BE avisa que não
viabilizará alterações à lei para permitir aeroporto no Montijo
Catarina Martins
responde ao Governo dizendo que não conte com o BE para nenhuma alteração
legislativa que sirva para impor um aeroporto contra a vontade dos autarcas da
região. E aponta como alternativa o campo de tiro de Alcochete.
Lusa 23 de
Fevereiro de 2020, 19:27
A líder do Bloco
de Esquerda avisa o Governo para que não conte com o partido para "nenhuma
alteração legislativa” para “impor um aeroporto", alertando estar em curso
um “atentado ao ambiente” com a construção daquela infra-estrutura no Montijo.
Presente em Braga,
para o encerramento da iniciativa Inconformação, Catarina Martins lembrou que
há outras soluções para controlar o aumento de tráfego no aeroporto Humberto
Delgado, em Lisboa, e que a solução “tem de ser em nome de Portugal” e não “à
medida” da empresa que comprou os aeroportos do país, a Vinci.
A coordenadora
nacional do bloco explicou que a solução do Montijo vai contra a lei actual que
- “e bem” - obriga à audição das populações locais, que se mostraram contra a
construção de um aeroporto naquele local, restando as hipóteses de ou não o
fazer ali, ou mudar a lei.
“Agora que o
Governo quer mudar a lei, fica a saber o seguinte: com o BE não conta para
nenhuma alteração legislativa para impor um aeroporto no Montijo contra as
populações e movimentos ambientalistas e contra a segurança das pessoas”,
avisou. “Mas conta sim com o BE para uma solução que já está estudada, que não
tem que ser mais lenta e que pode voltar a ser posta em cima da mesa. Não é
preciso que fique ou tudo no Montijo ou tudo na mesma. Há sempre soluções,
saibamos olhar para elas”, completou, apontado como solução o campo de tiro de
Alcochete.
Segundo Catarina
Martins, “a solução tem [de ser] em nome de Portugal, do interesse publico e em
nome do ambiente”. “Não pode ser à medida da Vinci que comprou os aeroportos ao
preço da chuva, e que quer fazer o máximo de dinheiro à conta do nosso país
para depois, se correr mal, ir para outro lado qualquer”, explanou.
Catarina Martins
deixou ainda um alerta e um pedido para que, no dia 13 de Março, data para a
qual está marcada uma greve climática, haja mobilização: “Estas questões são de
todos. Não são questões do parlamento, de engenheiros que tratam de aviões, são
questões de toda a gente”, afirmou.
A bloquista
alertou para estar em curso em Portugal o que considerou ser “um atentado ao
ambiente e ao que contradiz todos os objectivos para a neutralidade carbónica
no nosso país. E, no dia 13 de Março, quando se fala de emergência climática”,
deve-se proceder à mobilização para a greve climática, “por todas as bandeiras
globais, mas também pelas decisões muito concretas que estão a ser tomadas
agora, no nosso país, e que precisam da voz de todos”.
A coordenadora do
BE lembrou ainda os pareceres de impacto ambiental negativos à construção do
aeroporto no Montijo, mostrando-se preocupada com as questões levantadas “sobre
a biodiversidade, preocupantes sobre algumas espécies, nomeadamente aves,
preocupantes sobre o futuro, porque a zona onde se quer fazer o aeroporto é uma
zona que poderá ficar submersa, e porque não substitui de forma alguma uma
extensão do aeroporto de Lisboa”.
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