CORONAVÍRUS
FMI admite que
crescimento mundial desça para 3,1% por causa do coronavírus
Se a China
conseguir conter a epidemia, “poderá haver uma pequena queda e uma recuperação
muito rápida” da economia, diz a directora-geral do FMI.
Lusa 16 de
Fevereiro de 2020, 14:29
A directora-geral
do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, admitiu neste
domingo que a previsão de 3,3% para o crescimento da economia mundial possa
descer 0,1 ou 0,2 pontos percentuais devido à propagação do coronavírus.
“Por enquanto, a
nossa previsão é de 3,3% e pode haver uma redução de 0,1 ou 0,2 pontos
percentuais”, disse Kristalina Georgieva durante uma intervenção no Fórum
Global das Mulheres, que decorre no Dubai.
“Este é um caso especial e peço a todos que
não tirem conclusões precipitadas”, acrescentou a responsável, notando que “há
muita incerteza e estes são cenários não são projecções” do FMI.
Para Kristalina
Georgieva, ainda é “muito cedo” para se conseguir estimar com alguma precisão o
impacto da propagação do coronavírus Covid-19, mas deverá ter consequências
mais profundas nos sectores do turismo e do transporte.
“Não conhecemos a
natureza exacta deste vírus, não sabemos a que velocidade a China será capaz de
contê-lo e se ele se espalhará mais pelo mundo, o que sabemos é que afectará as
cadeias de valor globais”, acrescentou a directora-geral do FMI.
Na quarta-feira,
Georgieva já tinha dito à estação televisiva CNBC que o cenário mais provável
passava por uma forte queda da actividade económica na China, seguida de uma
rápida recuperação, tal como aconteceu durante a crise do SARS (vírus da
síndrome respiratória aguda grave, responsável pela doença conhecida como gripe
das aves), que matou quase 300 pessoas em 2002 e 2003.
Se a China
conseguir conter a epidemia, “poderá haver uma pequena queda e uma recuperação
muito rápida”, reiterou neste domingo, lembrando que o peso da China na
economia mundial aumentou, desde então, “de 8% para 19% hoje”.
Quanto ao
crescimento do país, já estava a abrandar naturalmente, disse Georgieva,
sublinhando, no entanto, que “o abrandamento das tensões comerciais” entre
Washington e Pequim, com a assinatura em Janeiro de um acordo comercial
preliminar, tinha permitido ao FMI prever uma melhoria na sua projecção de
crescimento para este ano.
O FMI tinha
revelado as suas mais recentes previsões para a economia mundial em 20 de
Janeiro, esperando uma recuperação de 3,3%, acima dos 2,9% registados em 2019,
devido, em particular, a uma pausa na guerra comercial entre os Estados Unidos
e a China, mas o relatório ressalvava que a recuperação era ainda frágil e que
a incerteza poderia abrandar a recuperação.
O Fórum Global da
Mulher decorre neste domingo no Dubai com a participação de muitas
personalidades, incluindo Ivanka Trump, filha e conselheira do Presidente dos
Estados Unidos da América, Donald Trump, e a ex-primeira-ministra britânica
Theresa May.
O número de
mortes na China causadas pelo coronavírus subiu para 1.665, depois de a
Comissão Nacional de Saúde daquele país ter anunciado hoje mais 142 casos
fatais nas últimas 24 horas.
Já o número de
infectados na China continental (que exclui Macau e Hong Kong) é agora de
68.500, verificando-se um aumento de 2.009 casos nas últimas 24 horas.
Com estes
números, o total de mortes a nível mundial é de 1.669. Além dos 1.665 mortos na
China continental, há a registar um morto na região especial administrativa
chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão e um em França.
As autoridades
chinesas isolaram várias cidades da província de Hubei, no centro do país, para
tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.
Segundo o Centro
Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), há 44 casos confirmados na
União Europeia e no Reino Unido.
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