Hungria autoriza exército a
disparar sobre migrantes: “Estão a invadir-nos, a Europa está em perigo”
Em Budapeste, o Parlamento
aprovou uma nova legislação que reforça o poder e presença das Forças Armadas
na fronteira. A polícia terá ainda autorização para entrar em casas privadas
para procurar pessoas que tenham entrado ilegalmente no país. “As fronteiras da
Europa e do país têm de ser defendidas, mas também defendidas dos políticos
europeus de vistas curtas”
MARTA GONÇALVES
LUSA
O Parlamento
húngaro aprovou esta segunda-feira uma nova legislação que permite que os
militares usem a balas de borracha, gás lacrimogéneo e armas de pressão de ar
contra os migrantes que tentem forçar a entrada na fronteira. O
primeiro-ministro, Viktor Orban, justifica a decisão dizendo que a Europa está
“em perigo”.
“Estão a
invadir-nos. Não estão apenas a bater à porta, estão deitar a porta a baixo
para cima de nós. As nossas fronteiras estão em perigo, a nossa forma de vida é
construída com base no respeito pela lei. A Hungria e toda a Europa estão em
perigo”, disse Viktor Orban, citado pela AFP.
A nova legislação
foi aprovada com dois terços da maioria parlamentar: 151 votos a favor, 12
contra e 27 abstenções. Os tiros não podem, no entanto, ser “mortais” e só
podem ser uma medida de recurso. As autoridades vão ainda poder entrar em
habitações privadas para realizar buscas, exigir a identificação das pessoas e
deter suspeitos de entrarem ilegalmente na Hungria.
"A Europa
não deixou apenas a porta aberta, mas enviou um convite... A Europa é rica, mas
fraca”, referiu Orban.
Segundo a AFP,
estas regras podem ser aplicadas nos locais onde foi declarado o “estado de
crise devido à onda de migração”. Seis cidades nas fronteiras com a Sérvia,
Croácia, Eslovénia e Áustria foram declaradas como estando em “crise”.
“Durante mil
anos, a Hungria têm sido um membro de respeito da grande família europeia. Quando
defendemos a fronteira húngara, estamos a proteger a Europa. A Hungria está a
lutar em duas frentes: as fronteiras da Europa e do país têm de ser defendidas,
mas também defendidas dos políticos europeus de vistas curtas”, acrescentou.
Há uma semana, a
Hungria colocou em vigor uma nova lei anti-imigração que prevê uma pena de mais
de cinco anos para quem atravesse ilegalmente a fronteira. Também para
controlar a entrada de migrantes, o país construiu uma vedação de arame farpado
com 175 quilómetros na fronteira com a Sérvia (o Expresso esteve lá). Entretanto,
já foi anunciado que serão erguidas mais duas vedações: na fronteira com a
Roménia e em alguns pontos na fonteira com a Croácia.
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