sábado, 17 de novembro de 2018

Desmatamento da Amazônia pode triplicar com Bolsonaro, dizem cientistas / Scientists are terrified that Brazil’s new president will destroy the ‘lungs of the planet’



Desmatamento da Amazônia pode triplicar com Bolsonaro, dizem cientistas

Ações planejadas por candidato podem fazer desmatamento subir 268%, saltando dos atuais 6,9 mil km² para 25,6 mil km² ao ano

Por Giovana Girardi, do Estadão Conteúdo access_time 23 out 2018, 20h39

Amazônia: bioma pode ser afetado por redução do trabalho de fiscalização do Ibama, pela autorização da mineração em terras indígenas e pela saída do Brasil do Acordo de Paris (iStock/Thinkstock)

Cientistas, ambientalistas, ex-ministros do Meio Ambiente, além do atual gestor da pasta, vêm alertando há algumas semanas que, se o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) cumprir o que vem prometendo para a área ambiental, caso seja eleito, o desmatamento da Amazônia poderia disparar.

Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – justamente o órgão que hoje monitora o desmatamento no bioma – acabou de fazer essa conta e estimou que a perda da floresta pode triplicar.

Trabalhando com uma modelagem matemática, eles simularam como pode se dar a movimentação pelo uso da terra na Floresta Amazônica em um cenário em que o Ministério do Meio Ambiente seja subordinado ao Ministério da Agricultura, que o trabalho de fiscalização do Ibama seja reduzido, que a mineração seja autorizada em terras indígenas, e que o Brasil saia do Acordo de Paris – situações que foram sinalizadas nos últimos meses por Bolsonaro e sua equipe.

Essas ações, somadas à demanda internacional por commodities, poderiam fazer o desmatamento subir 268%, saltando dos atuais 6,9 mil km² (valores do ano passado) para 25,6 mil km² por ano já a partir de 2020, segundo os cálculos feitos pela matemática e cientista da computação Aline Soterroni e pelo engenheiro mecânico Fernando Ramos, ambos do Inpe, com pesquisadores da Áustria e dos Estados Unidos.

Esse valor é muito próximo das taxas observadas no início dos anos 2000, quando se chegou a um pico de 27,8 mil km² em 2004. Foi essa situação que motivou a adoção, por parte da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de uma série de ações combinadas para controlar a devastação da floresta. Em 8 anos, a taxa caiu 83%, chegando ao valor mais baixo em 2012 – 4,6 mil km². De lá para cá, o índice vem flutuando e cresceu um pouco, mas ainda abaixo dos 8 mil km².

Especialistas de várias áreas, inclusive do agronegócio mais moderno, consideram que várias fatores contribuíram para a enorme queda até 2012: criação de novas unidades de conservação e de terras indígenas, melhor aplicação da legislação ambiental existente, intervenções nas cadeias de fornecimento e restrições de crédito e multas e embargos de desmatadores ilegais. Além da variação do mercado internacional de commodities.

Alterações nessa complexa estrutura têm efeito imediato. Recentes quedas no orçamento do Ibama, por exemplo, nos anos de 2016 e 2017 levaram a um repique da taxa. A mudança do Código Florestal e movimentações no Congresso para redução de unidades de conservação também.

Para chegar à estimativa do que pode ocorrer num eventual cenário de baixa governança ambiental, os pesquisadores trabalharam com uma modelagem econômica já conceituada do Inpe que simula a competição por terra para atender à crescente demanda global por importantes commodities, como carne bovina e soja.

O modelo, publicado anteriormente em revistas científicas, se mostrou eficaz quando usado em retrospectiva, ou seja, quando se considerou variáveis passadas para validá-lo para as simulações futuras. Ele foi usado pelo governo brasileiro para construir suas metas de conter o desmatamento ilegal até 2030 que foram submetidas junto ao Acordo de Paris.

Agora os pesquisadores avaliaram as movimentações que podem ocorrer no período de 2020 a 2030 e fizeram uma média anual. “É um modelo econômico de equilíbrio para o uso da terra. Ele simula numericamente a competição pelo uso da terra para produção de commodities agrícolas, entre eles soja e carne. É um modelo global, que responde à demandas”, explica Aline.

“No ‘cenário Bolsonaro’, simulamos o não cumprimento do Código Florestal, com a competição pelo uso da terra sendo regida pela demanda. O resultado é que, em uma década, o desmatamento médio para vai 25,6 mil km². Não é algo absurdo de se imaginar, pois já tivemos taxas parecidas em 2004, quando praticamente não havia políticas de combate ao desmatamento”, continua a pesquisadora. “O modelo indica numericamente um retrocesso.”

Especialistas do chamado “agronegócio moderno” têm ponderado que Bolsonaro é um legalista e que deve seguir o que prevê o Código Florestal, permitindo somente o desmatamento legal – no caso da Amazônia, 20% da área da propriedade rural.

Ramos argumenta que só a existência da lei não garante seu cumprimento. “Em 2004 o Código Florestal era até mais restritivo (ele foi alterado em 2012) e isso não evitou que o desmatamento passasse de 27 mil km². Não é questão de existir legislação, mas de ser cumprida. Se o Ministério do Meio Ambiente, o Ibama e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que cuida de unidades de conservação) perdem força, se acabar com os mecanismos de governança, como o governo brasileiro vai cumprir a lei?”

