domingo, 10 de janeiro de 2016

Para quando o “enterro oficial” da Europa Federal ?


Para quando o “enterro oficial” da Europa Federal ?
Enquanto Portugal se dilui amorfamente na discussão do “Futuro” a curtíssimo prazo, como sempre, a História é feita algures. Com uma total inexistência de elites nacionais capazes de digerir e reflectir sobre os acontecimentos internacionais que estão a reformatar uma União Europeia em estado comatoso, ( A Europa Federal, essa, já morreu ) Portugal entrega-se a discussões e debates inúteis sobre candidatos, que não dizem nada a ninguém.
À Alemanha do pós-guerra, só lhe era permitido recuperar através de um desenvolvimento económico. As “ideologias” , numa componente perigosa entre Metafisica, Idealismo, Sentimento Natural de Superioridade e Método, Capacidade Técnica e Produção Industrial, tinham levado a Alemanha, e com ela o resto da Europa, a duas Guerras Mundiais.
O ideal da Europa Unida viria contrabalaçar e neutralizar os acontecimentos do Sec. XX na Europa, e tornar impossível a sua repetição.
Merkel foi formada pelo novo tipo de Idealismo Alemão.
Filha de um Pastor Luterano, que optou idealísticamente por viver na DDR afim de salvar almas dos horrores ideológicos do Estalinismo, Merkel cresceu na DDR e desenvolveu o seu idealismo Europeu junto ao seu Calvinismo Financeiro.
No entanto, um grande papel estava reservado à Alemanha. Liderar a Europa Unida em direcção a uma nova terra prometida. Só a superioridade moral, vitalidade, rigor, método e vontade inabalável da Alemanha poderia alcançar este objectivo supremo.
Enquanto os indolentes povos do Sul da Europa recebiam o “maná” nesta travessia do deserto, eles teriam que ser disciplinados e reformatados em novos métodos disciplinadores, independentemente dos sofrimentos transformadores.
Os povos do Leste teriam que ser libertados das suas obsessões identitárias- nacionalistas e anti cosmopolitas, alimentadas pelo receio da Rússia, e integrados no Universalismo Globalizador dos Mercados.
Embalada e estimulada por estas visões futuras, esquecendo-se que a História é determinada pelo factor “Irracional” da Natureza Humana e suas motivações profundas, diversas e ancestrais, Merkel cometeu um profundo erro de avaliação.
Baseando-se na ideia da Superioridade Moral do Ocidente e da sua infalibilidade, Merkel confrontada com uma situação mista de tragédia e desespero expectante de milhões de refugiados , cometeu um colossal erro de avaliação estratégica e abriu literalmente a “Caixa de Pandora”, criando expectativas e promessas paradisíacas a milhares de seres humanos.
O “ Génio” do ressentimento e sentimento anti Globalização já fortemente latente em estado embriónico, encontrou um canal de expressão numa crise que cresce diáriamente e está a destruir o ideal Europeu e a torná-lo definitivamente impossível numa perspectiva Federal.
A ideia de conseguir a “Unidade” Europeia exclusivamente em nome de uma ideologia Materialista, construida excusivamente num mecanismo Financeiro e Neo-Liberal , Globalizador e Nivelador da perspectiva cultural, recusando as diferenças e o direito à diversidade, acentuando estas tensões latentes e identitárias, através de um desafio gigantesco de integração de mais de um milhão de pessoas, iludidas por irrealistas e altas expectativas, libertou definitivamente o “Génio da Garrafa”.
Estes trágicos equívocos foram resumidos e ilustrados pela reacção de um refugiado que ao ser confrontado pela polícia em Colónia, durante os graves acontecimentos da passagem de ano, disse: “Tem que me tratar bem, fui directamente convidado pela Senhora Merkel”...
A Alemanha está agora entregue a tensões internas políticas e ideológicas impensáveis e inconcebíveis há alguns anos atrás, que vão juntamente com outros desafios ( Brexit, Europa de Leste ) determinar um Futuro na Europa, que tem como única alternativa, a Europa da Unidade em Diversidade, reformatação e reformulação, que mesmo com esta “revisão” e “plano de salvação” , terá grandes dificuldades em ser definida e implementada.
OVOODOCORVO

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