CORONAVÍRUS
Coronavírus:
Governo italiano encerra escolas, cancela futebol e suspende Carnaval de Veneza
Número de mortos
por coronavírus no mundo está perto de ascender a 2500. Itália em estado de
alerta. Festejos do Carnaval de Veneza e outros espectáculos públicos foram
suspensos.
Miguel Dantas 23
de Fevereiro de 2020, 9:18 actualizada às 13:01
Uma dúzia de
cidades italianas estão sob quarentena, depois de duas pessoas terem morrido em
sequência do coronavírus. O Governo italiano tomou a decisão de encerrar estas
localidades, após a mais recente subida de casos de infecção que já é superior
a 100. Na manhã deste domingo, o governador da região da Lombardia, Attilio
Fontana, confirmou à Reuters que só nesta região do Norte de Itália o número de
casos confirmados disparou para 89.
A BBC escreve que
nas zonas mais críticas as entradas e saídas não são permitidas. Apenas pessoas
com licenças especiais podem circular entre as áreas do Norte de Itália. As
autoridades, polícia e forças armadas, têm ordens para garantir que este
isolamento, semelhante ao adoptado pelo Governo chinês na província de Hubei, é
cumprido. Todos os eventos públicos foram cancelados: entre eles está o
tradicional Carnaval de Veneza, uma celebração que junta todos os anos milhares
de pessoas. Devido aos casos confirmados na região, o governador de Veneto,
Luca Zaia, anunciou a decisão de suspender as celebrações. “A partir de hoje
[domingo], o Carnaval de Veneza e todos os eventos desportivos serão suspensos
até ao dia 1 de Março”, afirmou, citado pelo diário La Repubblica.
De acordo com a
agência Lusa, o número de mortos no mundo por coronavírus está perto de atingir
os 2500: na China, país onde o surto teve início, as autoridades actualizaram
para 2442 o número de vítimas mortais. No Irão já morreram seis pessoas
infectadas pelo Covid-19, três no Japão, dois na região chinesa de Hong Kong,
dois na Coreia do Sul, uma nas Filipinas, uma em França, uma em Taiwan e duas
em Itália.
As duas mortes no
Norte de Itália ocorreram em menos de 24 horas: na sexta-feira, um homem de 78 anos
morreu na região de Veneto em sequência de uma complicação respiratória causada
pelo vírus. No sábado, a vítima foi uma mulher de 75 anos na cidade de Codogno,
região da Lombardia. Véneto, Piemonte e Lombardia são as regiões críticas, com
Itália a ser o país mais preocupante da Europa. Já se registaram três mortes em
solo europeu relacionadas com a epidemia: a primeira ocorreu em Paris, quando
um turista chinês não resistiu a uma pneumonia resultante da infecção.
O
primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, mostrou solidariedade com a família
das duas vítimas, revelando que tinha agendado uma reunião de emergência. Mais
de 50 mil pessoas foram aconselhadas a permanecer nas habitações pelas
autoridades.
A maior parte dos
casos regista-se na pequena localidade de Codogno, na Lombardia, com cerca de
15 mil habitantes. Era desta povoação o primeiro doente identificado com o novo
coronavírus em Itália: um homem de 38 anos, que no fim de Janeiro tinha
jantado, juntamente com a sua mulher grávida, com um amigo que tinha regressado
da China, relatou o jornal Corriere della Sera. No entanto, análises feitas ao
homem vindo da China não encontraram anticorpos ao vírus, diz o La Repubblica -
pelo que não se confirma a suspeita de que teria sido ele a transmitir a
infecção ao amigo - que continua internado, mas se encontra estável, a
recuperar.
Futebol cancelado
A preocupação
relativamente ao aumento de pessoas infectadas pelo Covid-19 também chegou ao
futebol: as partidas agendadas para o Norte de Itália foram canceladas. Inter
de Milão – Sampdoria, Atalanta – Sassuolo e Hellas Verona – Cagliari foram os
três encontros cancelados para este domingo a contar para a Serie A, principal
escalão do futebol italiano.
Nos escalões
inferiores (Serie B e Serie C), também as partidas agendadas para esta zona não
se irão realizar.
Nestas regiões,
praticamente todos os eventos públicos foram cancelados. Edifícios do Governo,
escolas, restaurantes, igrejas e empresas foram encerradas nas áreas mais
críticas.
O primeiro caso
de um português infectado com o novo coronavírus foi detectado a bordo do navio
de cruzeiro Diamond Princess, sob quarentena há semanas e atracado na costa
japonesa. O teste positivo foi confirmado este domingo pela autoridades
japonesas e a informação veiculada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros à
agência Lusa: “Foi confirmado pelas autoridades de saúde japonesas que a pessoa
em causa deu teste positivo. A família está informada, assim como o próprio.”
O homem, com 41
anos, faz parte da tripulação do navio há cinco anos onde exerce funções como
canalizador. Adriano Luís Maranhão é natural da Nazaré e conheceu o diagnóstico
às 14h de sábado. O cidadão português está no navio desde dia 13 de Dezembro.
No Diamond Princess há a confirmação de pelo menos 634 pessoas infectadas com o
Covid-19, num universo de 3711 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Duas
dessas pessoas morreram em sequência da infecção. Na manhã deste domingo, as
autoridades japonesas confirmaram mais uma morte de um passageiro que tinha
sido levado para o hospital. São agora três as vítimas mortais do Covid-19 que
viajavam neste barco.
Adriano Maranhão
falou com a TSF e denunciou a falta de condições de segurança oferecidas à
tripulação do navio, lembrando que não foram entregues máscaras aos tripulantes
nos primeiros dias de quarentena. “A máscara só foi obrigatória ao fim de dois
ou três dias de começar a quarentena. Não foi logo. Os chefes proibiram-nos de
usar a máscara, porque só os médicos é que poderiam autorizar a máscara.
Passado uns dias disseram que éramos obrigados a andar com a máscara. Passados
dois dias talvez, foi-nos dito que tínhamos de andar com luvas. O processo aqui
foi muito lento e nem sequer usámos as protecções adequadas”, afirma o
canalizador.
O funcionário no
Diamond Princess relevou que a embaixada já tem conhecimento do caso,
adiantando que irá abandonar o navio o mais rapidamente possível para ser
admitido como paciente no hospital local.
Notícia
actualizada às 13h01: Adicionada informação da suspensão de eventos públicos
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