Outra ponderação que vem sendo feito por especialistas do agro é que o mercado externo vai reagir a produtos provenientes de áreas desmatadas, o que pode acabar inibindo uma degradação maior. Para os pesquisadores, porém, até essa reação ocorrer, a floresta já poderá ter sido fortemente afetada.

Scientists are terrified that Brazil’s new president will destroy the ‘lungs of the planet’


Hilary Brueck
30 Oct 2018 1480

On Sunday, Brazil elected the far-right presidential candidate Jair Bolsonaro.
Scientists across the globe are worried about Bolsonaro’s plans.
Bolsonaro has indicated he wants to plow through Brazil’s Amazon, the Earth’s biggest and most diverse tropical rainforest, which helps cool the planet.
Jair Bolsonaro, Brazil’s far-right presidential candidate, swept the polls on Sunday to win the election.

“Brazilians are exhausted by corruption, by rising violence, by an economy that just hasn’t improved,” and Bolsonaro has made a lot of promises to fix those things, according to Peter Prengaman, The Associated Press’ Brazil news director.

Bolsonaro, who has been called the “Trump of the Tropics” and has a history of making anti-gay, misogynistic, violent, and racist comments, is also taking aim at the country’s environmental policies. And scientists across the globe are worried.

As Brazil’s president, Bolsonaro will control nearly two-thirds of the Amazon, the largest tropical rainforest on Earth. He has argued that too many environmentally protected areas are hampering the country’s development.

Bolsonaro has said he’s thinking about opening up a highway through the Amazon and barring environmental nongovernmental organizations like Greenpeace and the World Wildlife Fund from the country, The Guardian reported earlier this month.

Bolsonaro plans to cut down more of the world’s largest tropical rainforest, and critics fear he’ll ‘institutionalize genocide’ in the Amazon
Bolsonaro recently promised reporters that Brazil would stay in the Paris agreement, the landmark global climate deal he has been critical of in the past. But it’s unclear how he’d uphold Brazil’s end of that deal while simultaneously cutting down large swaths of the Amazon, which helps keep the world cool.

Bolsonaro has also indicated he plans to eliminate Brazil’s Ministry of the Environment, Science magazine reported.

“His reckless plans to industrialize the Amazon in concert with Brazilian and international agribusiness and mining sectors will bring untold destruction to the planet’s largest rainforest and the communities who call it home and spell disaster for the global climate,” Christian Poirier, the program director of Amazon Watch, said in a statement after Bolsonaro’s election.

Poirier isn’t the only one who’s concerned.

“I think we are headed for a very dark period in the history of Brazil,” Paulo Artaxo, a climate change researcher at the University of Sao Paulo in Brazil, told Science. “There is no point sugarcoating it. Bolsonaro is the worst thing that could happen for the environment.”

Genevieve Guenther, who founded EndClimateSilence.org, said on Twitter that Bolsonaro’s election “guarantees that Brazil will do nothing to curb pollution emission and untold acres of the Amazon rainforest will be destroyed,” while the meteorologist Eric Holthaus argued that a forest-privatization scheme that the new president has in mind is essentially “planetary suicide.”

Other scientists, like Jess Phoenix, a volcanologist who ran in a Democratic primary race in Southern California over the summer, agreed.

Some indigenous people who live in the forest said they feared that more loggers and miners could head toward their homes under Bolsonaro.

“We are very scared. I fear for my own life,” Dinaman Tuxa, the national coordinator of Brazil’s Association of Indigenous Peoples, said in an interview with Brazil de Facto, adding that Bolsonaro would “institutionalize genocide.”

Christopher Dick, a tropical-plant expert at the University of Michigan, said on Twitter that if Bolsonaro “carries through on his rhetoric we can expect tribal genocide, torture of dissidents, and climate altering destruction of Amazon forest.”

“This is a nightmare scenario,” he added. “I hope I am wrong.”

The Amazon is literally breathing life into the planet
Plants in the rainforest suck carbon dioxide from the atmosphere, use the carbon to grow, and release oxygen back into the air. This is why the Amazon, which covers 2.1 million square miles, is often referred to as the “lungs of the planet.”

The forest helps our spinning ball breathe carbon dioxide in and exhale oxygen back out, performing a critical check on human-fueled climate change. Scientists have estimated that the Amazon may house one-sixth of the carbon stored in vegetation around the world.

Environmental experts argue that this carbon-sucking system is one of the best solutions we have for climate change.

“We have to take carbon dioxide basically out of the atmosphere in order to prevent a very dangerous increase in temperature, and major increases in floods, severe storms, and heat waves,” Doug Boucher, a science adviser at the Union of Concerned Scientists, told Grist magazine earlier this month. “The best way we know to take carbon dioxide out of the atmosphere is to preserve and rebuild forests.”

Though the Amazon is the most diverse forest on the planet, scientists say that less than 0.5% of its flowering plant species have been studied for their medicinal potential, according to the WWF. A damning new report the organization released Tuesday said it found that “a fifth of the Amazon has disappeared in just 50 years.”

As Brazil has raced to keep pace with demand for more beef and soybean production, pieces of the Amazon the size of entire countries have been cleared. In one particularly intense tree-cutting period from 1991 to 2000, an area the size of Spain was cut down. That rapid pace of deforestation has slowed in recent years, though the trend of trading trees for livestock and agriculture is expected to continue.

Even though Amazonian soil is not good for farming, scientists estimate that an area the size of Delaware, or more than 1,900 square miles, was bulldozed through last year, and they expect that to rise under Bolsonaro.

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