Câmara
de Lisboa embargou obras polémicas na Quinta dos Inglesinhos em
Telheiras
Altura
do complexo desportivo em construção ultrapassa em 1,5 metros
aquilo que foi aprovado
JOSÉ ANTÓNIO
CEREJO 28/09/2015 -PÚBLICO
A montagem de uma
estrutura metálica que já chegava à altura do quarto andar dos
prédios circundantes, na Quinta dos Inglesinhos, em Telheiras, foi
interrompida na semana passada por ordem da Câmara de Lisboa.
De acordo com a
resposta enviada há dias pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado,
a um morador que reclamara contra as dimensões do pavilhão, o
embargo deve-se ao facto de a estrutura ultrapassar em cerca de 1,5
metros a altura prevista no projecto aprovado.
O pavilhão
embargado integrase num complexo que incluirá dois campos de ténis
e três de padel, além de um espaço de restauração, e cuja
construção começou a ser contestada há vários anos. A polémica
desencadeada em torno do projecto radica no impacto, designadamente
ao nível do estacionamento, que o complexo terá na zona envolvente.
Para o mesmo espaço,
que é propriedade privada, apesar de Manuel Salgado ter chegado a
admitir que ele pertencia ao município, a Junta de Freguesia de
Carnide e os moradores que contestam a obra defenderam repetidamente,
sem sucesso, a criação de um parque de estacionamento subterrâneo,
recusando qualquer obra em altura. A Assembleia Municipal de Lisboa,
em resposta a uma petição subscrita por 335 pessoas, aprovou por
unanimidade, em Maio deste ano, uma recomendação à câmara no
sentido de serem criados mais lugares de estacionamento na periferia
do lote e de ser estudado o reordenamento do estacionamento em toda a
zona de Telheiras.
Tanto os moradores
como o presidente da junta de Carnide, Fábio Sousa (CDU), queixam-se
de que a câmara nunca lhes deu qualquer informação sobre o
projecto que entretanto aprovou e que prevê a construção de 25
lugares de estacionamento no interior do complexo. “Pedimos várias
vezes reuniões conjuntas com o vereador do Urbanismo, a junta e os
moradores, mas nunca fomos recebidos”, diz Fábio de Sousa.
De acordo com o
autarca, a única coisa que se conhece sobre o projecto são os
desenhos que o promotor — a empresa Racket4you — colocou no
Facebook e que mostram um conjunto “sem grande impacto visual e sem
qualquer construção em altura”. Agora, acrescenta, aquilo que as
pessoas lá vêem não tem nada que ver com isso e “é um
mamarracho que vai até à altura do 4.º andar.”
Fábio Sousa garante
que a junta “não se vai conformar com esta solução” e acusa a
câmara de ser “condescendente com os promotores”. Já um dos
sócios da Racket4you, Miguel Pragana, diz que a necessidade de
aumentar a altura do bloco em que serão instalados os campos de
padel é uma consequência da pressão feita pela câmara para que
fossem criados 25 lugares de estacionamento no primeiro piso, por
baixo dos campos. Segundo afirma, essa necessidade surgiu já no
decurso da obra e por isso foi ontem entregue à câmara um projecto
de alterações destinado a legalizar a construção embargada. Na
opinião do empresário, o aumento da altura “não tem qualquer
impacte na zona envolvente”.
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