Independentistas têm maioria
absoluta no parlamento da Catalunha
CLARA BARATA
27/09/2015 - 19:18 (actualizado às 21:38) / PÚBLICO
Coligação Juntos Pelo pelo Sim
tem 62 deputados, aos quais se juntam dez da Candidatura de Unidade Popular. Os
dois blocos que defendem a declaração de independência não conquistaram, no
entanto, mais de 50% dos votos.
Com mais de 95%
dos votos contados nas eleições autonómicas catalãs, os partidos
pró-independência obtiveram a maioria absoluta em número de assentos no
parlamento regional, mas não em termos de votos.
Assim, a
coligação Juntos Pelo pelo Sim – que uniu a Convergência Democrática da
Catalunha, do até agora presidente da Generalitat, Artur Mas, à Esquerda
Republicana da Catalunha – tem 62 deputados. Pelas convicções independentistas
podem juntar-se-lhe os dez eleitos pela Candidatura de Unidade Popular (CUP) –
outro partido independentista, anti-capitalista e anti-austeridade.
Antes das
eleições, a CUP e a Juntos pelo Sim tinham dito que um resultado deste tipo
lhes permitiria declarar a independência de forma unilateral no prazo de 18
meses, seguindo um plano das autoridades catalãs para escrever a sua própria
Constituição e criar instituições nacionais, como um exército próprio, um banco
central e um sistema judicial independentes dos do Estado espanhol.
“Hoje temos uma
dupla vitória. Ganhou o sim e ganhou a democracia. Todos os que nos diziam que
não havia vontade de votar na Catalunha que tomem nota”, declarou Artur Mas.
No entanto, em
percentagem do número de votos, estas duas formações obtiveram apenas 48,06%
dos 3.041.855 catalães que foram votar (de um universo de 5.333.790 de pessoas
recenseadas). Ficam portanto abaixo dos 50% que seria exigível numas eleições a
que Artur Mas quis dar um carácter plebiscitário – tornando-as uma forma de
referendar a independência, já que o referendo, propriamente dito, foi impedido
por Madrid.
A participação
nestas eleições atingiu um recorde: 77% dos eleitores recenseados foram às
urnas, enquanto nas de 2012, as mais concorridas até agora, tinham sido 68%.
A maioria dos
votos expressos – 51,94% - foi confiada a partidos que não defendem a
declaração unilateral da independência, sob nenhuma forma, ou então que não
defendem o caminho desenhado pela coligação Juntos pelo Sim.
Em segundo lugar
ficou um partido claramente anti-independência, o Cidadãos, com 25 deputados. O
novo partido, que está a tornar-se uma força considerável no panorama político
espanhol, ficou à frente do Partido Socialista da Catalunha, que ficou em
terceiro, com 16 deputados. Já o Partido Popular, que é a força de governo em
Madrid, conseguiu apenas 11 eleitos para o parlamento regional catalão – é o
seu segundo pior resultado histórico, diz o El País.
A coligação
eleitoral de forças de esquerda Catalunha Sim é Possível, que rejeita a ruptura
unilateral defendida pela coligação Juntos pelo Sim e pela CUP e é favorável a
um referendo sobre a independência, também não teve um bom resultado: ficou-se
por dez deputados.
Com este
resultado, não é de todo garantido que Artur Mas continue a ser o presidente da
Catalunha. Ele não encabeça a lista eleitoral da coligação, e a CUP afirmou que
não o apoiaria para continuar a liderar a Generalitat. Na verdade, Mas tem
poucos apoios.
Pelo caminho há
ainda as eleições legislativas espanholas, em Dezembro, que podem afastar o
Governo do Partido Popular de Mariano Rajoy, que se tem oposto radicalmente às
reivindicações de outro estatuto para a Catalunha, agudizando os sentimentos
independentistas. Os protagonistas, no final deste ano, podem assim vir a ser
outros que não Mas e Rajoy. E o caminho aparentemente encetado com estas
eleições pode seguir por outras vias.
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