sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Coronavirus fears send global markets into freefall | DW News / “Efeito dominó” leva bolsas para a pior semana desde a crise financeira




Investors are on the retreat world-wide as fears of the coronavirus deepen. Supply chains are starting to falter and tourists are staying home. The virus is also sparking the sell-off of pandemic bonds. As the business community struggles to predict the coronavirus' economic fallout, observers warn the virus could be the final blow that throws the world economy into recession. The Dow Jones had its worst one day point drop in history, tumbling almost 4 and a half percent. That sentiment spilled over to Asia with Tokyo's Nikkei shedding 3 point 6 percent today. And Hong Kong's Hang Seng also closed down 2 point 4 percent.

“Efeito dominó” leva bolsas para a pior semana desde a crise financeira

Wall Street e mercados na Europa e Ásia voltam a prolongar sentimento negativo perante receios sobre propagação do novo coronavírus. Lisboa caiu 3,76%.

PÚBLICO 28 de Fevereiro de 2020, 18:01

À medida que cresce o risco de contágio do novo coronavírus sobe também a apreensão nos mercados financeiros, ao ponto de as bolsas mundiais terem vivido — segundo a agência Reuters — a pior semana desde a crise financeira internacional de 2008, com uma perda de valor na ordem dos seis biliões (milhões de milhões) de dólares.

Lisboa, em linha com o sentimento dos investidores nas principais praças europeias, fechou com uma queda de 3,76%, com todas as 18 empresas cotadas em terreno negativo.

Nas restantes praças europeias, as desvalorizações situaram-se entre 3 e 5%. Londres (FTSE 100) derrapou 3,18%, Bruxelas (Bel 20) registou um tombo de 4,15%, Frankfurt encerrou a deslizar 3,86%, Paris perdeu 3,38%, Milão (FTSE Mib) fechou com uma perda de 3,58%, Amesterdão baixou 3,68% e Madrid apresentou uma descida de 2,92%.

O Stoxx 600, que agrega as 600 maiores empresas cotadas na Europa, fechou a cair 4,09%. Foi o culminar de uma semana negativa e de forte volatilidade nos mercados que na quinta-feira já tinha sido mais expressiva. “A forte correcção em Wall Street [de quinta-feira] desencadeou um efeito dominó que atingiu as bolsas asiáticas e estendeu-se posteriormente à Europa”, sintetiza o BPI numa análise de bolsas. Na Ásia, Xangai, Hong Kong, Tóquio e Seul fecharam com perdas na ordem dos 2% e 3%.

Entretanto, o risco de contágio foi declarado como sendo “muito alto” a um nível mundial e Wall Street abriu prolongando a trajectória negativa da véspera, com o Nasdaq a recuar mais de 1% e o S&P 500 e o Dow Jones a deslizarem mais de 2%, depois de este último ter chegado a sofrer mesmo uma das piores perdas diárias de valor de sempre durante uma sessão de quinta-feira em que fechou a cair 4,4%. O mais abrangente S&P acelerou as perdas acumuladas nas últimas sete sessões, a um ritmo que já supera as acentuadas desvalorizações registadas em Outubro de 1987 e que ficaram conhecidas como Black Monday.

Perante o cenário de incerteza, o ministro das Finanças, Mário Centeno, falou como presidente do Eurogrupo à Reuters referindo-se ao novo coronavírus como um “choque temporário”, mas com um “risco negativo” para as economias que exige dos governos uma acção coordenada. “A economia da Europa é resiliente e, nos últimos dois anos, mostrou-se bastante resiliente a uma sucessão de riscos e incertezas”, referiu Centeno à Reuters, referindo que é preciso que os Estados-membros estejam muito atentos e “prontos para agir, se necessário”.

A fuga dos investidores para activos de refúgio, como a dívida pública norte-americana ou as matérias-primas, é um reflexo dos alertas que vão sendo feitos acerca de um cenário de recessão global desencadeada pela infecção que começou na China. “Apesar de os mercados estarem a descontar o impacto económico da doença atingir os Estados Unidos, a verdade é que ainda não vimos a emergência” de um número elevado de casos positivos em território norte-americano, disse à Bloomberg um analista do mercado cambial, alertando, contudo, que “assim que isso acontecer iremos assistir a uma aceleração das perdas”.

Ainda antes de a Organização Mundial de Saúde elevar o risco do novo coronavírus para “muito alto a nível global”, a agência de rating Moody’s admitia que, no cenário em que seja declarada uma pandemia, possa haver ma recessão nos Estados Unidos e a nível global no primeiro semestre do ano, pelas restrições à actividade económica provocadas pelas tentativas de travar o coronavírus. O Bank of America previu já que a economia global está a caminhar para o seu ano mais fraco desde a crise financeira de 2008.

“É razoável assumir que iremos ter um abrandamento bastante significativo no crescimento económico, pelo menos no primeiro semestre do ano, em termos globais”, explicou à Reuters uma analista da Charles Schwab, acrescentando que “isto acontece numa altura em que o crescimento era já relativamente frágil em todo o mundo e as valorizações [das bolsas] estavam manifestamente altas”, depois de um período longo de subidas para máximos, nalguns casos, históricos.

Os sectores do turismo e da aviação foram os mais afectados nas bolsas europeias, com as notícias sobre cancelamentos de voos e de reservas turísticas a justificarem este comportamento, mas o sentimento negativo é dominante em praticamente todos os títulos.

O preço do barril de petróleo Brent (que serve de referência para Portugal) voltou a recuar. Baixou 3,71%, para 49,81 dólares – negociando abaixo dos 50 dólares pela primeira vez desde Dezembro de 2018 —, a reflectir os receios de que um abrandamento económico trave o consumo de bens petrolíferos. Com uma queda mais acentuada está o petróleo do Texas (West Texas Intermediate) a perder mais de 4%, para os 44,9 dólares. Segundo a Reuters, o preço do petróleo terá registado a maior queda semanal em quatro anos, enquanto as obrigações do tesouro norte-americanas bateram mínimos recorde, reflectindo a procura dos investidores por este activo de refúgio num cenário de abrandamento económico.

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