburgo, a decisão foi considerada insuficiente pela Agência das
Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que propusera que a UE
começasse a trabalhar com um número superior (200 mil) e que
considera que as decisões agora tomadas terão que ser revistas.
“Nesta altura da crise, um programa de distribuição por si só
não é suficiente para estabilizar a situação”, disse a
porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, pedindo o alargamento e a
melhoria de condições dos campos de acolhimento em Itália e na
Grécia.
Há uma lacuna
crucial no acordo agora alcançado — é pontual, não tem inscrita
a possibilidade de voltar a ser aplicado a um novo grupo de
refugiados, em breve. O ministro luxemburguês dos Negócios
Estrangeiros — o país detém a presidência rotativa da UE —
disse que serão os chefes da diplomacia dos 28 quem discutirá
“mecanismos permanentes” de distribuição de refugiados e
pessoas à procura de asilo.
O acordo diz que a
aplicação é obrigatória em todos os países, mas que não haverá
penalizações para os Estados-membros que não o cumprirem. E
segundo o jornal El País, que teve acesso ao documento, estipula que
um máximo de 30% dos refugiados atribuídos a cada país sejam
recebidos no prazo de um ano; ou seja, uma decisão sobre o futuro de
uma alta percentagem destas pessoas não será tomada no curto prazo.
Uma jornalista da
Euronews teve acesso à lista de distribuição e publicou partes
dela no Twitter. Dos que estão em Itália, 4027 irão para a
Alemanha, 3064 para a França, quase três mil para a Holanda, 54
para Malta; 1201 foram atribuídos à Polónia, 982 à Finlândia. Do
grupo que está na Grécia, 13 mil irão para a Alemanha, 9898 para a
França, 2978 para a Holanda; 988 foram atribuídos à Polónia. O
Reino Unido está fora desta distribuição — assim como a
Dinamarca e a Irlanda, devido a excepções nos estatutos que regem a
União —, já tendo anunciado que irá a campos de refugiados de
sírios (em países como a Turquia, a Jordânia ou o Líbano)
preencher a quota se atribui a si próprio.
Resta saber como
irão aplicar estas decisões os países que votaram contra, uma vez
que não existe carácter de obrigatoriedade. Sobre os outros pontos
do plano Juncker — os apoios financeiros ou a criação de mais
campos de acolhimentos — nada foi dito ou transpareceu desta
reunião que arrancou a ferros um acordo. Será matéria para os
chefes de Estado e de Governo discutirem em Bruxelas.
O primeiro país a
anunciar que não vai aplicar o acordo foi a Eslováquia, que insiste
que o documento tenta forçar os países a aceitarem as quotas.
“Enquanto eu for primeiro-ministro, as quotas obrigatórias não
serão aplicadas em território eslovaco”, disse no Parlamento
Robert Fico, citado pela Reuters.
Não se adivinha uma
cimeira pacífica em Bruxelas, à luz do que aconteceu esta
terça-feira no Luxemburgo — um diplomata que falou à Reuters
descreveu a atmosfera como “terrível”, “um mau dia para a
Europa”.
O ambiente tem sido
de batalha entre os Estados-membros. Com mais intensidade do que há
escassos meses, quando a UE enfrentou uma crise derivada da situação
financeira grega, fica claro que cada país defende princípios
próprios e agendas nacionais. As declarações rancorosas têm-se
sucedido e, esta terça-feira, voltaram a ouvir-se. Os
primeiros-ministros da Sérvia e da Croácia, dois países saídos da
fragmentação da Jugoslávia, quase fizeram declarações de guerra.
Ambos os países estão envolvidos num jogo de empurra de dezenas de
milhares de refugiados. Mas foi o encerramento das fronteiras croatas
aos transportes de mercadorias com destino à Sérvia (a pretexto de
bloquear a possível entrada de mais refugiados) que levaram o sérvio
Aleksandar Vucic a dizer que o seu país iria reagir. “A Sérvia
vai reagir com calma, sem violar os regulamentos, mas mostrando que a
Croácia não pode humilhar a Sérvia sem que haja consequências”.
Sem comentários:
Enviar um comentário