quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Maioria dos emigrantes qualificados não pensa voltar a Portugal


Maioria dos emigrantes qualificados não pensa voltar a Portugal
11:20 Madalena Queirós / Económico

Estes jovens identificam-se com o conceito de "emigração para toda vida", ou seja, esta vaga deve ser classificada como um "êxodo".

Os 146 mil emigrantes qualificados portugueses, que partiram para estrangeiro à procura de perspectivas de progressão na carreira, em 2010/11, representaram uma perda de 8,8 mil milhões de euros para o Estado português. As contas são apresentadas no estudo "Exportar mão-de-obra qualificada a custo zero: quanto perde Portugal com a fuga de cérebros", que será debatido esta sexta-feira numa conferência internacional dedicada ao tema, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Porque é que os emigrantes qualificados custam nove mil milhões de euros?

Portugal como país produtor e exportador de mão-de-obra qualificada perde directamente a dois níveis: "o montante que investiu na formação destes jovens" e "o que iria recuperar com esses quadros qualificados, ao longo da sua vida activa (imposto colectado sobre o rendimentos, contribuição para o subsistema da Segurança Social, para além dos benefícios para o desenvolvimento da economia portuguesa). Para calcular o impacto desta fuga de cérebros, os investigadores recorrem ao valor definido pela OCDE para formar um diplomado em Portugal: cerca de 70 mil euros, no caso dos homens e cerca de 69 mil euros, no caso das mulheres. A este montante somaram o valor que se esperaria arrecadar em impostos e contribuições para a Segurança Social, caso estes diplomados ficassem a trabalhar em Portugal. Depois multiplicaram este valor pelo número de emigrantes qualificados, em 2011, o que totaliza 8,8 mil milhões de euros de prejuízo. Um montante que corresponde a dez anos do investimento público feito nas universidades e institutos politécnicos ", afirma Luísa Cerdeira uma das investigadoras do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (UL) que realizou o estudo.

Estes emigrantes qualificados vão regressar a Portugal?

A maioria não pensa regressar. Cerca de 43% diz que vai ficar fora do país mais de dez anos. Estes jovens identificam-se com o conceito de "emigração para toda vida" no actual país de residência ou em outro país europeu", pode ler-se no estudo. Ou seja, esta vaga deve ser classificada como um "êxodo", conceito utilizado para definir o fenómeno de "indivíduos qualificados que são forçados ao exílio para obter um emprego e uma remuneração correspondentes à sua formação". Não devendo este movimento ser classificada como uma "diáspora", definição que se aplica uma situação de emigração que "conduz a benefícios mútuos de intercâmbio intercultural aberto pela circulação de elites cosmopolitas académicas, científicas e culturais".

Quais as consequências desta fuga de cérebros para a economia?


Este fenómeno de fuga de cérebros faz com que "o capital humano não seja rentabilizado na mesma sociedade ou país onde foi gerado, o que leva a uma perda de capital investido na formação desses indivíduos. Um fenómeno que "limita o retorno do investimento educacional realizado pelos países de envio, criando condições favoráveis para a sua utilização pelos países mais desenvolvidos. Numa palavra a fuga de cérebros significa que os países receptores irão beneficiar de capital humano altamente qualificado a custo zero", pode ler-se no estudo. E Portugal é um dos países europeus em que esta "fuga de cérebros" mais se acentuou na última década". Quando comparados os valores dos Censos de 2001 de 2011, verifica-se que o número de emigrante qualificados cresceu cerca de 88% nesse período. "Um fenómeno de descapitalização intelectual e profissional do país que tem sido analisado por este projecto Bradamo. Porque emigram estes diplomados portugueses? Para fugir à "falta de perspectivas profissionais em Portugal" diz o estudo. A emigração surge assim como uma forma de encontrar "oportunidades de desenvolver uma carreira", diz a apresentação do estudo.

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