Preocupados,
moradores e CDS exigem debate sobre obras previstas para o Saldanha e
Picoas
JOÃO PEDRO PINCHA
/29/9/2015, OBSERVADOR
Ninguém
os informou sobre nada do que está previsto para a zona, queixam-se
os moradores, que pedem a suspensão do projeto. Vereador centrista
acusa Fernando Medina de apenas querer deixar obra.
Os moradores das
Avenidas Novas e da zona de Entrecampos, em Lisboa, queixam-se de não
terem sido ouvidos relativamente à intenção da autarquia de fazer
obras profundas no chamado “eixo central da cidade”, nomeadamente
em Picoas, no Saldanha e nas avenidas Fontes Pereira de Melo e da
República. Os habitantes dizem ter sido apanhados de surpresa e
exigem um debate público mais alargado, no que são apoiados pelo
vereador do CDS, João Gonçalves Pereira.
Segundo a proposta
aprovada no início de setembro, a face de Picoas e da Praça Duque
de Saldanha deverá ser radicalmente alterada com a eliminação de
faixas de rodagem e de lugares de estacionamento que serão ocupados
por passeios mais largos, árvores, ciclovias e esplanadas. Também
na Fontes Pereira de Melo e na Av. da República (até ao cruzamento
com a Elias Garcia) estão previstas intervenções que preocupam as
pessoas que ali vivem.
“Desconhecendo os
efeitos, as causas e as consequências desta intenção, e cientes de
todos os riscos e prejuízos desta intervenção, os moradores e
comerciantes das zonas afetadas exigem a suspensão do processo até
que possam ser ouvidos e dar o seu contributo”, lê-se num
comunicado escrito pelas associações de moradores das Avenidas
Novas e da Praça de Entrecampos depois de uma reunião que tiveram
na segunda-feira à noite.
O vereador do CDS na
câmara de Lisboa esteve presente na reunião e diz partilhar da ”
enorme preocupação” das pessoas, especialmente no que diz
respeito à “questão do estacionamento”. João Gonçalves
Pereira afirma que o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, lhe
garantiu que se perderiam 140 lugares de parqueamento com as obras,
mas queixa-se de que as perguntas que dirigiu à câmara sobre o tema
no início do mês ainda não tenham tido resposta.
“Estamos a falar
de uma obra que não afeta só as freguesias de Avenidas Novas e de
Arroios”, salienta o centrista, que lembra que a zona em causa fica
“no coração da cidade de Lisboa, onde milhares de pessoas
circulam, milhares de pessoas trabalham e milhares de pessoas vivem.”
Por isso, defende que não se pode decidir sobre o assunto de ânimo
leve:
“Toda a população
de Lisboa se devia interessar por isto. Isto deveria obrigar a um
amplo debate”, explica João Gonçalves Pereira ao Observador,
sugerindo que “propostas e projetos que vêm de trás” — como a
ideia de Santana Lopes de criar um túnel no Saldanha — sejam
também considerados para a discussão.
Não haver debate
nenhum, afirma, é que não pode ser. “Isto é uma democracia, não
é uma tirania. O dr. Fernando Medina não é o dono da cidade”,
atira, acusando o presidente da câmara de apenas querer cumprir “um
mero calendário eleitoral”, para “chegar a 2017 com obra feita”.
Numa entrevista ao Expresso aquando a discussão destas obras em
reunião de câmara, Medina garantiu que “a generalidade dos
projetos [do programa Uma Praça em Cada Bairro, no qual este se
insere] avança e ficará concluída dentro deste mandato”. O
vereador centrista está, porém, empenhado em impedi-lo. “O CDS
utilizará todos os meios políticos e democráticos que estiverem ao
seu alcance para travar este processo”, afiançou.
O tema deverá ser
um dos pontos quentes da reunião pública da Câmara Municipal de
Lisboa esta quarta-feira. Já as associações de moradores marcaram
uma nova reunião, desta vez com a presença de Manuel Salgado, para
a próxima terça-feira, 6 de outubro.
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